Bruna Vargas  |  bruna.vargas@zerohora.com.br

Candidatos que prestaram as provas para o vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que teve início neste domingo, pisaram nas salas de aula com um motivo a mais para se preocupar. Este é o último concurso em que a via de ingresso será 100% por meio da maratona de provas.

A partir do próximo concurso, 30% das vagas serão preenchidas por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), processo seletivo desenvolvido pelo Ministério da Educação para que estudantes ingressem nas instituições públicas de Ensino Superior utilizando apenas a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Na saída do primeiro dia de provas no Colégio Júlio de Castilhos, o assunto dividia a opinião dos estudantes. Enquanto alguns elogiaram a iniciativa, que, em tese, deve beneficiar estudantes de escolas públicas, outros se preocupam com o aumento massivo da concorrência com candidatos de outros estados.

Para Henrique Ferreira Bregão, 17 anos, que concorre a uma vaga no curso de jornalismo, o modelo, ao contrário do que se propõe, continuará favorecendo alunos com renda mais alta a ingressar nos cursos concorridos.

— É uma prova elitista, porque as pessoas que virão para cá serão preparadas. Virá gente que tentou USP, Unicamp, gente de estados como São Paulo e Rio de Janeiro, que tem condições de bancar a vida em outro estado — reflete.

Já Gabriela de Sá, estudante do Colégio Província de São Pedro, considerou a medida positiva. Para prestar o vestibular para Publicidade e Propaganda no ano que vem, quando concluir o Ensino Médio, pretende estudar mais para o Enem, a fim de garantir o percentual da prova.

— Acho que é um modelo mais justo, mas vou começar a estudar mais para que o Enem também me ajude na nota. Porque quem tiver um desempenho ruim será prejudicado no final — avalia.

Candidata de Publicidade e Propaganda, Amanda Ahrends de Oliveira Maia, 17 anos, acha que o incremento da concorrência deve complicar a vida dos vestibulandos em 2015.

— A competição é maior, mas, por outro lado, isso vai ajudar quem não tem como fazer cursinho e os alunos de escolas públicas.

Eduardo Corrêa, 20 anos, acredita que a nova configuração dos pesos pode influenciar, inclusive, no tipo de prova que deve ser aplicada pela UFRGS a partir do próximo ano.

— Acho que a prova pode se modificar, porque, hoje, o Enem e o vestibular da UFRGS são modelos muito diferentes. Enquanto um é mais lógico, o outro cobra coisas mais teóricas. Imagino que a banca terá de se adequar — opina.

Em entrevista coletiva concedida no fim da manhã deste domingo, o reitor Carlos Alexandre Netto comentou o tema, destacando que a prova da UFRGS já leva em consideração o desempenho dos candidatos no Enem. Ele acredita, ainda, que a concorrência deverá ser maior entre os alunos do Interior e da Capital que de outros estados.

— Embora tenha mais concorrência, não significa que os candidatos de fora do Rio Grande do Sul virão para o Estado. O movimento maior, acreditamos, será de estudantes do Interior para a Capital — aposta.

Uma comissão deve reunir nos próximos meses para decidir como será definido o peso destes critérios para o ingresso na universidade.

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