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Vestibular  | 24/12/2013 02h41min

Confira dicas de músicas e filmes sobre assuntos que podem cair no vestibular da UFRGS

Aproveite a semana de festas de fim de ano para estudar e relaxar

Então, é Natal. E se, a esta altura, você já está misturando organelas com a Tríplice Aliança ou enxergando relações entre a fórmula de Bhaskara e as conjunções coordenativas, bem, talvez seja melhor dar um tempo e ficar de boa.

Mas, para que este período de festas não se torne uma perda de tempo, o caderno Vestibular consultou professores para preparar uma lista de filmes e músicas que podem ajudar você a entender melhor alguns conteúdos que devem aparecer nas provas do vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

— As canções também lidam com a palavra, ainda que a palavra cantada seja distinta da escrita, da falada ou, ainda, da declamada. No vestibular da UFRGS, a prova de literatura é a que cita diretamente conteúdos conectados com a história da música brasileira: Caetano Veloso, Chico Buarque, Vinicius de Moraes e Tropicália aparecem sempre como possibilidades e demandam um entendimento que, eventualmente, vai além de questões interpretativas. É interessante lembrar que letras de canção de outros compositores também costumam figurar na prova, em geral nas últimas questões e, muitas vezes, trazendo abordagens intertextuais, em que um texto dialoga com outro — explica o professor e músico Vinicius Rodrigues.

Para ver

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Vinicius, de Miguel Faria Jr.

Com as comemorações do centenário do nascimento de Vinicius de Moraes em 2013, é grande a chance de haver uma questão envolvendo sua obra. O documentário lançado em 2005 apresenta os momentos fundamentais da biografia de Vinicius, fazendo um apanhado de sua rica trajetória pessoal e artística.

Com uma mescla de imagens de arquivo e depoimentos de artistas brasileiros, o filme revela o caráter apaixonado, polêmico e turbulento dessa personalidade fundamental tanto para a poesia quanto para a música brasileira. (professor Diego Grando)

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Feliz Natal, de Christian Carion

O filme aborda a I Guerra Mundial e conta a história de tropas que fazem uma trégua durante a noite de véspera de Natal. Os soldados começam a conhecer uns aos outros e, após o dia de Natal, eles não conseguem mais guerrear. Uma grande história, em que os alunos podem ver como era a vida dentro de uma trincheira na I Guerra.

E demonstra também uma visão antibelicista, em que os soldados são retratados como iguais, independentemente da nação que representam, e aparecem como homens que não desejam a guerra. (professor Rafael Bassi)

Uma Noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil

O filme costura depoimentos de personagens que participaram de um dos mais marcantes festivais da canção já realizados no Brasil, trazendo histórias curiosíssimas sobre o evento que contou, na fase final, com grandes marcos como Roda Viva, de Chico Buarque, Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, e Domingo no Parque, de Gilberto Gil — que perderam para Ponteio, de Edu Lobo e Capinam. (professor Vinicius Rodrigues)

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No, de Pablo Larraín

Este filme chileno retrata a campanha para o Plebiscito de 1988, em que os chilenos deveriam escolher entre o regime de Pinochet ou o retorno à democracia. A história mostra como os partidos de esquerda se uniram a um publicitário, com ideias inovadoras de publicidade e propaganda, para criar uma campanha capaz de derrotar o regime ditatorial no país. O aluno conseguirá ter algumas noções de como era a sociedade chilena durante um regime ditatorial — que também ocorreu no Brasil, no mesmo período — e como a população agia em relação a esse governo. (professor Rafael Bassi)

Para ouvir

Músicas

Triste Bahia, de Gregório de Matos Guerra e Caetano Veloso

Integrando o mítico álbum Transa, lançado em 1972, Triste Bahia é uma releitura tropicalista do poema À Cidade da Bahia, do poeta barroco Gregório de Matos Guerra. A versão de Caetano preserva as duas estrofes iniciais do poema, para então entrar numa viagem vertiginosa que reúne elementos e ritmos da tradição afro-brasileira. Desse modo, Caetano, exilado em Londres desde 1969, atualiza o poema escrito no século 17, recontextualizando-o no cenário político e social (além de pessoal) da época. (professor Diego Grando)

Com que Roupa?, de Noel Rosa

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Diz a lenda que Noel Rosa compôs essa música porque sua mãe escondia as roupas do compositor para que ele não saísse pelas madrugadas do Rio de Janeiro. No entanto, considerando o período em que ela foi composta, o ano de 1929, podemos relacioná-la à crise capitalista que surgia no Brasil e no mundo, após a queda da bolsa de Nova York, e à consequente necessidade de o indivíduo "mudar de conduta", começar a trabalhar, deixar de ser malandro, para poder ter "roupa", condições de sobrevivência.

Uma curiosidade: Noel Rosa tinha um problema no queixo chamado braquignatia, causado por uma complicação no parto. Mas se dizia, na época, que a causa verdadeira teriam sido os sustos que sua mãe tomou, na véspera do nascimento de Noel, com os disparos de canhões feitos pelos marinheiros da Revolta da Chibata. (professor Ramiro Bicca)

O Mestre-sala dos Mares, de João Bosco e Aldir Blanc

Esse samba de 1975 faz alusão à Revolta da Chibata, ocorrida no Rio de Janeiro, em 1910. No início do século 20, os marinheiros brasileiros sofriam com os baixos salários e a dura rotina de trabalho que eram obrigados a cumprir. Além disso, como forma de eventuais punições, eram submetidos a castigos físicos: chibatadas.

Sob o comando do marinheiro João Cândido (o "navegante negro" que aparece na letra da canção), os marinheiros dos couraçados Minas Gerais e São Paulo tomaram o controle das embarcações e enviaram um telegrama ao presidente Hermes da Fonseca, exigindo a abolição dos castigos, o aumento dos salários e uma folga semanal concedida a todos os marinheiros.

Após a derrota dos revoltosos, o Almirante Negro, como foi apelidado João Cândido, foi julgado inocente, mas expulso da Marinha. Vale lembrar os últimos versos do samba: "Salve o navegante negro/ Que tem por monumento/ As pedras pisadas do cais/ Mas faz muito tempo". (professor Ramiro Bicca)

Álbuns

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Tropicália ou Panis et Circenses

Fundindo rock, marchinha, orquestrações e o imaginário brasileiro, o álbum Tropicália traz, em seu conceito artístico, as principais ideias que nortearam o movimento capitaneado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, deflagrado com este LP lançado em 1968.

O movimento foi efêmero, mas seus efeitos são sentidos até hoje, e a obra de seus artistas perdura de forma significativa. O olhar de observador irônico da cidade em Parque Industrial, de Tom Zé, a canção-manifesto Geleia Geral, de Gilberto Gil e o poema concretista em forma de música Bat Macumba são destaques. (professor Vinicius Rodrigues)

Construção, de Chico Buarque

Lançado em 1971, o álbum marca um momento de virada na obra de Chico. Disposto a tornar seu discurso mais direto diante de censuras e repressões da ditadura militar, o compositor também resolveu experimentar novas sonoridades, o que resultou na inabalável obra-prima Construção, que contou com arranjo de Rogério Duprat, maestro que trabalhara com os tropicalistas. (professor Vinicius Rodrigues)

Chega de Saudade, de João Gilberto, e Os Afro-sambas, de Vinicius de Moraes e Baden Powell

É provável que tudo o que seja essencial saber sobre bossa nova esteja em Chega de Saudade: o estilo das letras de Vinicius, os arranjos e as harmonias de Tom Jobim, a fusão samba/jazz e, principalmente, a batida de violão de João Gilberto. Responsável por uma revolução musical que levou praticamente toda a geração seguinte de grandes compositores a buscarem a música, o disco é um marco histórico que se destaca, principalmente, pela presença das canções que abrem os lados A e B, respectivamente: a canção-título (de Vinicius e Tom) e Desafinado (de Tom Jobim e Newton Mendonça), dois "manifestos" daquilo que representaria esse novo estilo.

Os Afro-sambas segue a "linha evolutiva" da bossa nova e irrompe numa sonoridade capaz de deixar o ouvinte embasbacado. Foi, talvez, o trabalho mais original da carreira musical do "poetinha" que, em 2013, completaria o centenário de nascimento. (professor Vinicius Rodrigues)

Quem indica

> Ramiro Bicca, professor de história do Colégio Anchieta, do Grupo Unificado e da Escola Estadual Padre Rambo e músico

> Diego Grando, professor de literatura do Grupo Unificado, poeta e músico

> Vinicius Rodrigues, professor de literatura dos colégios Santa Cecília e São Francisco-Santa Família, de Porto Alegre, e Cristo Redentor, de Canoas, e membro do grupo de música e educação Cancioneiros

> Rafael Bassi, professor de história do Grupo Unificado

ZERO HORA
Imovision / Divulgação

Filme chileno "No" conta história de plebiscito sobre escolha entre regime de Pinochet ou retorno à democracia
Foto:  Imovision  /  Divulgação


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