Ensino Superior | 04/12/2013 05h48min
Atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, Santa Maria é o município que mais envia mão de obra com Ensino Superior para o restante do país. O dado, parte da pesquisa Brasil em Desenvolvimento 2013, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela que o município do centro do Estado exportou, entre 2005 e 2010, 8.503 pessoas com nível superior e recebeu 5.435 graduados, um saldo de 3.068 diplomados no período.
Entre as cidades que mais enviam graduados para outros municípios, também estão outras quatro cidades do interior do Estado: Santo Ângelo (10º), Ijuí (12º), Cruz Alta (17º) e Frederico Westphalen (22º).
Sobre Santa Maria, o número traduz duas peculiaridades básicas da cidade: é formadora de mão de obra qualificada, mas tem dificuldade em absorver essa quantidade de cérebros formados em suas sete instituições de Ensino Superior.
Em relação à escolaridade, Santa Maria é destaque e ocupa o segundo lugar, depois de Porto Alegre, no índice de graduados em relação a soma total da população, com 16,51% dos moradores com diploma universitário. Esse percentual, bem superior à média gaúcha, de 10%, e da brasileira, de 9,67%, a coloca como a 34ª cidade brasileira com o melhor índice de formados em contingente populacional.
Essa formação é vista por duas óticas pelo economista e professor da Unifra José Maria Pereira. Primeiro, ele aponta que se trata de uma peculiaridade local. Ou seja, Santa Maria sempre vai exportar esse contingente de diplomados.
– O fato é que temos muitas vagas (em universidades) em oferta. Muito mais do que a necessidade local. Atraímos estudantes de todo o país. Obviamente, fica quase impossível absorver todos – explica Pereira, salientando que foi justamente esse perfil, de atração de estudantes, que alavancou a economia local, fortalecendo o comércio e a construção civil.
Por outro lado, o economista ressalta a falta de base industrial que poderia abrigar esses cérebros.
– A base local é o setor de serviços. Quem emprega mesmo é a indústria, e esse setor não é nossa vocação. A curto e médio prazo vai ser assim mesmo.
Um exemplo disso é Caxias do Sul, que importou mais diplomados do que exportou. No mesmo período, a cidade recebeu 1.229 graduados, graças ao seu pujante parque industrial.
Inovação pode ajudar a manter os diplomados
Sem tradição industrial, o município acaba não sendo uma boa alternativa para graduados. Mas a solução pode estar a caminho. Hoje, a Incubadora Tecnológica de Santa Maria, localizada no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), tem 50 empresas incubadas, que já dão os primeiros passos.
O Tecnoparque, que deve ser inaugurado na próxima semana, é outra alternativa. A professora da UFSM, Nilza Zampieri, que preside o parque tecnológico, aposta no empreendedorismo para virar o jogo.
– Na engenharia, onde dou aula, a maioria dos alunos vai embora. Temos de incentivar e consolidar uma tradição empresarial na cidade. Temos de fazer com que esses cérebros se desenvolvam aqui e não fora .
Entre as melhores
Vilson Serro, presidente da Agência de Desenvolvimento de Santa Maria (Adesm), também é um entusiasta do empreendedorismo como alternativa para o município.
– Por que não se cria mais oportunidades? Temos de apostar na indústria do conhecimento, empreender. Assim, não dependeremos da logística para desenvolver a cidade. O Tecnoparque é uma dessas iniciativas que colabora para isso – concluiu.
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