Professor | 18/11/2013 05h52min
Não gosto de ler. Não quero ler. Ler é chato! Depois de ouvir sucessivas reclamações dos alunos quando o assunto era leitura, as professoras Carolina Kuhnen e Elizete Maria Marques resolveram começar uma transformação da Escola Desdobrada e no Núcleo de Educação Infantil da Costa da Lagoa em Florianópolis.
A escolinha que tem como quintal a Lagoa da Conceição sua rotina alterada às terças e quartas-feiras, quando turmas do 1º ao 4º anos são reunidas numa roda literária.
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Para ficar mais dinâmico, o momento começa com uma música cantada por todos. Os alunos ficam sentados sobre uma almofada — uma minhoca gigante — feita pelas professoras. Os alunos que irão ler são sorteados. São até cinco numa tarde. Cada um escolhe o livro. Aos outros cabe escutar a história e depois preencher um cronograma de leitura, que também foi criado para o projeto.
Em uma tabela de papel eles colocam a data e o mês da leitura. Listam quem foram os leitores do dia, o gênero do livro, e fazem observações sobre o texto.
— A gente percebeu uma evolução muito grande nas anotações. Antes eram apenas: achei legal. Gostei. Hoje eles elaboram mais e explicam por que gostaram — conta Carolina.
Cada aluno tem sua pastinha de cronograma. No fim do ano, junto com todos os registros, os estudantes vão receber um DVD com imagens da roda de leitura.
A professora acrescenta que a evolução foi ainda maior entre os alunos de 1º ano, que estavam em fase de alfabetização. A leitura pausada e silábica está mais ritmada e fluente. Ao iniciar a atividade, a disputa por quem vai ler é grande e por isso o sorteio é necessário. Todos querem mostrar o quanto sabem. Os livros também são disputados e os alunos já avisam para a professora que querem levá-los para casa.
O projeto proporcionou aos alunos um intercâmbio com o colégio do Castanheiro Ilha de São Miguel, em Portugal. Pela internet, eles fizeram uma roda de leitura integrada, uma videoconferência onde leram o livro Um Naufrágio nos Açores, de Rita Cortez.
Aluna do 4º ano do ensino fundamental, Érica Behenck Martins, 11 anos, é uma das que mudou a visão que tinha sobre ler. Aconselhada pela professora, adotou o hábito. As histórias são partilhadas com a avó, para quem lê em voz alta:
— Por causa do projeto comecei a ler mais e tem um monte de livros que eu gosto — ressalta a menina.
::Ser finalista já é ser vitoriosa::
"Quando soubemos que éramos finalistas, as crianças ficaram muito animadas e saíram correndo pelo colégio. Para a escola foi uma surpresa. A escola faz projetos muitos bons, trabalhos excelentes. A nossa escola trabalha com alma. Faz a criança feliz dentro do espaço da escola. Mas a gente nunca se inscreveu para nada. Foi uma surpresa de verdade. E não é o meu nome nem o da Elizete. É o nome da escola, é projeto da escola.
Isso representa o reconhecimento do trabalho que a escola faz. É o reconhecimento da qualidade de educação que temos aqui na comunidade da Costa da Lagoa. É trabalho com foco na aprendizagem e na qualidade de ensino. Minha filha ainda me perguntou: mas se tu não ganhares? Eu falei: eu já ganhei! Ficar entre os 18 finalistas já é mérito para a gente! A gente já ganhou! A gente já é vitorioso!"
::Modo de fazer::
- Forme uma roda de leitura com seus alunos. Antes de iniciar a atividade cante uma música com a criançada. Uma outra canção deve fechar o final da atividade
- Faça o sorteio dos leitores — o número vai depender do tempo disponível para a atividade — e peça a eles que escolha um livro para ler em voz alta. É importante deixar que o aluno faça a escolha dele, mas dá para sugerir que um livro é muito extenso para o momento, por exemplo.
- Os gêneros também devem ficar a critério dos alunos.
- Trabalhe com os alunos o texto que está sendo lido. Faça perguntas como sobre o que é essa história?, o que o autor quis dizer nessa poesia? Isso ajuda a eles entenderem aquilo que leram e a interpretar a história.
- Cobre dos alunos um cronograma da leitura. Nele deve conter o dia e o mês da leitura. Quem foram os leitores, o gênero, e as observações do estudante sobre as histórias que foram contadas.
- Tenha um dia fixo para a atividade que deve ser contínua e entrar para a rotina das crianças
DIÁRIO CATARINENSE
A professora Carolina Kuhnen criou a roda de leitura em escola municipal de Florianópolis para estimular o gosto pelos livros em seus alunos
Foto:
Daniel Conzi
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