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A Educação Precisa de Respostas  | 03/11/2013 17h19min

Exemplos do engajamento da sociedade no sistema de aprendizagem

Há gente disposta a ajudar da forma que tem condições, na intenção de promover melhorias na educação

Roberta Schuler  |  roberta.schuler@diariogaucho.com.br

Aflito com o incêndio que consumia uma floresta, um passarinho decidiu voar até o rio e buscar a água que cabia em seu bico, na tentativa de combater as chamas. Mesmo pensando que o auxílio era insignificante, ele não desistiu da tarefa. Fez o que podia.

Assim como na fábula, há gente disposta a ajudar da forma que tem condições, na intenção de promover melhorias na educação. O Diário encontrou dois exemplos na Capital, entre professoras aposentadas e ex-alunos. A importância do engajamento da sociedade no sistema de aprendizagem é tema da campanha A Educação Precisa de Respostas, do Grupo RBS e da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho.

Um reforço importante na escola

Há professores que, uma vez aposentados, entendem que seu compromisso com a educação já foi cumprido. Outros, porém,  continuam acreditando que podem fazer a diferença na vida de escola e estudantes. Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Monsenhor Roberto Landell de Moura, no Bairro Tristeza, Zona Sul da Capital, há um grupo de aposentadas que oferece reforço para alunos do primeiro ao quinto ano.

A primeira professora a ser convidada pela vice-diretora Neusa Maria Fraga Barreto, 68 anos, idealizadora do projeto, foi Eunice Dias, 70 anos, em 2007. Ela permaneceu no grupo até 2011.

- O retorno pode não ser imediato, mas o trabalho faz a diferença. Lembro a felicidade de um menino por ter aprendido - recorda a professora Maria Luisa Solla, 59 anos, uma das voluntárias que retomará o reforço no próximo ano.

Já Elvira Regina de Melo Trois, 66 anos, está realizando uma vontade antiga: ensinar crianças pequenas. Ela auxilia alunos do primeiro ano, com jogos, leitura e interpretação de textos:

- Quero resgatar a alegria deles em aprender. Fazendo os alunos pensarem, estou satisfeita.

A vivacidade de Raphael Lemos, Maria Eduarda Pereira e Adryus Gonçalves, todos de sete anos, do primeiro ano, mostram que a iniciativa dá bons frutos.

Aprendizado até na música

A escola também conta com um voluntário que há seis anos dá aulas de Música. Henrique Maraguaia, 65 anos, ensina violão, cavaquinho e técnica vocal. E se orgulha do empenho dos aprendizes, como Ênio Roesler Filho e Lucas Vinicius Simas Guimarães,
ambos de 14 anos.

Uma dupla que faz a diferença

Na portaria, de olho no recreio, ou até ajudando na varrição das salas de aula. Os ex-alunos Wágner Alan Wesendonk, 16 anos, da oitava série, e Guilherme Machado Ignácio, 17 anos, do primeiro ano do ensino médio, encaram qualquer tarefa na Escola Estadual de Ensino Fundamental Professora Aurora Peixoto de Azevedo, no Bairro Sarandi, Zona Norte da Capital.

Eles são voluntários e percebem na iniciativa uma chance de ajudar a instituição e também de crescimento pessoal.

- Não considero isso um trabalho, é uma alegria - declara Wágner.

Guilherme conta que o primeiro auxílio foi em 2009, quando reparava os pequenos no recreio.

- Essa escola é o meu berço. Quando eu for professor, quero dar aula aqui - diz Guilherme, que estuda na Escola Cristóvão Colombo.

A vice-diretora, Eliane Maria de Souza Lima, conta que a iniciativa de oferecer ajuda foi dos estudantes. E a escola acolheu o pedido:

- O dia em que eles não vêm, sentimos a maior falta.

Wágner explica as áreas de atuação:

- Sou um "Severino". Já varri salas, fui office boy, fiquei na portaria. Nas férias, ajudei no mutirão da limpeza - afirma o aluno na Escola Estadual Padre Leo.

O valor das regras

De acordo com Ana Beatriz Delacoste, professora da Faculdade de Educação da Puc, qualquer ajuda é bem-vinda, mas é preciso regra. Quando o voluntariado ocorre dentro do ambiente escolar, a responsabilidade pela atuação dessas pessoas é da direção:

- Nosso dever, além de promover a aprendizagem, é cuidar da segurança.

A professora lembra que o voluntariado relacionado a questões pedagógicas é recomendado apenas a pessoas habilitadas. Mas há atividades que podem ser desempenhadas por qualquer pessoa, como a contação de histórias.

Está disposto?

A secretaria estadual não tem normatização específica sobre o voluntariado. Eventuais ações podem ser executadas a partir de integração das escolas e comunidades. Para isso, é preciso procurar as direções.

Instituições interessadas em executar projetos, com prazos determinados, em ambientes escolares, devem encaminhar projeto pedagógicos para análise da secretaria. Esses projetos podem ser objeto de termo de convênio ou parceria entre as partes.

Conforme a secretaria municipal, se algum voluntário manifestar interesse em desenvolver atividades em escola do município,
deve procurar a direção, que tem autonomia para tal. Se quiser, também poderá consultar a Smed, como em tantos outros assuntos.

A Bruxa será a porta-voz desta nova fase da campanha A Educação Precisa de Respostas, promovida pelo Grupo RBS e pela Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho. Ao lado da Bruxinha, a personagem vai mobilizar a sociedade a dar prioridade para a educação, estimulando a qualidade da aprendizagem e o aperfeiçoamento da gestão escolar no Brasil.

DIÁRIO GAÚCHO
Lívia Stumpf / Agencia RBS

Eunice, Maria, Elvira e Neusa (D) ajudam Raphael, Maria e Andryus (D)
Foto:  Lívia Stumpf  /  Agencia RBS


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