Vestibular | 29/10/2013 12h01min
Quando a internet começou a se espalhar pelo mundo na década de 1990, a maioria das profissões teve seus modos de atuação repensados. O maior medo era o desemprego, e as previsões mais apocalípticas anunciavam um colapso no mercado de trabalho. Passadas quase duas décadas, a internet deixou de ser uma novidade, e o espaço gerado por essas mudanças começa a ser ocupado por novas funções.
— Este medo é histórico. Quando aposentaram as máquinas a vapor, quem entendia só de máquinas a vapor ficou desempregado. Nesses momentos de transformação, o mundo passa por uma reciclagem, algumas profissões somem e outras surgem. O que eu aconselho aos jovens, e não só àqueles que querem trabalhar com internet, é se interessar por novidades e ter a curiosidade aguçada — diz Silvio Kotujanski, diretor da Vertical Educação, ligada à Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate).
Profissões clássicas também mudaram e se atualizaram
Segundo Kotujanski, as novas gerações, que nasceram no mundo digitalizado, já utilizam as ferramentas online no cotidiano, mas ainda precisam perceber as inúmeras possibilidades criadas no mercado e profissionalizar o conhecimento, relacionando o desenvolvimento acelerado da tecnologia com as aptidões individuais.
Se muitas funções perderam o sentido de existir nos últimos anos, outras tiveram de se reformular por completo. Atividades que eram feitas por profissionais que iam até o local de trabalho agora podem ser realizadas por freelancers, explica a psicóloga e diretora da RH Brasil Liana Gus Gomes.
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O jornalismo, por exemplo, parou de ser produzido exclusivamente nas grandes redações e hoje conta com profissionais que podem trabalhar desde qualquer lugar. O marketing ganhou um leque gigantesco de opções criado pelas redes sociais e pela publicidade online, e o direito está se repensando constantemente para entender como deve funcionar a legislação no mundo virtual. Até os médicos podem realizar procedimentos à distância.
Novas funções
Arquitetura da informação
É a especialização em "usabilidade". O profissional é responsável pela organização online da informação e tem como objetivo tornar a navegação em um site efetiva e economizar esforços da equipe. A função do profissional é examinar os objetivos de um site, ranqueando os dados por ordem de importância e elaborando mapas de usabilidade. O arquiteto também deve ajudar a pensar na estética da página.
O que estudar
O especialista deve ter conhecimento de webdesign e programação para entender o processo de organização das informações. Os profissionais costumam ser de áreas como Jornalismo, Design e Sistemas de Informação.
Webdesign
É a área para pensar nos aspectos visuais de uma página e em como eles podem ajudar (ou atrapalhar) a navegação. É considerada uma extensão do Design, mas se concentra na estética virtual. A função se confunde com a do arquiteto da informação, pois ambos estruturam uma página na internet antes da elaboração da mesma, mas o designer é mais focado na parte "visível" do conteúdo.
O que estudar
Já existem cursos específicos de Webdesign. Os cursos de Design em geral e os de Jornalismo também costumam apresentar noções básicas da área. Confira no site emec.mec.gov.br as opções de curso registradas no MEC.
Marketing móvel (mobile marketing)
Ainda engatinhando no mundo da comunicação, o marketing para dispositivos móveis (smartphones, tablets) tem se tornado a grande aposta das empresas de comunicação. A função do profissional é tanto ajudar na elaboração de campanhas em parceria com outros meios (outdoors, TV, rádio, relações pessoais) quanto desenvolver atividades publicitárias em dispositivos móveis e nas redes sociais.
O que estudar
Ainda que seja uma área recente, o profissional deve ter conhecimento sobre a publicidade tradicional para entender como adaptá-la às novas tecnologias. Em empresas pequenas, é importante equilibrar esta área e programação, por isso ambas as formações são recomendadas.
E-commerce (comércio online)
É o ponto de encontro entre a visão financeira da empresa e a atuação na internet. O profissional precisa conhecer como funciona o mercado na internet e se especializar em campanhas de venda online, inclusive acompanhar o desempenho das lojas virtuais e o rendimento gerado pela publicidade. É um mercado em ascensão.
O que estudar
O curso de Administração e noções de vendas tradicionais são importantes para essa função, mas é necessário também se aprofundar no mercado online. Diversas instituições oferecem cursos rápidos, sendo a maioria à distância e pagos. É importantíssimo manter uma atualização individual constante.
Ranqueamento em buscas
Estar bem classificado em serviços de busca como o Google pode ser o diferencial para um site. O profissional deve ter o conhecimento de como os usuários chegam à página, qual o trajeto que eles percorrem dentro deles e, principalmente, como fazer com que o cliente ou empregador esteja no topo das buscas daquele tema.
O que estudar
O profissional não precisa de uma formação específica, mas deve ter bastante conhecimento sobre as ferramentas online, saber quais são os critérios que os sistemas dos buscadores usam para ranquear os sites e ter uma noção bem clara de webdesign. Como é uma função nova, o estudo individual é incentivado.
Blogs
Os blogs mudaram rapidamente o modo de produzir notícias no jornalismo. Em geral, os blogueiros profissionais são pessoas com uma vasta rede de contatos ou uma grande fonte de informações inéditas que possam influenciar o desenvolvimento de um assunto específico. Os blogs podem ser diferentes entre si, mas o compromisso com a informação correta e ética diferencia a atividade do "bate-boca" que costuma ser encontrado pelas redes sociais.
O que estudar
Muitos são formados em Jornalismo, mas não há uma graduação ideal. Cada profissional deve ter conhecimento sobre o tema de seu blog (política, moda, economia, cultura...). Algumas pessoas se envolvem antes com a atividade da qual falam antes de virarem blogueiros profissionais.
Gerência de redes e mídias sociais
As redes sociais surgiram nos últimos anos como uma das formas mais eficientes para a empresa fazer contato direto com os clientes. A interação via Facebook, por exemplo, permite que problemas pontuais sejam solucionados sem a necessidade de uma reclamação burocrática. O profissional responsável pelas mídias sociais deve ficar atento ao que se fala sobre sua empresa ou cliente em fóruns, blogs e redes sociais.
O que estudar
A comunicação com os clientes é um trabalho sensível e requer cuidado por parte dos profissionais. As áreas de Marketing, Publicidade e Relações Públicas são as mais recomendadas. Há várias opções de cursos de pós-graduação na área, importantes para complementar a formação profissional.
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