Correção: Diferentemente do que informou este site na reportagem "Enem aborda questões da história recente" (14/10/2013 - 17h09min), Daniel Dantas não esteve envolvido com o Mensalão. O texto original já foi corrigido.

Ao longo dos anos, o Enem tem apresentado questões que refletem acontecimentos recentes da história do país e do mundo e que interferem na vida de todos, às vezes de forma específica, como os protestos que atingiram o país em junho passado, ou de maneira ampla, como os conflitos no Oriente Médio.

Por isso, é importante que o candidato relembre, nestes últimos dias antes das provas, os principais fatos que foram notícia. Abaixo, listamos, com a ajuda de professores do Ensino Médio, 10 pontos que merecem atenção, pois podem aparecer nas questões.

CRISE NA EUROPA — A grande parte dos países da Europa (zona do euro) ainda não superou a crise financeira. Aliás, somente a Alemanha está conseguindo administrar suas divisas, salvar a moeda e impedir que o desemprego e a inflação afetem o país. Por outro lado, Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha já contraíram mais de 500 bilhões de euros em empréstimos do FMI e as medidas de austeridade para tentar extinguir o caos são o aumento dos impostos, demissões, redução dos investimentos no setor público e dos benefícios sociais e as privatizações. Manifestações e greves (na foto, protesto na Grécia) são alguns dos efeitos desse arrocho.

PROTESTOS — Junho de 2013 foi marcado por manifestações por todo o Brasil. Cerca de dois milhões de pessoas saíram às ruas para reivindicar o fim da corrupção no país, maiores investimentos em saúde e educação, melhorias no transporte público e distribuição de renda, entre outras demandas. O estopim deste episódio foi o acréscimo de 20 centavos na passagem de ônibus da capital paulista. Mas e este 'vintém' não é novo. No início de 1880 ocorreu, no Rio de Janeiro, a Revolta do Vintém, movimento popular contra o aumento do preço (20 réis) das passagens dos bondes. O imposto foi abolido dois meses depois.

ORIENTE MÉDIO — O presidente dos EUA, Barack Obama, lançou recentemente novo esforço para reavivar o processo de paz. Em discurso sobre o Oriente Médio, em maio, ele reafirmou o apoio a um Estado palestino independente e ressaltou que as fronteiras anteriores a 1967 devem ser a base das negociações — com troca de terras dos dois lados da fronteira, para acomodar em Israel uma parte das colônias judaicas da Cisjordânia. Netanyahu respondeu que as fronteiras de 1967 são "inegociáveis".

CHINA — Em 2012, cresceu a disputa em torno do Mar do Sul da China. Além de ser importante rota marítima, a região é rica em pesqueiros e potenciais campos de petróleo. A China reivindica soberania sobre a maior parte, batendo de frente com Vietnã, Filipinas, Brunei, Malásia e Taiwan.

MENSALÃO — As denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB) entre 2005 e 2006 sobre o esquema de corrupção voltaram às manchetes dos jornais com o julgamento do mensalão. Os protagonistas e as empreses denunciadas podem aparecer na prova. Entre as dezenas de envolvidos apontados pela Polícia Federal, estão José Dirceu (foto), José Genoíno, Delúbio Soares e Marcos Valério.

URBANIZAÇÃO — A urbanização das cidades é uma questão atual que está na pauta de discussões não só na esfera pública, mas também na privada, uma vez que as obras de melhorias que estão sendo realizadas tendo em vista a Copa de 2014 afetam a vida de todos.

SÍRIA — Desde março de 2011, a República Árabe Síria enfrenta uma guerra civil. De um lado, civis querem a derrubada do presidente Bashar al-Assad. Do outro, uma repressão violenta por parte das forças de segurança deixa o país acuado. Já são mais de 115 mil mortos, além da destruição da infraestrutura do país e a deflagração de uma crise humanitária regional. Mais de 2 milhões de sírios, acuados pelos acontecimentos, já deixaram o país rumo a nações vizinhas, provocando uma onda de refugiados.

DIREITOS HUMANOS — Os acontecimentos de 1964 costumam aparecer na prova. Há cinco décadas os militares assumiam o poder e marcavam o país com censura, perseguições, torturas e exílio dos opositores. Criada em 2012, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) pode estar nas questões. Essa comissão levanta os documentos declarados secretos à época e os torna públicos.

PRIMAVERA ÁRABE — Em dezembro de 2010, um jovem tunisiano desempregado ateou fogo ao próprio corpo como manifestação contra as condições de vida no país. O ato desesperado, que culminou na sua morte, seria o marco inicial do que seria a Primavera Árabe (levante árabe/revoluções árabes). Protestos se espalharam pela Tunísia, levando o presidente Zine el-Abdine Ben Ali a fugir para a Arábia Saudita apenas 10 dias depois. Ben Ali estava no poder há 23 anos.

MANIFESTAÇÕES CULTURAIS — O movimento hip hop, bem como o grafite são temas que já apareceram nas provas. Estes movimentos, essencialmente urbanos, levantam em suas letras ou paredes aspectos da realidade nacional como o racismo, o preconceito, a pobreza, a poluição urbana, dentre outros flagelos sociais. Aliás, a interdisciplinaridade entre as ciências, e neste caso, entre a História e a Arte, a música e a literatura é uma peculiaridade do exame. Canções contestando a ditadura militar no Brasil (1964-1985) e homenageando líderes populares que se destacam na durante a República Velha (1889-1930) são muito frequentes.

Fontes: Alexander Magnus, professor de história do Colégio La Salle Santo Antônio, Luciano Teixeira, professor de geografia do pré-vestibular Universitário, e Sandra Siebel, professora de redação do Colégio Marista Rosário