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A Educação Precisa de Respostas  | 17/10/2013 06h21min

Líder mundial em qualidade de ensino participa de um ciclo de debates hoje em Florianópolis

Seija Mahlamäki-Kultanen conversou com DC e listou fatores da educação bem sucedida

Júlia Antunes Lorenço  |  julia.antunes@diario.com.br

Primeira no ranking mundial em qualidade de educação de acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) e sempre em destaque em outras pesquisas educacionais, a Finlândia costuma despertar curiosidade. Afinal, qual é o segredo deste país de 5,4 milhões para ter uma educação básica de ponta?

Para responder essa e outras perguntas, que podem ajudar o Brasil a encontrar uma maneira de impulsionar a qualidade de ensino, a diretora de treinamento na Universidade Hämeenlinna de Ciências Aplicadas da Finlândia, Seija Mahlamäki-Kultanen, participará de um ciclo de debates hoje em Florianópolis.

O primeiro Workshop Internacional de Educação é um evento da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) em parceria com o movimento Todos pela Educação. Ele traz outros nomes do setor como o norteamericano Markus Frank, da McKinsey & Company, que falará sobre seu estudo Educação para o trabalho: desenhando um sistema que funcione.

Também participam dos debates a representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Marina Bassi e o especialista em mercado de trabalho e educação, o professor José Pastore da Universidade de São Paulo (USP).

Antes de apresentar o sistema de ensino finlandês no workshop, Seija conversou com o Diário Catarinense. Na entrevista, ela dá algumas pistas sobre o segredo da Finlândia: união de esforços em prol da educação que é pública e de qualidade para todos.

Diário Catarinense — Como o sistema de ensino finlandês está organizado?

Seija Mahlamäki-Kultanen — Ele é muito simples. Primeiro os estudantes vão para a escola primária e estudam nove anos na educação básica. Depois, no nível secundário, escolhem pelo sistema geral de ensino ou o profissionalizante. A maioria vai para o ensino profissional no secundário, que tem ganhado bastante popularidade. Depois eles podem escolher se querem ir para a universidade. O acesso é aberto para os estudantes dos dois tipos de nível secundário.

DC — Finlandeses precisam pagar pela boa educação que recebem?

Seija — Não pagamos por educação. É de graça da escola primária à universidade.

DC — No Brasil ainda temos preconceito em relação à educação profissional. Como o ensino profissional é encarado na Finlândia?

Seija — Posso dizer que hoje em dia temos um ensino profissional muito bem sucedido e atraente na questão de qualidade da educação. Ele é relevante para a vida das pessoas e aumentamos as conexões do mundo do trabalho com a educação. Os alunos ficam motivados em estudar. Então não tem preconceito em relação à educação profissional. Uma dimensão disso é que ela é mais popular do que o ensino regular. Mais estudantes se formam em escolas profissionais do que em escolas secundárias.

DC — Ser professor na Finlândia é uma boa carreira?

Seija — É uma carreira boa. Eles podem se desenvolver no trabalho e depois na própria vida. Em certos períodos, podem fazer parte de projetos, em programas de cooperação internacional. Há muitas opções para os professores. Claro que depende muito da atitude de cada um em querer aprender e do interesse deles de desenvolverem a própria carreira.

DC — Mas em termos salariais? Qual é salário médio de um professor?

Seija — Eu não sei exatamente. Depende do nível de educação que eles ensinam. Eu posso dizer que salários de professores em algumas áreas são um pouco melhores do que no resto da Europa. Na educação básica os salários não são tão bons quanto algumas pessoas gostariam que fossem. Mas ainda sim são melhores do que no Brasil. (De acordo com a OCDE, um salário de um professor finlandês nos anos finais do ensino fundamental e com 15 anos de serviço é de U$ 40 mil anuais, o que fica na média de outros países europeus).

DC — No Brasil tem-se falado muito na necessidade de valorizar educação. Qual deveria ser o primeiro passo nesse sentido?

Seija — Tenho que ser muito cuidadosa ao dar um conselho para um país que é tão diferente da Finlândia. Somos uma nação muito pequena. Aqui no Brasil as condições são tão diferentes da Finlândia. Mas uma coisa que eu recomendo é tentar aumentar as conexões do mercado de trabalho com as instituições de educação porque esta é a chave do sucesso. Motiva os alunos a estudarem. Antes de terminar a graduação os estudantes trabalham por alguns dias. Não é uma prova, mas é mais autêntico. E eles também estão aprendendo, eles fazem um longo período de aprendizado sob supervisão das empresas. Isto tem sido bastante produtivo em nosso país. Aumentamos a relevância da educação não apenas colocando o estudante numa carteira com um texto.

DC — Quando pensamos em educação de qualidade pensamos na Finlândia. Qual é o segredo de vocês?

Seija — Essa é uma pergunta muito difícil. Não somos o País das Maravilhas, também temos que continuar desenvolvendo nosso sistema educacional. É uma necessidade trabalhar juntos para isso. Em nosso país educação é quase que uma questão comum em todos os partidos políticos. A diferença é nas atitudes, mas há um consenso. Eu acho que um dos segredos é acreditar na educação e juntar nossos esforços.

::Programação::

13h30min
Abertura
Presidente da FIESC — Glauco José Côrte
Movimento A Indústria pela Educação

14h
Painel: Desafios para a Qualidade da Educação
— Sistema Educacional da Finlândia
Painelista: Seija Mahlamäki-Kultanen — Finlândia

— Habilidades, Educação e Emprego na América Latina
Painelista: Marina Bassi — representante BID

Mediador: Rodolfo Pinto da Luz — Secretário Municipal de Educação

16h

Painel: Educação para o Mundo do Trabalho

— Relatório da Pesquisa McKinsey: Education to employment: Designing a system that works
Painelista: Markus Frank - McKinsey & Company

— A educação como fator de produtividade e competitividade da Indústria
Painelista: José Pastore - Professor da USP

— O papel da Educação para o desenvolvimento da Indústria Brasileira
Painelista: Luis Noberto Pascoal - Conselheiro do Todos pela Educação

Mediador: Mozart Neves Ramos

DIÁRIO CATARINENSE

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