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Professor  | 06/10/2013 10h07min

Com três turnos em sala de aula, professora atende 17 turmas em duas escolas

Claudia Duarte, 51 anos, ainda faz curso de especialização no tempo que "sobra"

Taís Seibt  |  tais.seibt@zerohora.com.br

Na pastinha da professora Claudia Duarte, 51 anos, cada plástico leva uma etiqueta com o número da turma. São 17, no total. Planos de aula e trabalhos para corrigir engordam os saquinhos a cada período que passa, denotando o volume de trabalho que uma educadora com 60 horas-aula por semana carrega no currículo.

Com o material debaixo do braço, Claudia entra na sala de aula, cuja porta não tem maçaneta e as paredes estão rabiscadas com caneta, para dar aulas de História no oitavo ano da Escola Estadual Eva Carminatti, na Lomba do Pinheiro. O contraste no cenário é o datashow usado para projetar slides sobre a história das constituições brasileiras, conteúdo resumido pelos alunos em cartazes de papel pardo no fundo da sala.

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Aproveitando a aula sobre direitos e deveres, a professora entrega uma cópia do Estatuto da Criança e do Adolescente a cada um, muda o layout das classes para o formato de círculo, senta ao lado deles e começa a leitura dos primeiros artigos. Questiona a turma sobre a qualidade dos serviços de saúde e educação no país.

— É só olhar para a nossa escola para ver que falta investimento — responde Robson Leal, 13 anos.

Claudia cutuca, dizendo que eles também precisam fazer a parte deles na conservação do prédio, que se recupera de um incêndio criminoso ocorrido um ano atrás.

— Este trabalho é importante para a autoestima dos alunos, muitos tinham vergonha de vir para esta escola por causa dos problemas com vandalismo. Aos poucos, estamos transformando o colégio num lugar que eles gostam de estar — diz a professora, que saiu de trás do balcão depois de 22 anos no comércio.

Não estava nos planos entrar no magistério, queria apenas estudar História. Hoje, vive em função do ensino. Residente no bairro Cavalhada, atravessa a cidade de ônibus até a Lomba do Pinheiro de manhã cedo. No turno da noite, pega outro ônibus lotado e muita tranqueira no trânsito até o Centro, onde termina a jornada no Instituto de Educação Flores da Cunha. Almoça e janta a comida que prepara em casa por volta da meia-noite, quando descansa a pastinha e vira dona de casa. E ainda acha jeito para fazer um curso de especialização à distância e participar de um grupo de estudos de história afro-brasileira no tempo que "sobra".

ZERO HORA
Carlos Macedo / Agência RBS

A pastinha com os planos de aula e os trabalhos dos alunos sempre acompanha Claudia na escola
Foto:  Carlos Macedo  /  Agência RBS


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