Professor | 06/10/2013 10h07min
Com capricho, uma aluna organiza as tintas sobre a classe, distribuindo por ordem de cores e de tamanho. Brinca com os tubos, equilibrando um deles na cabeça, enquanto o colega sentado em frente ainda faz os últimos ajustes em sua obra.
— Estamos transformando tampinhas de garrafa e caixas de sapato em carros — explica Enrico Bender, de sete anos.
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A arte com reciclagem dá um colorido lúdico à sala do 1º ano do colégio Marista Rosário. As tarefas em aula variam entre construir uma cidade com sucata e escrever no caderno as atividades realizadas a cada dia, para exercitar a nova brincadeira que descobriram neste primeiro ano letivo de suas vidas: ler e escrever.
A garantia de que há espaço para tudo se revela desde a organização da sala. No fundo, um armário repleto de materiais de recorte, colagem e pintura. Na frente, quadro negro e cartazes com as letras do alfabeto e os números de zero a 100.
Quem tem a missão de administrar a rotina todas as tardes é a professora Ana Paula Pinheiro, 32 anos. Com a autoridade de quem tem o nome colado na porta da sala, não muda o tom sereno da voz nem quando as palavras são de ordem: "guardem as tintas", "organizem as classes", "abram os cadernos". E dá "parabéns" aos pupilos o tempo todo: para quem guardou o material, quem já colocou a data no caderno, quem está sentado no seu lugar.
— A criança precisa se sentir confiante. No primeiro ano, eles começam a ter suas primeiras conquistas sozinhos e cada pequeno esforço precisa ser reconhecido, não só quando consegue ler uma frase ou resolver um cálculo — considera.
Filha de professora, há 10 anos Ana Paula está no mesmo ofício. Além das tardes com as crianças, trabalha duas manhãs por semana como tutora em um curso de Pedagogia à distância na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), orientando o estágio curricular dos futuros colegas.
— Uma atividade complementa a outra. Estando em sala de aula, tenho as ferramentas práticas para orientar os alunos da faculdade — resume.
Fora os deveres de educadora, até pouco tempo, só se dedicava às leituras para a dissertação de mestrado, recém concluído, abordando a interface da educação com a tecnologia, considerada uma necessidade para trabalhar com as novas gerações, tanto que muitos ex-aluninhos se tornaram amigos da "profe" no Facebook.
ZERO HORA
Recorte e colagem fazem parte do aprendizado no primeiro ano do ensino fundamental
Foto:
Diego Vara
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