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 | 03/10/2013 21h51min

Tablets entregues a alunos da rede municipal de Joinville já são usados em sala de aula

Aparelhos estão deixando as disciplinas de quatro escolas mais atrativas

CAROLINE STINGHEN  |  caroline.stinghen@an.com.br

Quem um dia imaginou que uma foto tirada há um minuto poderia ser levada para sala de aula para ser discutida na disciplina de artes? Ou melhor, um dicionário de acesso rápido, que em apenas alguns segundos buscasse o significado de uma palavra? Até o esqueleto humano pode ser ensinado pela tela de um minicomputador portátil.

São estas e outras experiências que cerca de 4 mil adolescentes da rede municipal de ensino de Joinville estão vivenciando nos últimos três dias. Na sexta-feira, eles ganharam tablets. O projeto ainda é inicial, mas agradou. A Secretaria da Educação agora pretende comprar mais 10 mil equipamentos.

O estudante Adair Silveira Borges, de 14 anos, da Escola Sylvio Sniecikovski, do Jardim Paraíso, passou o fim de semana arrastando os dedos para lá e para cá no tablet que ganhou da Prefeitura. Ele não tinha computador e nem internet em casa. Seu contato com o mundo digital acontecia somente nas aulas que eram realizadas na sala de informática.

Animado com a oportunidade, mesmo sem conexão, explorou todos os programas e ferramentas: os jogos educativos, os programas de editor de texto e, claro, a câmera de vídeo e imagem. Na segunda, chegou à escola já sabendo como aquele aparelhinho funcionava. E logo de cara sentiu a diferença. Para ele, sua turma parecia muito mais concentrada.

Ideias na cabeça e tablets na mão

Os professores notaram uma leve transformação. Até o recreio estava mais tranquilo – os alunos continuavam a se comunicar, como sempre. Mas desta vez com tablets na mão. Os 4 mil tablets desta primeira etapa do projeto foram entregues para alunos de quatro escolas. Além da Sylvio, a Pastor Hans Müller, a Pedro Ivo Campos e a Nilson Wilson Bender foram as beneficiadas.

O critério para a escolha das escolas foram as melhores e piores notas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Mas os alunos de sexto ao nono anos, de todas as mais de 50 escolas de Joinville, foram selecionadas.

O investimento para a compra dos equipamentos veio com recursos do Fundeb do salário-educação. Esta primeira etapa custou cerca de R$ 1,8 milhão. A licitação dos equipamentos é realizada pelo Ministério da Educação, e a Secretaria Municipal compra o material do governo federal – o que evita a burocracia.

Como são os tablets

Os quatro mil tablets distribuídos têm tela de 9,7 polegadas, armazenamento de 16 GB, bluetooth e disponibilizam as mesmas funcionalidades dos equipamentos comuns – dá para escrever (editor de texto), entrar normalmente na internet (ele conta com rede sem fio) e gravar vídeos e imagens.

A câmera, inclusive, é a ferramenta mais utilizada por estes adolescentes quando eles não estão em sala de aula. Eles não resistem a se fotografar no recreio ou no fim da aula. Os alunos ainda ganharam uma pastinha protetora e uma capa de borracha amarela para proteger o tablet. O carregador e o cabo USB eles também levam para casa. A diferença neste tablet educacional é que o sistema conta com aplicativos do Ministério da Educação, entre eles o MEC Mobilidade, TV Escola, a revista da TV Escola e o Portal do Professor – que sugerem trabalhos online que podem ser usados dentro da sala de aula. Outra opção é o uso offline do aparelho.

Para não sobrecarregar a rede, que ainda é pequena nas escolas de Joinville, programas educacionais foram instalados no equipamento. Mesmo sem conectar na internet, os adolescentes podem escrever e até jogar games educativos.

Planos com fibra ótica

Como a velocidade da internet ainda é baixa nas escolas, se todos os tablets estiverem conectados ao mesmo tempo, a capacidade de conexão vai para o espaço. A Secretaria de Educação já está tratando com o governo do Estado sobre a instalação de fibra ótica em todas as escolas de Joinville. A velocidade, que hoje é de dois a dez mega, subirá para 50. A expectativa é de que no ano que vem a iniciativa saia do papel. 

Como vai funcionar

A nova tecnologia vai trazer desafios aos alunos e aos professores. Os educadores terão de repensar a forma de ensinar com a tecnologia. A Secretaria de Educação criou o Núcleo de Tecnologia Municipal, que auxilia os professores com sugestões de atividades e como usar o equipamento. Os professores – 200 deles ganharam notebooks – passaram por cursos. Eles têm a responsabilidade de ajudar o aluno a usar corretamente o equipamento. Os pais foram convidados para participar de palestras que orientam sobre a responsabilidade do cuidado com o tablet e sobre o uso responsável da internet.

Os alunos têm a responsabilidade de manter o equipamento. Eles poderão levar os tablets para casa. Os responsáveis pelos estudantes assinaram um termo de compromisso. Se um aluno sair da escola ou terminar o ensino fundamental, o aparelho terá de ser devolvido à escola. Se ele quebrar, cada caso será analisado pela escola. A Secretaria de Educação tem uma garantia de dois anos com a empresa que forneceu os tablets, a Positivo.

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