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Educação Básica  | 15/09/2013 23h51min

No colégio, na companhia dos pais

Conheça três pais que se envolveram com a escola dos filhos e colhem bons resultados

Em uma reunião de pais na Escola Municipal Padre Nóbrega, Cláudio Dutra, 62 anos, ouviu os professores se queixarem das notas baixas de alguns alunos em matemática. No mesmo instante, o pai de Marcelo, 14 anos, resolveu agir.

— Me propus a um desafio. Sempre tive facilidade em aprender matemática e vi que podia repassar esses ensinamentos. Aproveito e conheço mais a rotina escolar do meu filho — explica o professor universitário, que dá aulas de reforço na escola do filho.

Quem também resolveu tomar a frente de uma turma foi a comerciante Eliane Cristina de Ávila, 42 anos. Formada em Pedagogia, ela desenvolve um projeto que apresenta Santa Maria de uma forma diferente para a turma do 3º ano do Ensino Médio também da Padre Nóbrega.

— Com a minha presença na escola, a Emili ficou mais responsável, mais independente — explica Eliane, referindo-se à filha de 9 anos.

Atitudes simples como as de Cláudio e Eliane podem mudar a realidade de uma escola, de uma turma e até mesmo de uma família. Na avaliação da diretora da Padre Nóbrega, Mariangela Dalcin Da Cas, a inserção dos pais no ambiente escolar é ótima alternativa para a evolução dos alunos:

— Acreditamos nesse tipo de aprendizado e incentivamos essas atitudes, com a certeza de que a nossa escola tem um diferencial.

O Diário apresenta essa e outras duas histórias de pais que acompanham o aprendizado dos filhos e são exemplos da atual fase da campanha A Educação Precisa de Respostas.

Os irmãos Paloma Coelho, 11 anos, e Matheus, 7, já estão acostumados a ter os pais por perto quando o assunto é escola. Há cerca de oito anos, a mãe deles, Valéria, 42 anos, participa da Feira da Família Arteira, do Colégio Marista Santa Maria — cuja edição 2013 começa nesta terça e segue até quarta-feira. Mas a atração principal do evento passa longe dos produtos comercializados pelos pais. É a integração com os alunos e os professores que recebe nota máxima.

— Comecei a ir porque meus filhos pediram. É mais uma oportunidade de ficar em contato e trocar ideias com outros pais — afirma Valéria.

Para professores, pais têm de ser receptivos

De acordo com a orientadora educacional do Santa Maria, Rosecler de Souza Becker, em função de a educação estar bastante terceirizada, as famílias se distanciam das escolas:

— Mas não há desculpa para não acompanhar a educação das crianças. Vale até mesmo sentar ao lado para fazer a tarefa de casa. As consequências vão desde mais responsabilidade e mais valor para a educação até a imposição de limites como horário de estudos e de brincadeiras.

ENTREVISTA Kizzy Morejón, doutora em Psicologia e Educação pela USP

Diário de Santa Maria — Como é possível acompanhar a qualidade do aprendizado das escolas?

Kizzy Morejón — Em primeiro lugar, para acompanhar a qualidade da aprendizagem, os pais precisam estar inseridos na educação de seus filhos e na escola de todas as formas. Não temos como saber se nossos filhos estão aprendendo se não estivermos acompanhando o processo de perto. Penso que família e escola compartilham a responsabilidade de educar, cada uma de uma maneira diferente, mas devendo estar juntas sempre.

Diário — Quais os tipos de incentivos que os pais devem dar aos filhos quando o assunto é educação?

Kizzy — A geração de hoje é aquela do conhecimento, da cybercultura, e muitos pais podem não possuir esses mesmos conhecimentos, assim como a escola. Neste contexto, é importante que os pais sentem com os filhos, estabeleçam horários de estudo e horários de lazer. Mesmo que os pais sejam leigos, podem aprender com os filhos. O chamamento para essa convivência com o mundo do conhecimento é que é importante, os filhos sentirem que os pais se importam é o maior incentivo. Existem pesquisas que comprovam que filhos de pais leitores pegam gosto pela leitura. Então, outro incentivo é o exemplo, estar perto, motivando a aprendizagem.

Diário — Como é possível se aproximar dos filhos no ambiente escolar?

Kizzy — Para a galerinha de hoje, a proximidade dos pais, no ambiente escolar mesmo muitas vezes é "pagar mico". Mas é necessária essa aproximação, aos poucos, e com a ajuda da comunidade escolar. Penso que os pais devem driblar a criança e encarar o "mico" para o bem do próprio filho! Encarar micos juntos, muitas vezes, é um sinal de aproximação.

Diário — Até que ponto essas atitude são saudáveis e até onde é possível ir sem causar constrangimento para as crianças?

Kizzy — Pesquisas apontam que, em busca de aproximação, vale perguntar aos responsáveis: o que impede ou atrapalha a participação na vida escolar? Que estratégias usam diante das dificuldades dos filhos? Com base nisso, a escola pode ajudar, adequando os horários de atendimento aos pais ou promovendo discussões sobre o trabalho pedagógico, e, assim, tentar não causar constrangimentos para nenhuma das partes.

Jean Pimentel / Agencia RBS

Formada em Pedagogia, Eliane desenvolve projeto junto a alunos da Escola Padre Nóbrega, onde estuda a filha, Emili
Foto:  Jean Pimentel  /  Agencia RBS


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