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A Educação Precisa de Respostas  | 14/09/2013 06h04min

Especialista em educação e mercado de trabalho defende que o trabalhador é o diferencial da indústria

José Pastore explica que a capacitação do funcionário pesa cerca de 50% na produtividade

Atualizada às 06h04min

A maior autoridade brasileira quando o assunto é trabalho e educação, José Pastore dá uma visão sobre os entraves no ensino brasileiro. O pós-doutor em sociologia e professor da faculdade de Economia e Administração e da Fundação Instituto de Administração, as duas da Universidade de São Paulo (USP), acredita que o que mais conta na produtividade é a formação básica, a lógica, o raciocínio, o domínio da matemática e da linguagem. Para ele, se o Brasil começar hoje uma revolução levaria uma geração — 25 anos — para se alcançar um nível educacional adequado.

Diário Catarinense — Qual o impacto do nível de formação do trabalhador na produtividade?
José Pastore —
A produtividade depende de vários fatores. Um estudo da MacKinsey informa haver três componentes fundamentais na determinação da produtividade do trabalho: a tecnologia, a administração da empresa e a capacitação do trabalhador. As tecnologias estão ficando cada vez mais baratas e mais acessíveis. As empresas estão ficando muito iguais em matéria de equipamento. Quanto à administração, é um assunto que a empresa com seus esforços pode melhorar e está melhorando. A capacitação do trabalhador, porém, está fora do alcance da empresa. Esta pode oferecer treinamentos específicos. Mas o que mais conta na produtividade é a formação básica, a lógica de raciocínio, a capacidade de trabalhar em grupo, o domínio da aritmética e da linguagem... Eu diria que a preparação do trabalhador pesa uns 50% e os outros dois fatores 25% cada um.

DC — Se um trabalhador não tem a educação básica completa, o que isso tem a ver com todos nós?
Pastore —
A falta de uma educação básica de boa qualidade impede a aprendizagem de conceitos mais avançados. Como a modernização tecnologia é rápida e contínua, os trabalhadores ficam de fora do processo, têm pouca eficiência, produzem menos e ganham menos. Sim porque o que mais conta para a remuneração nos dias atuais é a real capacidade de cada um. Quando tudo isso falha, a economia perde e o país cresce pouco.

DC — O que precisa ser ajustado no ensino?
Pastore —
Basicamente, o ensino precisa melhorar de qualidade. Não basta adestrar os alunos. É preciso educá-los. Não basta ensiná-los a passar nas provas. É preciso ensiná-los a pensar. Poucas são as escolas que conseguem fazer isso. Na melhor das hipóteses prepara os alunos para passar nos exames. Isso é pouco. Pensar é estratégico em qualquer profissão e nível de capacitação. Essa tarefa cabe fundamentalmente à educação básica.

DC — O senhor vê iniciativas concretas para resolver o problema da baixa qualidade na educação?
Pastore —
Gosto muito das escolas do Sistema S. Visito-as há mais de 50 anos. Nunca vi uma dessas escolas depredadas. Nunca vi indisciplina. Nunca vi uma parece pinchada ou uma grama crescida no jardim. Os alunos estudam com afinco. As provas são rigorosas. Mas o ensino é feito com professores de boa qualidade. Sem isso, não há como produzir pessoas de boa qualidade. Há outras boas escolas no Brasil. Mas não são muitas. Tenho esperança que o Pronatec venha a melhorar o nosso ensino profissional.

DC — Quanto tempo levaria para atingirmos um nível educacional adequado?
Pastore —
Se começarmos hoje com uma boa revolução na preparação de professores, no mínimo, uma geração — 25 anos. É o tempo que a Coreia do Sul levou para se tornar uma nação pujante. Tudo com base na educação.

DIÁRIO CATARINENSE

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