Enem | 10/09/2013 02h02min
As redações Imigração no Brasil: Resolver para Poder Crescer, de Larissa Reghelin Comazzetto, 17 anos, e Olhares que Buscam o Brasil, de Caroline Lopes dos Santos, 18 anos, estão entre as cinco dissertações nota mil do país citadas como exemplo no guia do Enem. Além de terem estudado durante sete anos no Colégio Militar de Santa Maria (CMSM), as duas jovens foram aprovadas na UFSM para Medicina.
No guia, os estudantes encontram explicações sobre as cinco competências que serão avaliadas. Ao lado, leia as dicas das gurias nota mil de como se dar bem na redação.
— Em aula, depois da correção, os alunos têm de reescrever o próprio texto, prestando atenção nas observações que foram feitas. É um ótimo exercício porque ajuda a reorganizar os argumentos, repensar a escrita — conta a professora de redação do CMSM, Claudete Linhares Sachett.
A professora do Grupo Unificado Luísa Canella destaca alguns méritos dos textos:
— Eles têm ótima tipologia dissertativo-argumentativa (competência 2) e boa seleção de informações para a construção de uma tese (competência 3).
Confira os textos e os depoimentos das estudantes
Olhares que buscam o Brasil
Caroline Lopes dos Santos
Ao despontar como potência econômica do século XXI, o Brasil tem cada vez mais atraído os olhares do mundo, chamando a atenção da mídia, de grandes empresas e de outros países. Contudo, é outro olhar não menos importante que deveria começar a nos sensibilizar mais: o olhar marginalizado e cheio de esperança daqueles que não têm dinheiro, dos famintos e desempregados ao redor do globo. São pessoas com esse perfil que majoritariamente contribuem para o crescente volume de imigrantes no país, e o que se vê é uma ausência de políticas públicas eficientes para receber e integrar essas pessoas à sociedade.
Não parece que a solução seja simplesmente deixar que imigrantes pouco qualificados continuem entrando no país de forma irregular e esperar que eles, sozinhos, encontrem um ofício para se sustentar. O governo ainda não percebeu que a regularização desses imigrantes e a inserção dos mesmos no mercado de trabalho formal poderiam servir como oportunidades para o país arrecadar mais impostos e possíveis futuros cidadãos, ou seja, novos contribuintes para a deficitária Previdência Social.
Visando aproveitar tais benefícios, o governo poderia começar a implantar, nas regiões por onde chegam os imigrantes, mais órgãos e agências que oferecessem serviços de regularização do visto e da carteira de trabalho, posto que ainda há muita deficiência de controle nesse setor. Além disso, nos destinos finais desses imigrantes poderiam ser oferecidos cursos de português e cursos qualificantes voltados para os mesmos. Isso facilitaria muito a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho formal e poderia inclusive suprir a alta demanda por mão-de-obra em setores como o da construção civil, por exemplo.
Nesse sentido, é preciso que atitudes mais energéticas sejam tomadas a fim de que o país não deixe escapar essa oportunidade: a de transformar o problema da imigração crescente em uma solução para outros. A questão merece mais atenção do governo, portanto, pois não deve ser a toa que o Brasil, além de ser conhecido pela hospitalidade, também o é pelo modo criativo de resolver problemas. Prestemos mais atenção aos olhares que nos cercam; deles podem vir novas oportunidades.
Depoimento de Caroline
No colégio, eu escrevia várias redações. Sempre gostei de ler também, embora, no ano do vestibular, tivesse menos tempo. Continuei escrevendo, e isso compensava. Quando o estudante ainda está descobrindo seu estilo, com o tempo, ele vai percebendo qual faz as ideias fluírem mais. Sempre leio jornal, e as aulas de sociologia no colégio ajudavam muito, pois eram voltadas para o Enem.
Imigração no Brasil: Resolver para poder crescer
Larissa Reghelin Comazzetto
Japoneses, italianos, portugueses, açorianos ou espanhóis. Durante o século XIX, muitos foram os povos que, em busca de trabalho e bem-estar social, desembarcaram no Brasil e enriqueceram nossa cultura. Atualmente, em pleno século XXI, a imigração para o Brasil mantém-se crescente, desafiando não somente nossa sociedade como também nossa economia.
Assim como os antigos imigrantes, os indivíduos que hoje se instalam em território brasileiro anseiam por melhores e mais dignas condições de vida. Muitos deles, devido à Crise Econômica originada em 2008, viram-se obrigados a se dirigir para outras nações, como o Brasil. Os espanhóis, por exemplo, por terem sido intensamente atingidos pela recessão, já somam uma quantidade expressiva na periferia de São Paulo. Diante disso, a fração da sociedade que reside em tal localidade vem enfrentando muitas dificuldades em "dividir" seu espaço, que, inicialmente, não era adequado à sobrevivência, quem dirá após a chegada dos europeus. Segundo pesquisas realizadas pelo jornal "A Folha de São Paulo", no primeiro semestre de 2012, brasileiros e espanhóis dos arredores de São Paulo vivem em constantes conflitos e a causa traduz-se, justamente, na irregularidade habitacional que ambos compartilham.
Como se não bastasse, a economia brasileira também tem sofrido com a chegada dos migrantes. Existem, entre eles, tanto trabalhadores desqualificados como profissionais graduados. O problema reside na pouca oferta de emprego a eles destinada. Visto que não recebem oportunidades, passam a integrar setores informais da economia, sem direitos trabalhistas e com ausência de pagamento dos devidos impostos. O Estado, dessa forma, deixa de arrecadar capital e de aproveitar a mão-de-obra disponível, o que auxiliaria no andamento da economia nacional.
Assim, com a finalidade de preparar a sociedade e a economia brasileiras para a chegada dos novos imigrantes, medidas devem ser tomadas. O Estado deve oferecer incentivos às empresas que empregarem os recém-chegados; essas, por sua vez, devem prepará-los para o mercado brasileiro, oferecendo treinamentos adequados e cursos de Língua Portuguesa e, ainda, garantir seus direitos trabalhistas. É imprescindível que o governo procure habitações para os imigrantes e que nós, brasileiros, respeitemos os povos que, seja no passado ou no presente, somente têm a nos acrescentar.
Depoimento de Larissa
Além das aulas no colégio, no ano passado, tive de fazer um cursinho de redação com professor particular. Tudo porque eu não gostava de escrever. Sempre gostei de ler, mas de escrever, não muito. O professor dizia para treinar bastante, mas que era para eu escrever somente quando eu estivesse pronta. No começo do ano passado, escrevia duas redações por semana.
ZERO HORA
Ex-alunas do Colégio Militar de Santa Maria, Caroline (E) e Larissa (D) destacam hábito de escrever adquirido na escola
Foto:
Jean Pimentel
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