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A Educação Precisa de Respostas  | 07/09/2013 04h10min

Aposentado encontra 57 livros no lixo em Santa Maria

Livros didáticos de história e geografia estavam em contêineres

Igor Müller  |  igor.muller@diariosm.com.br

Já faz algumas semanas - desde o dia 12 de agosto - que a sala de estar da casa do engenheiro agrônomo Uguatemi Belmonte de Abreu, 67 anos, ganhou novos ornamentos. Sinceramente, eles parecem meio deslocados ali. Não são quadros nem enfeites, flores ou cortinas novas.

Há cerca de quatro semanas, Abreu tem 57 livros didáticos. A posse dos livros, porém, é que pode causar uma certa surpresa: todos eles estavam em dois contêineres de lixo.

Na tarde daquele 12 de agosto, quando foi depositar o lixo no contêiner, o aposentado viu alguns livros com aspecto de novo.

A grande quantidade deles deixou Abreu intrigado a ponto de, à noite, pegar uma escada e ir resgatar o material didático de dois contêineres para que não fossem parar num aterro sanitário.

Ele limpou todos os livros e deixou empilhados em um canto da sala. No dia seguinte, ele se deparou novamente com mais livros da mesma editora. Eles estavam sendo recolhidos por um catador em outra rua próxima. E, assim, a coleção de livros didáticos aumentou. Os livros de geografia - Expedições Geográficas - e de história - Estudar História - ambos da Editora Moderna, são manuais do professor para alunos do 6º ao 9º ano.

O caminho dos livros didáticos até chegar à mochila do estudante

Antes de chegar nas mãos dos alunos, os livros utilizados pela rede pública de ensino passam por um longo processo. De acordo com o site do Ministério da Educação (MEC), o processo de seleção dos livros didáticos começa com a adesão das escolas municipais e estaduais no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

O segundo passo é a publicação de edital no Diário Oficial da União convocando as editoras interessadas em participar do programa. Os livros inscritos passam por uma seleção e, após, a lista dos livros aprovados é publicada no Guia do Livro, que é enviado às escolas. Os professores e diretores das escolas escolhem o material didático que será utilizado e encaminham o pedido ao MEC.

Após a compra, o material é enviado para as escolas, e os livros são distribuídos aos alunos. O que a 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) irá averiguar é como os livros encontrados por Abreu - que constam na listagem do MEC - foram parar no lixo.
Uma equipe da 8ª CRE recolheu os livros na tarde da última terça-feira. Eles servirão como reserva técnica, caso alguma escola precise de mais material didático.

A assessoria de imprensa da 8ª CRE não soube informar se eles são usados por alguma escola da rede pública de ensino.

DIÁRIO DE SANTA MARIA
Fernanda Ramos / Especial


Foto:  Fernanda Ramos  /  Especial


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