clicRBS
Nova busca - outros

Notícias

Educação Básica  | 03/09/2013 01h31min

Sucesso além da ponta do lápis

Iniciativas de duas escolas de Santa Maria provam que o melhor investimento para educação de qualidade é nos alunos

Carolina Carvalho  |  carolina.carvalho@diariosm.com.br

Esqueça o velho conceito de sala de aula com professor autoritário, lições de bê-a-bá e alunos que se arrastam para chegar e correm para ir embora. A receita para a boa formação é um ambiente que congrega educação com diversão e ocupa o tempo ocioso da gurizada com iniciativas inteligentes e atrativas. Pelo menos é nisso que acreditam o professor Danclar Rossato, diretor da Escola Estadual Augusto Ruschi, e Andréia Aparecida Schorn, responsável por uma turminha do berçário do Núcleo de Educação Infantil Caic Luizinho de Grandi.

Os dois encabeçam, em Santa Maria, iniciativas educacionais reconhecidas em nível estadual e nacional. Danclar é primeiro lugar, no Rio Grande do Sul, no Prêmio Gestão Escolar. E Andréia bolou um projeto que está entre os 50 melhores do Brasil conforme o Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita.

Planejar rima com educar

A Augusto Ruschi, que fica na Cohab Santa Marta, guarda segredos para o sucesso.
- Geralmente, o nosso aluno vem de uma família desestruturada, de um local cercado de criminalidade e de violência. É um aluno sem acesso à cultura. Nesse contexto, a escola não pode se preocupar só com educar - explica Rossato, diretor da escola.

Os dois pilares principais da proposta pedagógica da escola são os programas Mais Educação e Escola Aberta. É por meio da primeira iniciativa que os alunos têm atividades educativas e lúdicas. Já o Escola Aberta abre as portas da instituição para a comunidade aos finais de semana, que pode participar de oficinas de dança, esporte, artesanato, informática e música, entre outras.

Para desenvolver a estratégia educacional do ano passado, que rendeu o reconhecimento, a primeira coisa feita pela Augusto Ruschi foi sair da escola. Foi feito um levantamento com mais de 420 famílias de estudantes da instituição para saber suas necessidades.
- Percebemos que a comunidade se preocupava com a violência. Por isso, desenvolvemos um eixo temático para 2012 que se chamou 'Educação para a cultura da paz' e todas as atividades foram adaptadas a esse tema - conta o diretor.   
Com isso, a escola passou também deixou de ser alvo de vandalismos. Até um Comitê de Combate à Violência, formado por pais, alunos, vizinhos, associação de moradores, Brigada Militar e Conselho Tutelar existe na escola.

Toda ajuda é bem-vinda

Outro segredo da Augusto Ruschi é a gestão descentralizada, como ocorre no refeitório. Alda de Vargas Machado, 40 anos, tem três sobrinhos na escola. Ela prepara a refeição deles e de mais cerca de 150 crianças.
- Eu senti no meu coração que eu deveria ajudar. Criança faz a gente ficar mais alegre, e a gente faz um monte de amigos - diz Alda.

Silvana Quevedo da Silva, 32 anos, coordenadora da cozinha, acha que toda ajuda é bem-vinda:
- Com as mães voluntárias aqui, tudo fica mais fácil.

Além disso, a escola conta com uma sala especial para os alunos com deficiência desenvolverem suas habilidades no turno inverso. O local conta com moderno laboratório de informática e sala de leitura.
- A sensação é de estar em um lugar mais silencioso, que ajuda na concentração - relata a aluna Isa Gonçalvez, 16 anos.

Mas o barulho também tem espaço, nas aulas de canto. O professor Tales Amaral deixa a turma afinada ao mesmo tempo que passa valores de disciplina.
- É muito divertido. Depois que começaram as aulas, eu também passei a cantar em casa - diz Erica Debuss, 11 anos.

O volume também é alto quando, no recreio, as caixas de som sintonizam a Rádio Escola. Conforme a professora Rosane Pendeza Callegaro, coordenadora da rádio, são os alunos que fazem a programação. Experiente na tarefa de bolar os roteiros dos programas que os alunos vão ouvir, Pamela de Medeiros, 11 anos, cuida da operação técnica:
- A parte mais interessante do trabalho é que ele nos exige pesquisa. Não podemos colocar qualquer coisa no ar. Então, pensamos bem nos temas e nas músicas - diz a estudante.

Curioso? Acesse a rádio pelo radioruschi.wix.com/radioruschi.

Um caminho bastante lúdico

Quando fala do Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Chivita, os olhos da professora Andréia Schorn se enchem de brilho. Mas não é só pelo presente em si - a assinatura da revista Nova Escola, especializada em educação. É pelo desenvolvimento que ela percebeu nas 24 crianças das quais cuida, no Núcleo de educação Infantil Caic Luizinho de Grandi, na Vila Lorenzi, em Santa Maria.

O projeto Me Descobrindo, desenvolvido com os pequenos que têm idade entre 1 e 2 anos, começou em 8 de abril deste ano, quando a educadora montou uma barraquinha em sala de aula. Os alunos gostaram tanto do espaço que a professora enxergou nele uma possibilidade. Até 11 de maio, ela estimulou as crianças a construírem suas próprias barraquinhas de papelão.
- Recolhi as caixas na comunidade e começamos a construir. As crianças foram estimuladas visitar uns aos outros, por exemplo. Eles gostavam tanto que, na hora de dormir, preferiam deitar nas caixas de papelão em vez de ir para os colchões - diverte-se Andréia.

Além disso, a professora oportunizou que as crianças trabalhassem com pintura, música e até poesia. O resultado virou exposição e livro. A mostra, que está no pátio do Caic, apresentou as casinhas e o livro, que conta um pouco da história de cada aluno.

Andréia tem 41 anos e dedicou 20 deles ao magistério. Ela cursou Pedagogia no Centro Universitário Franciscano (Unifra) após tentar a carreira de educadora especial. No Caic ela está desde o começo do ano. Passou a trabalhar na escola porque se mudou para a vizinhança. Hoje, está realizada, e quer seguir na missão de lidar com pessoinhas que precisam muito de atenção.
- Estou muito, muito, muito feliz com o reconhecimento do nosso trabalho, que é tão difícil, mas também é tão bonito e dedicado a alunos tão pequenos - comemora a professora, que já pensa em um próximo projeto para desenvolver sua turminha.

DIÁRIO DE SANTA MARIA
Jean Pimentel / Agencia RBS

Alunos na biblioteca da Escola Estadual Augusto Ruschi
Foto:  Jean Pimentel  /  Agencia RBS


Comente esta matéria

Mais Notícias

A Educação Precisa de Respostas  30/01/2016 16h58min
'Projeto Resgate' entrega apostilas e materiais para alunos de Joinville

grupoRBS

Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho

Prêmio RBS de Educação

Grupo RBS  Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2012 clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.