Ao escutar a sirene que marca o fim de cada aula, a diretora da Escola Municipal La Hire Guerra, de Eldorado do Sul, Fabiana Rodrigues, comemorou: – Coisa boa ouvir isso! Após uma semana inativo, o som estridente voltou a soar ontem pela manhã, entre os prédios atingidos por um incêndio criminoso, cometido por adolescentes, segundo a polícia.

Como se fosse o retorno de um período de férias, cerca de duas centenas de estudantes chegaram ao colégio – a maioria, com mochilas às costas – por volta das 8h. Dessa vez, em lugar da alarmante sirene dos bombeiros, chamados a combater o fogo na madrugada da segunda-feira, 12, o que as crianças e jovens ouviram foi um sinal de alívio: o alerta para retomarem seus lugares nas salas de aula.

Alegres no reencontro com os colegas, os alunos pareciam ignorar o canteiro de obras montado ao redor de dois prédios tomados pelas chamas. Sorridentes, passavam pela rede laranja que isolava as áreas incendiadas sem fazer da divisória um muro de lamentações. Pareciam incorporar o espírito da diretora, que superou as lágrimas do impacto ao ver o colégio – a poucas quadras de sua casa – em chamas.

– É por vocês que estamos aqui – disse Fabiana, dirigindo-se aos alunos e pais que compareceram a uma reunião no ginásio de esportes.

O encontro com os estudantes e familiares ainda se repetiria ontem à tarde e à noite. O objetivo era orientá-los sobre as adaptações e reforçar a importância da união da comunidade do bairro Sans Souci neste momento.

Com os livros da biblioteca – ainda cheirando a fumaça – acomodados embaixo da escada e as classes amontoadas em corredores, a escola estabeleceu horários especiais para poder reiniciar as atividades. Para que o colégio consiga abrigar todos, os alunos da manhã terão aulas reduzidas.

Prédio mais danificado será reaberto em 40 a 60 dias

O incêndio prejudicou espaços com diferentes funções na escola, que reúne quase 700 alunos, divididos em Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Locais destinados à biblioteca, às atividades de vídeo, aos professores, à banda marcial e ao material de Educação Física estão entre as áreas atingidas.

Presente na reabertura da escola, o prefeito de Eldorado do Sul, Sérgio Munhoz, que estudou no local na década de 1970, estabeleceu prazos para a reconstrução total das áreas danificadas. O prédio onde ficam seis salas de aulas e que teve o forro e as cortinas queimados deverá ser liberado daqui a duas semanas, segundo ele.

O pavilhão maior, de onde restaram apenas os livros, milagrosamente, precisará de 40 a 60 dias para ser reformado. Esta será a segunda vez que o local será reerguido – em 2012, um temporal havia destruído o telhado.

– Concentramos todo o esforço. Paramos tudo o que estava sendo feito nas outras escolas – disse o prefeito.