Gabrielle Bittelbrun  |  gabrielle.bittelbrun@diario.com.br

Uma recomendação do Ministério da Educação (MEC) pode influenciar em um dos principais centros de referência no ensino de crianças do Estado. Um ofício do MEC aponta que as unidades de educação infantil nas universidades federais devem ser municipalizadas, incluindo o Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI) da Universidade Federal de SC.

A instituição catarinense e a prefeitura de Florianópolis sinalizam posição contrária à proposta. Em ofício enviado às universidades, o governo federal expõe que a educação infantil é uma oferta a ser atendida pelos municípios, com o apoio do governo federal. Por isso, deve ser tratada no âmbito da política municipal de educação infantil onde os campi das universidades estiverem localizados. Para a diretora do NDI da UFSC, Marilene Dandolini Raupp, a medida interfere em tarefas básicas do núcleo. 

— A nossa razão de existir na universidade federal é exercer a função de desenvolver a pesquisa e socializarmos o conhecimento, com a extensão, além de educar as crianças — reforça.

A diretora reforça que a mudança atingiria também o preparo dos professores das redes municipal e estadual, já que o Núcleo promove cursos, além de oferecer consultoria pedagógica e e de participar em inúmeras pesquisas na área, incluindo pesquisas nacionais.

Marilene reforça a importância acadêmica do local onde universitários da UFSC e da Udesc de cursos como Pedagogia, Educação Física e até Nutrição realizam estágios obrigatórios e não obrigatórios. A UFSC emitiu uma carta defendendo a manutenção do vínculo do Núcleo à UFSC. O chefe de gabinete da UFSC, Carlos Vieira, concorda que o núcleo não é uma creche comum e tem também a função de "laboratório" na área de educação. Segundo Vieira, outras universidades no país também discordam da proposta.

As instituições organizam, para setembro, uma mobilização nacional para a manutenção do vínculo das unidades às universidades. A prefeitura de Florianópolis segue com o mesmo posicionamento. 

— Estamos estudando com o MEC a possibilidade do Núcleo continuar com a universidade, pelos trabalhos de pesquisa, extensão e na formação de professores — afirma o secretário municipal de Educação, Rodolfo Pinto da Luz.

Preocupação também para pai de alunos

Formação diferenciada e estudo para as próximas gerações. É assim que Roberto Kuhlkamp vê o Núcleo em que estão matriculados os dois filhos, Rafael, 5 anos, Gabriel, 4. O bancário está apreensivo em relação ao futuro das pesquisas da instituição, com a possibilidade de municipalização. 

— No NDI, a forma de pensar a criança é completa, é diferenciada pelo trabalho acadêmico deles. Se ele for municipalizado, será desvinculado da universidade e então quem pesquisará sobre as crianças? — questiona, preocupado.

Números do NDI da UFSC em 2013*
242 crianças atendidas
51 acadêmicos bolsistas
21 professores
faixa etária atendida de quatro meses a 5 anos e 11 meses
existe desde 1980*
Fonte: Direção do Núcleo

DIÁRIO CATARINENSE