A Educação Precisa de Respostas | 15/08/2013 15h10min
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou na quarta-feira uma resolução prevendo que cantinas de escolas de educação básica que venderem alimentos não saudáveis podem ser impedidas de conseguir licenciamento ou renovar o alvará. O texto precisa passar por votação na Câmara dos Deputados e ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff para vigorar.
O documento aprovado prevê que ficarão vedadas bebidas de baixo teor nutricional e alimentos com quantidades elevadas de açúcar, gorduras saturadas e trans ou sódio. Quem vender produtos com essas características fica sujeito às penalidades previstas na legislação sanitária federal. O autor do projeto, senador Paulo Paim (PT-RS), quer ainda que o Sistema Único de Saúde (SUS) realize ações educativas sobre nutrição para pais, professores e alunos.
Oferecer uma boa alimentação às crianças, em face de tantas opções de produtos disponíveis, é uma preocupação não apenas dos governantes mas também das escolas e das famílias. Delicado, o assunto vem sendo debatido há décadas por especialistas, mas algumas dificuldades ainda não foram superadas, como o que fazer para definir o que é alimento saudável e como lidar com a recusa da criança em seguir regras de alimentação impostas a ela.
A pedagogoa Maria Edna Scorcia salienta que as escolas não têm poder para determinar o tipo de alimento que as crianças consomem, embora a cantina do colégio tenha o cuidado de não oferecer frituras e alimentos mais gordurosos. “É uma carga cultural que os alunos trazem de casa e para nós é difícil intervir”, diz ela.
Outros especialistas em desenvolvimento infantil defendem que se deve conter certos exageros, sobretudo nos discursos. Para a psicóloga clínica Ana Cássia Maturano, especialista em desenvolvimento infantil, comer doces, salgadinhos, refrigerantes e outros alimentos desejados não é algo que precisa ser riscado para sempre do cardápio. "O que precisamos é de moderação”, diz ela, lembrando que os problemas da alimentação estão relacionados mais à quantidade que à qualidade dos alimentos.
O que pode e deve ser feito, segundo Ana Cássia, é os pais estabelecerem determinados dias para que certos alimentos sejam consumidos, como o consumo de refrigerante apenas nos fins de semana, por exemplo.
"O que não faz sentido é exagerar para o outro lado e impedir os filhos de terem uma alimentação de certo modo comum à das outras pessoas”, diz. “Uma coisa é nunca comer doces, outra bem diferente é regular seu consumo, educar para a qualidade de vida".
A psicóloga infantil ressalta a importância da atuação e do exemplo dado pelos pais.
"Comer é um hábito que se desenvolve dentro da cultura familiar. É gostoso e quem deve ajudar as crianças a se controlarem e desenvolverem bons hábitos são os pais. Não adianta cobrar das escolas e no término da aula, ou mesmo nos intervalos, os alunos atravessaram a rua para ir aos fast foods", finaliza.
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