Na tarde desta terça-feira, os quatros adolescentes envolvidos no incêndio da Escola Municipal de Ensino Fundamental La Hire Guerra, de Eldorado do Sul, devem depor mais uma vez. A intimação e o pedido para que os pais também compareçam foram feitos pelo delegado Alencar Carraro, responsável pelo caso.

— Queremos verificar se há alguma informação nova, que não nos foi contada ontem. Também estamos buscando saber se a escola tinha algum circuito de câmeras de segurança, mas acreditamos que não havia — explica Carraro.

Segundo o delegado, os dois adolescentes que foram detidos no pátio da escola, um de 14 e outro de 16 anos, alunos do 8º ano, assumiram a autoria dos atos. Eles disseram que tinham bebido e resolveram invadir a escola. Queriam quebrar tudo para não ter aula no dia seguinte, mas não teriam premeditado o incêndio.

Os outros dois garotos detidos negaram envolvimento. Os quatro foram liberados depois de serem ouvidos. O delegado irá pedir internação pelo prazo máximo, de três anos.

Funcionários fazem mutirão de limpeza

Desde as 8h desta terça-feira, funcionários da escola trabalham para resgatar o pouco que sobrou do mobiliário das 10 salas de aula atingidas pelo incêndio criminoso provocado por quatro adolescentes na madrugada de segunda-feira.

Professores, coordenadoras e diretoras se esforçam para recuperar cadeiras, mesas e livros que não foram consumidos pelas chamas. E, com cuidado, ainda retiram as obras reunidas na antiga biblioteca da escola que, apesar de ter o telhado e parte das paredes queimadas, conservou livros quase intactos em seu interior.

— Foi um milagre os livros não terem sido atingidos. Agora estamos recolhendo todos os exemplares, para que possamos, aos poucos, fechar a escola — afirma Silvana Andriotti, vice-diretora da escola.

Do lado de fora da instituição, alunos e moradores do bairro Sans Souci ainda se reúnem, mas são impedidos de entrar em função do risco de desabamento. E, por meio do telefone instalado de forma improvisada (a escola está sem energia elétrica), notícias melhores já chegam. São ligações oferecendo ajuda e solidariedade.

— Um professor de uma escola de Porto Alegre nos ligou nesta manhã para dizer que tem alguns instrumentos musicais para nos doar. Ficamos de entrar em contato assim que as coisas se normalizarem por aqui — conta Silvana.

Um chá para escolher a rainha da banda marcial da escola está marcado para o próximo sábado, mas não restou sequer um instrumento para a apresentação do Dia da Pátria. Por isso, professores e os 40 alunos da banda agradecem.

— Toda ajuda é bem-vinda — resume a vice-diretora.

Como ajudar
A escola está aberta a doações de instrumentos. Contatos podem ser feitos pelo telefone 3481-6038.
Os ensaios da banda marcial acontecem todos os sábados à tarde, na própria escola (Rua Irene Santos Totta, 301, Bairro Sans Souci - Eldorado do Sul).