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Vestibular  | 06/08/2013 02h32min

RedAção ZH: O Brasil realmente acordou?

Confira a dissertação de um das campeões do concurso de 2013

Leia o texto de Breno Augusto da Silva Franco, 15 anos, aluno da Escola Estadual de Ensino Médio Guarani, de Canoas, vestibulando de Filosofia e vencedor do redAção ZH 2013.

O Brasil realmente acordou?

Muitos têm interpretado as manifestações recentes como se, no fundo, deixassem transparecer a iminência do nascimento de uma nova era, de uma nova juventude. Entretanto, nada me parece dar em ensejo a esperanças muitos infladas e otimistas.

De fato, o germe da estagnação, da letargia, da indiferença para com o futuro parece estar enterrado na juventude contemporânea e em seu modo de vida. A maioria quase absoluta dos jovens de hoje educa-se numa cultura à qual cumpre chamar, com certa liberdade, "pequena cultura". Seu espírito é tornado estreito, delgado, miúdo, sob o jugo de uma série de exigências do sistema em que vivemos. Desde cedo, por exemplo, somos ensinados a não querer senão o famigerado sucesso profissional, quer dizer, a conformação a uma perfeita nulidade. Muitos chegam até mesmo a sacrificar seus desejos mais íntimos em nome de um bom salário. Não por acaso, acredito, vemos muitas vezes pessoas com vários zeros à direita na conta bancária que, entretanto, andam por aí sem rumo e melancólicas. Mas a maioria das pessoas conforma-se a qualquer coisa, contanto que tenha um bom salário; por que, afinal, não se conformaria a uma difamante situação política?

Porém, é precisamente isso que assusta nessas revoltas: nelas estão envolvidos jovens de todas as classes, não apenas aqueles a quem as mudanças mais beneficiariam. Por isso se ouve dizer em toda a parte que a juventude acordou da sonolência mórbida em que se havia mergulhado. Os jovens, num surto de indignação, irromperam a bradar contra tudo aquilo que revolta não somente a eles, mas a toda a população. Porém, receio que os ânimos, com a mesma rapidez com que se exacerbaram, possam também arrefecer, que os fogos que vinham inflamando o povo possam se extinguir como miseráveis fagulhas.

Em resumo, não acredito que em um surto tão repentino e fortuito a juventude tenha acordado, mas que toda mudança desse gênero só muito lentamente se perpetuaria. E, por fim, não se pode negar a possibilidade de que, assim como aquele que é despertado por um estrondo durante a noite julga ter perdido irremediavelmente o sono, porém torna logo a dormir, a juventude brasileira volte, também ela, a adormecer novamente.

Comentário da professora Luísa Canella

> Este texto faz uma forte crítica ao comportamento dos jovens e toma um caminho argumentativo diferente: seu autor não tem tanta esperança de que a juventude brasileira realmente tenha mudado. Breno Augusto demonstra ousadia e originalidade ao defender um ponto de vista divergente ao da maioria dos candidatos, mas o faz com clareza e consistência.

ZERO HORA

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