Vestibular | 06/08/2013 02h31min
Confira o texto de Ana Paula Nothen Ruhe, 16 anos, estudante do Colégio La Salle Santo Antônio, Porto Alegre, vestibulanda de Ciências Econômicas e vencedora do redAção ZH 2013.
A juventude em uma foto
Se fosse possível conter e retratar em uma fotografia o momento vivido em um país, as imagens obtidas em maio e em junho deste ano seriam muito diferentes entre si. Na primeira se veria um ambiente tranquilo e certa satisfação, enquanto na segunda, a população, irreconhecível, apareceria em movimentos sociais tentando combater as injustiças a que é submetida. O detalhe mais surpreendente é a presença, bem no centro da foto, dos jovens que, no mês anterior, pareciam não ter interesse naquilo que não interferia diretamente em sua vida cotidiana. A juventude brasileira mostrou que está em transformação.
Antecedida por vários grupos de jovens insatisfeitos com o contexto social brasileiro que eram peças fundamentais nos movimentos revolucionários, a geração do século XXI parecia desinteressada por qualquer tipo de transformação. Acomodada, essa juventude preferia ficar em casa, visto que as redes sociais disponíveis eram suficientes para mantê-la em contato com quem fosse da sua vontade. Esses meios valorizam a subjetividade, característica marcante do jovem contemporâneo, que não se identifica com a ideia de ser apenas mais um em um grupo seguindo os interesses de uma liderança. Parecia que a juventude não estava mais destinada a promover mudanças, mas ela provou o contrário ao encontrar sua própria maneira de agir. A primeira revolução foi interior: o jovem mudou a si mesmo. O espírito de busca por direitos e de luta, que antes estava adormecido, veio à tona com força, sendo o grito de guerra "o gigante acordou" uma excelente representação da nova forma de pensar e agir.
Ser jovem, a bem da verdade, é ser uma constante transformação. Há pouco tempo, o jovem ainda era uma criança e, ao chegar mais perto da vida adulta, ele recebeu direito, deveres e voz para expressar suas opiniões. A juventude atual parece ter levado mais tempo que o normal para perceber o poder de sua voz, mas o que acontece, na realidade, é que o "idioma" falado não condizia com o seu pensamento. A mudança da juventude brasileira foi criar uma nova linguagem para se expressar, e o que se viu em junho foi a pronúncia das primeiras palavras e a descoberta de um mundo cheio de possibilidades, no qual se é ouvido como um adulto.
A juventude brasileira reinventou-se e, apesar de as mudanças terem se tornado visíveis apenas recentemente, elas já aconteciam e estavam presentes nas fotografias de maio, de fevereiro, do ano anterior e em todo o álbum que é a história do país. A geração atual faz-se única a cada dia e, em cada transformação, aproxima-se de um futuro melhor, construído da sua própria maneira.
Comentário da professora Luísa Canella
> Este texto destaca-se pelo investimento autoral, ou seja, Ana Paula elabora criativamente uma analogia entre o jovem de épocas passadas e o jovem atual por meio de uma figura de imagem: a foto na qual se tem a presença de ambos. Percebe-se, assim, a possibilidade de demonstrar esforço pela autoria ao abordar o tema de modo a fugir do lugar-comum.
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