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Vestibular  | 06/08/2013 02h31min

RedAção ZH: "Ai, que preguiça!"

Confira a dissertação de uma das campeãs do concurso de 2013

Leia o texto de Fernanda Leal dos Santos, 17 anos, aluna do Colégio URI — Campus de Erechim, vestibulanda de Engenharia Química e vencedora do redAção ZH 2013.

"Ai, que preguiça!"

A notável frase, imortalizada pelo personagem Macunaíma, de Mário de Andrade, poderia ter sido tranquilamente atribuída a um indivíduo nascido a partir da década de 1990. Todavia, a juventude brasileira passa por um marcante processo de mudança e reconhecimento. Após anos de letargia, voltou a demonstrar sua existência.

A última vez na qual se enfrentaram manifestações populares expressivas no Brasil foi há pelo menos 22 anos, em 1991. Insatisfeita com o então presidente Fernando Collor — acusado de corrupção —, a população foi às ruas para exigir o impeachment, no episódio que ficou conhecido como movimento dos "caras-pintadas". Após esse último despertar, porém, a sociedade pôs-se em sono profundo — tão profundo que nem mesmo escândalos revoltantes de desvio de dinheiro público ou o sonoro choro dos doentes que aguardam leitos nos precários hospitais foram capazes de despertá-la e gerar mobilizações.

Entretanto, o aumento do preço das passagens de ônibus em São Paulo, em junho de 2013, transformou-se no despertador que a juventude brasileira tanto aguardava. Ao ver-se acuada, vilipendiada por um opressor e inabalável sistema, a população finalmente se mobilizou. Em movimentos e passeatas que uniram milhões de pessoas, a voz da sociedade; a voz de quem trabalha por meses apenas para pagar impostos; de quem não conta com um governo confiável; enfim, a voz dos outrora renegados entoou orgulhosamente: "O povo acordou". Passado algum tempo do choque inicial, os protestos diminuíram, porém foram capazes de reacender no cerne dos indivíduos o sentimento de que é possível lutar por direitos.

Assim, evidencia-se que não foram apenas os jovens que mudaram, mas também o povo brasileiro como um todo. Abandonou a preguiça digna de Macunaíma para dar lugar a uma já revigorante centelha do imprescindível civismo de Policarpo Quaresma.

Comentário da professora Luísa Canella

> Esta redação destaca-se pela intertextualidade ao fazer menções aos personagens da literatura brasileira Macunaíma e Policarpo Quaresma, relacionando-os ao jovem de hoje. Com isso, Fernanda mostra, de forma original, a importância da leitura na elaboração de um bom texto.

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