clicRBS
Nova busca - outros

Notícias

Entrevista  | 02/08/2013 20h11min

Professor e pesquisador analisa dados do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal no Litoral Norte

Marcus Polette comenta desiguladade entre alguns municípios, como Itajaí e Navegantes

"Lançado nesta semana, o novo Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil, feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com o Ipea e a Fundação João Pinheiro (FJP), trouxe novidades para o Brasil, em especial para os catarinenses.

Elaborado com base nos Censos de 1991, 2000 e 2010, o novo Atlas 2013 apresenta o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de todos os 5.565 municípios brasileiros e mais de 180 indicadores de população, educação, habitação, saúde, trabalho, renda e vulnerabilidade.

Cabe destacar que o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) tem sido importante para orientar políticas e está na origem das transferências de renda focalizadas nas famílias e localidades mais pobres do país. Considerando o Brasil, cerca de 74% dos municípios se encontram nas faixas de Médio e Alto Desenvolvimento. O restante, 25%, está entre aqueles que apresentaram Baixo ou Muito Baixo Desenvolvimento Humano, um total de 1.431.

Entre as regiões que registram o maior número de municípios na faixa de Alto Desenvolvimento Humano estão as regiões Sul (64,7%) e Sudeste (52,2%). Santa Catarina passa a ser o estado com o segundo melhor Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil, só perdendo para o Distrito Federal.

Santa Catarina é a região que apresenta maior percentual de municípios com IDHM Longevidade elevado no país. Os maiores IDHM Renda da região são encontrados em Florianópolis (0,870) (SC) e Balneário Camboriú (SC) (0,854). Se os números do IDHM apontam um excelente desempenho dos municípios catarinenses em relação ao Brasil, por outro lado percebemos que é muito frágil a situação encontrada na nossa região - o litoral centro-norte de Santa Catarina.

Este setor demonstra o abismo da desigualdade que vivemos no Brasil com desafios muito complexos, mas urgentes de serem solucionados. Os municípios de Balneário Camboriú e Camboriú, por exemplo, demonstram o abismo existente. A mesma população que compartilha a água da mesma bacia hidrográfica, ou seja, 170.000 pessoas vivem realidades bem distintas.

Enquanto Balneário Camboriú se orgulha por estar na quarta melhor posição de IDHM no país, e segundo no Estado; Camboriú situado na outra margem da BR 101 ocupa a 1133ª posição em relação aos 5.565 municípios do Brasil. Em relação aos 293 outros municípios de Santa Catarina, Camboriú ocupa a 169ª posição.

Os fatores comprometedores de Camboriú estão no processo migratório e ocupação sem controle, falta de planejamento e a violência. A baixa renda per capita (média de R$ 781) e educação (população com mais de 18 anos possui média de escolaridade inferior a média de Santa Catarina e do Brasil) faz com que .

No que se refere entre a comparação entre Itajaí e Navegantes é também interessante a análise. Separados apenas pelo rio Itajaí, o município de Itajaí que ocupa a 56ª posição de IDHM em relação aos 5.565 municípios do Brasil. Em relação aos 293 outros municípios de Santa Catarina, Itajaí ocupa a 14ª posição. Avanços na educação e renda (dobrou em relação a 1990) e longevidade (78 anos) faz deste município um dos melhores lugares para viver no Brasil.

Navegantes, por sua vez, ocupa a 876ª posição de IDHM entre os municípios brasileiros. Em relação aos 293 outros municípios de Santa Catarina, Navegantes ocupa a 144ª posição. A rápida urbanização sem planejamento, o fluxo escolar na faixa dos 18 a 20 anos (menor que a média nacional e catarinense) e a renda per capita é um dos principais desafios para o município.

Apesar da média de Navegantes ter crescido 101,62% nas últimas duas décadas, passando de R$375,15 em 1991 para R$473,99 em 2000 e R$756,39 em 2010 esta ainda é muito baixa - sendo fundamental o desenvolvimento de setores econômicos que não apenas gerem emprego, mas que possam incrementar a renda da população, afinal emprego e renda são coisas bem diferentes.

Cabe destacar que as diferenças do IDHM são preocupantes, ainda mais considerando que o estado de Santa Catarina implementou estrategicamente Secretarias de Desenvolvimento Regional - SDRs, as quais deveriam atuar como órgãos absolutamente técnicos e indutores de propostas inovadoras e criativas para minimizar as assimetrias do desenvolvimento regional.

Fica assim provado por meio dos resultados apresentados pelo IDHM municipal de 2013 que a opção e estratégia política-partidária nas tomadas de decisão em relação à seriedade daquelas de natureza técnica aumentam anda mais as injustiças sociais, a violência, e a ignorância - a educação e o voto continuam sendo ainda elementos chaves para a plena cidadania".

O SOL DIÁRIO
Rafaela Martins / Agencia RBS

Marcus Polette é professor da Univali
Foto:  Rafaela Martins  /  Agencia RBS


Comente esta matéria

Mais Notícias

A Educação Precisa de Respostas  30/01/2016 16h58min
'Projeto Resgate' entrega apostilas e materiais para alunos de Joinville

grupoRBS

Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho

Prêmio RBS de Educação

Grupo RBS  Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2012 clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.