A Educação Precisa de Respostas | 30/07/2013 16h59min
Se o Hino Rio-grandense fosse atualizado com base na realidade detectada pelo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), divulgado nesta segunda-feira, o refrão que enaltece façanhas como modelo a toda terra teria de ser reescrito.
Com crescimento abaixo da média nacional no levantamento que considera longevidade, acesso ao conhecimento e renda, o Rio Grande do Sul vem perdendo posições ao longo das últimas duas décadas — e a educação é o indicador com pior desempenho, apesar dos avanços.
No comparativo de 2010 com o último índice avaliado, em 2000, o Estado cresceu 12,3%, passando de 0,664 para 0,746 na média geral do levantamento, realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para o Brasil, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a média nacional saltou de 0,612 para 0,727, num incremento de 18,7%.
Na análise comparativa de um período maior, de 1991 a 2010, o crescimento do IDHM gaúcho também foi inferior, de 37,6%, enquanto o nacional foi de 47,4%. A boa notícia é que tanto o Brasil quanto o Rio Grande do Sul evoluíram, saindo da classificação "muito baixo" para o nível considerado "alto" entre 1991 e 2010.
Mas os gaúchos têm menos motivos para comemorar. Tendo sido ultrapassado pelo Paraná, o Rio Grande do Sul caiu de quinto para sexto melhor colocado em nível nacional em relação aos dois últimos levantamentos. Se apenas os números referentes à educação fossem considerados, o declínio seria mais significativo: o Estado ficaria em oitavo lugar, atrás de Espírito Santo e Goiás. Entre os destaques feitos pelo PNUD aos classificados com melhor pontuação na área da educação, apenas um município gaúcho aparece na lista, que reúne ao todo 52 municípios: em 39º lugar, quem nos representa é Lagoa dos Três Cantos, cidade com 1,5 mil habitantes.
O índice de educação é medido a partir de dois itens. O primeiro é a escolaridade da população com 18 anos ou mais, que tem peso um no cálculo. O segundo, que tem peso dois, é uma média do percentual de crianças entre cinco e seis anos frequentando a escola, do percentual de jovens entre 15 e 17 anos com Ensino Fundamental completo e do percentual de jovens entre 18 e 20 anos com Ensino Médio completo.
Para a secretária-adjunta da Educação do Estado, Maria Eulalia Nascimento, um dos motivos que explicam o declínio progressivo em relação ao cenário nacional seria o alto índice de repetência e a falta de acesso à Educação Infantil.
— Até 2011 tínhamos no Ensino Médio o maior índice de reprovação do país e éramos o Estado com menor cobertura de atendimento à Educação Infantil. Perdemos mais de 30% de nossos alunos com repetência e evasão. Estamos trabalhando para mudar isso. O Rio Grande do Sul não participou com a intensidade que poderia do processo da educação no Brasil, porque antes se tinha outra visão — diz ela, em referência indireta a governos anteriores.
A classificação
0,800 a 1 - Muito alto desenvolvimento humano
0,700 a 0,799 - Alto desenvolvimento humano
0,600 a 0,699 - Médio desenvolvimento humano
0,500 a 0,599 - Baixo desenvolvimento humano
0 a 0,499 - Muito baixo
Ranking por Estados
O Rio Grande do Sul aparece na sexta posição, na lista que tem Alagoas (0,631) como último colocado:
1º Distrito Federal: 0.824
2º São Paulo: 0.783
3º Santa Catarina: 0.774
4º Rio de Janeiro: 0.761
5º Paraná: 0.749
6º Rio Grande do Sul: 0.746
7º Espírito Santo: 0.740
8º Goiás: 0.735
9º Minas Gerais: 0.731
10° Mato Grosso do Sul: 0.729
Faça a consulta por município:
IDHM por décadas:
- Em 2010, apenas Porto Alegre teve o índice de desenvolvimento humano muito alto (entre 0,800 e 1). A maioria dos municípios gaúchos, 313, estava no nível considerado alto (entre 0,700 e 0,799), e outros 182 no nível médio (entre 0,600 e 0,699). Apenas a cidade de Dom Feliciano, na região sul do Estado, teve desenvolvimento humano considerado baixo (entre 0,500 e 0,599).
- Em 2000, nenhum município teve o índice de desenvolvimento humano muito alto (entre 0,800 e 1). Apenas 13 cidades estavam no nível considerado alto (entre 0,700 e 0,799). A maioria, 262, ficou concentrada no nível médio (entre 0,600 e 0,699). Já o baixo (entre 0,500 e 0,599), continha 201 cidades. Há 13 anos, 20 municípios tinham o desenvolvimento humano considerado muito baixo (entre 0 a 0,499).
- Em 1991, a situação era pior. O índice de desenvolvimento humano muito baixo (0 a 0,499) predominava no Estado e 336 municípios se encaixavam nesta classificação. Nenhum município gaúcho tinha índice muito alto (entre 0,800 e 1) ou alto (entre 0,700 e 0,799). Apenas cinco estavam na faixa considerada de médio desenvolvimento humano (entre 0,600 e 0,699) e 155 cidades eram consideradas com baixo (entre 0,500 e 0,599) IDHM.
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