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Educação Básica  | 26/07/2013 21h01min

Jovens descobrem na classe o valor do dinheiro

Alunos aprendem sobre juro e investimentos e constatam o peso dos tributos

João Vitor Novoa  |  joao.novoa@zerohora.com.br

Contar os trocados no bolso faz parte do cotidiano dos adolescentes do 1º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Mathias Schutz, em Ivoti, que costumam deixar boa parte da mesada ou do salário em lan houses, lancherias e festas. Depois de iniciar aulas especiais de educação financeira, o grupo de 36 alunos, dos quais 11 trabalham, passou a se questionar por que não sobrava dinheiro no fim do mês.

Desde o início do ano, uma vez por semana, a turma de jovens entre 14 e 16 anos têm noções sobre investimentos, poupança, juros, impostos – além deles, estudantes da 7ª e 8ª séries também têm a disciplina. Aos poucos, passaram a surgir as dúvidas que a professora de matemática Denise Kern esperava. "Por que isso é tão caro?" ou "Para que serve essa lei?", indagavam ao somar as sobras do mês anterior.

Mesmo com o ambiente tumultuado, a atenção do grupo é total quando os assuntos são aqueles do dia a dia fora do colégio.

– Vocês acham que a maioria das lojas oferece a nota fiscal aos clientes? – indaga Denise, mestre em educação financeira.

É o estopim para que discussões acirradas venham à tona. Uma delas proporcionou tanto debate que acabou pautando uma aula especial sobre impostos.

Os jovens ficaram abismados com o peso da carga tributária presente nos 150 produtos listados por Denise. São itens de necessidades básicas, como arroz e feijão, até mercadorias de alto grau de complexidade, como smartphones e computadores.

Embora às vezes seja complicado manter a disciplina em uma turma repleta de adolescentes, os alunos que já trabalham dão o exemplo e são os mais interessados nos conhecimentos econômicos dados em aula.

Antes alheios ao sistema econômico, agora, os estudantes sugerem até mudanças nos investimentos do governo.

– Os produtos ficam muito caros. Uma bicicleta, por exemplo, tem carga tributária de 45,93%. O valor dela passa de R$ 216 para R$ 400 com a cobrança de impostos. A maior parte dessa grana vai para pagar dívidas, acredita? Por que não para a educação? – argumenta Giovana Milani Pinz, 15 anos, esboçando uma explicação sobre superávit primário que provocou riso entre os colegas que estavam por perto.

A reação
Evelyn Milani, 15 anos
Estudante, sobre o impacto dos impostos
"Um estojo de maquiagem custa quase o dobro. Até nisso botam a mão?!"

ZERO HORA
Charles Dias / Especial

Tamanho dos impostos chamou atenção de Giovana (E) e Evelyn
Foto:  Charles Dias  /  Especial


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