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A Educação Precisa de Respostas  | 23/07/2013 12h55min

Campo de atuação para quem se forma em Farmácia vai de laboratórios e hospitais a indústria alimentícia

Possibilidades chamaram atenção da estudante Tatyane Martins, que pretende fazer o curso

Camila Penha  |  camila.penha@diario.com.br

Ao se encontrar com uma doutora em Farmácia, Tatyane Martins, 18 anos, teve a chance de ver como a Química, sua paixão, está presente na vida das pessoas de diferentes maneiras. No laboratório de controle de qualidade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Sílvia Borgmann mostrou à estudante como funcionam os equipamentos utilizados para verificar a composição de comprimidos vendidos.

Durante a conversa, Tatyane descobriu ainda que o campo de atuação do profissional formado em Farmácia não está restrito às farmácias comerciais e laboratórios, o que a deixou com mais vontade de ingressar no curso.

Como foi o bate-papo
Tatyane Martins - Como é o dia a dia do seu trabalho atualmente?
Sílvia Borgmann
 - No Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSAD), na unidade Ilha, recebemos dependentes químicos_alguns por encaminhamento, outros que nos procuram por vontade própria — e oferecemos atividades para acolher e ajudar essas pessoas em recuperação. Elas têm a oportunidade de fazer terapia em grupos, terapia ocupacional, esportes, entre outras atividades. Temos uma equipe multiprofissional com médico, enfermeiro, assistente social, psicólogo, psiquiatra, e fazemos reuniões semanais para discutir os casos.

Eu montei e cuido da farmácia interna do centro, à qual apenas os usuários do CAPS AD têm acesso. Quando os pacientes precisam ficar em observação em um dos quatro leitos disponíveis, para realizar desintoxicação, são monitorados pela equipe de médico e enfermeiros e a farmácia atua como uma farmácia hospitalar. Muitas vezes, no entanto, as pessoas não precisam ser medicadas, querem apenas conversar. Em alguns casos faço apenas a orientação sobre o uso de diferentes medicamentos ao mesmo tempo, por exemplo.

Tatyane - Você entrou por meio de concurso?
Sílvia
 - Sim, em agosto de 2008 tomei posse após aprovação no concurso para Farmacêutico da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Florianópolis. Comecei trabalhando no CAPS ad Continente e em Março de 2011 fui transferida para a unidade do CAPS ad Ilha. Nas duas unidades eu iniciei o serviço de Farmácia, pois até então não haviam farmacêuticos nestas unidades. Em maio de 2011 tomei posse na Secretaria do Estado de Saúde (SES-SC), após aprovação em Concurso Público, sendo lotada na DIAF (Diretoria de Assistência Farmacêutica) onde permaneci até fevereiro de 2013. Nesse período continuei a trabalhar no CAPS AD, onde estou até hoje.

Tatyane - Por que você se voltou para a saúde pública se sua formação é na área industria?
Sílvia
 - Quando eu estava fazendo o doutorado (comecei em 2007 e concluí em 2012), fiz o concurso porque não tinha bolsa e também por curiosidade, já que eu havia trabalhando desde o 4º semestre da graduação com controle de qualidade na indústria. Depois até consegui uma bolsa, mas acabei gostando de trabalhar no CAPS AD.

Tatyane - Como está a estrutura do curso de farmácia da UFSC?
Sílvia
 - Não nego que muitas vezes é difícil conseguir material para os experimentos em laboratório. Às vezes usamos reagentes vencidos nas aulas e precisamos comprar material e equipamentos com a verba de pesquisa. Mas essa é a situação encontrada em muitas instituições públicas, não apenas na UFSC, e conseguimos aprender e fazer pesquisa apesar disso.

Tatyane - Você recomenda fazer estágios durante a graduação?
Sílvia
- Sim, experimente várias áreas. Faça um semestre no hospital, outro na farmácia escola ou em uma laboratório da universidade. Isso vai te ajudar a identificar a área com que você mais se identifica.


Confira o depoimento da doutora em Farmácia Sílvia Borgmann




Por dentro da carreira

Opções de atuação
O profissional formado em Farmácia tem um campo amplo de atuação. Existe a possibilidade de trabalhar nos tradicionais setores de farmácia comercial (que pode ser de manipulação ou homeopática), indústria farmacêutica, com farmácia clínica e farmácia hospitalar. Na clínica o farmacêutico atua dentro de uma equipe multiprofissional, orientando enfermeiros a respeito da aplicação de medicamentos e avaliando o tratamento do paciente. A farmácia hospitalar se volta mais para as compras, custos, armazenamento, estoque e distribuição dos medicamentos dentro de uma unidade de saúde.

Setores como a indústria cosmética ou de alimentos e a área de análises clínicas, apesar de não serem específicas do farmacêutico, aceitam bem esses profissionais. O curso de Farmácia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) é mais forte nos campos de análise de alimentos e de assistência farmacêutica, como explica a coordenadora Flávia Martinello.

O que é mais gratificante
Ver o paciente seguir um tratamento corretamente, por causa das orientações do farmacêutico, é muito satisfatório para o profissional. Produzir um novo medicamento ou ter certeza de que os produtos oferecidos no mercado são eficazes e de acordo com as exigências do Ministério da Saúde também é muito gratificante. Para quem trabalha com análises clínicas, ter o resultado de um exame clínico e partir dele garantir um diagnóstico correto para o paciente é sinônimo de dever cumprido.

O que é mais difícil
Uma dificuldade para os mais tímidos é a comunicação com as pessoas — colegas ou pacientes. Durante o curso, a quantidade de horas de aula e de estudo é um desafio para o aluno de Farmácia. Além disso, o salário muitas vezes baixo e resultados negativos junto ao paciente, no que diz respeito ao uso correto de medicamentos, pode ser desestimulante.

Do que precisa gostar
A professora Flávia Martinello aponta que é importante que o aspirante a aluno do curso de Farmácia tenha afinidade com Química e Biologia Humana, muito presentes ao longo de toda a formação. Na opinião de Flávia, todas as pessoas que escolhem a área da saúde precisam ter vontade de ajudar outras pessoas, mesmo que indiretamente.

— Quem não gosta de ter contato próximo com pacientes pode trabalhar em laboratórios de pesquisa ou de análises clínicas, por exemplo. De qualquer maneira, o farmacêutico vai sempre estar em contato com outras pessoas, seja outros profissionais da saúde, ou pacientes no hospital ou na farmácia comercial.

Disciplinas e tempo de duração
O curso da UFSC é integral e tem duração de dez semestres. O currículo atual foi implantado em 2011, por uma exigência do Ministério da Educação (MEC). Antes dessa data o curso tinha duração de sete semestre e formava farmacêuticos. Existiam duas habilitações opcionais: análises clínicas e tecnologia de alimentos, cada uma com duração de um ano. Hoje o conteúdo dessas habilitações está diluído ao longo do curso, e o aluno pode fazer disciplinas optativas para se aprofundar em algum dos eixos oferecidos. São eles: Assistência farmacêutica, Farmácia clínica, Fármacos e medicamentos, Análises clínicas e Alimentos.

Nas primeiras fases do curso o aluno tem disciplinas mais básicas de Química (Orgânica, Inorgânica e Experimental) e Biologia (Anatomia, Fisiologia, Patologia, Genética), de Introdução ao estudo do medicamento e relacionadas aos SUS, como Atenção à saúde. Na 4º fase têm início das disciplinas mais direcionadas, como Adesão e comunicação com o paciente, Aspectos moleculares da ação dos fármacos, Controle de qualidade na indústria de alimentos, entre outras.

O último ano do curso deve ser dedicado a estágios e ao trabalho de conclusão de curso. Na 9ª fase o estudante pode estagiar na farmácia escola da UFSC ou em algum laboratório, e na 10ª pode optar por estabelecimentos fora da universidade. No último semestre também é preciso apresentar uma monografia que pode ter, ou não, relação com os estágios realizados.

Mercado de trabalho
De acordo com a professora Flávia Martinello, o mercado de trabalho para quem se forma em farmácia é bom. Em Santa Catarina existem mais vagas em farmácias comerciais e em laboratórios de análises clínicas. Como o Estado é forte em agroindústria, esse setor também absorve farmacêuticos para a área de análise de alimentos. No país a indústria farmacêutica é forte, principalmente nos estados de São Paulo e Goiás e na região Nordeste.

Salário inicial
De acordo com o Sindicato dos Farmacêuticos de Santa Catarina (SindiFar/SC), o piso salarial no Estado varia de acordo com o setor, podendo ir de R$ 1.700 na indústria a R$ 2.670 em laboratórios para 40 horas semanais.

DIÁRIO CATARINENSE
Flávio Neves / Agencia RBS

A doutora pela UFSC Sílvia Borgmann mostrou o laboratório de controle de qualidade da universidade para a estudante Tatyane
Foto:  Flávio Neves  /  Agencia RBS


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