A Educação Precisa de Respostas | 19/07/2013 06h11min
Vitor Rippel D'Agnoluzzo, 28 anos, estudou quase toda a vida em escola pública, em Caxias do Sul. A exceção foi a 1ª série, cursada na rede particular. Da Escola Estadual Santa Catarina, D'Agnoluzzo formou-se engenheiro na Universidade de São Paulo (USP), uma das melhores do país. No dia 30 de maio, concluiu a pós-graduação Master in Business Administration (MBA) na famosa escola de negócios de Harvard, nos Estados Unidos, uma das melhores do mundo.
Os pais do jovem acreditavam na qualidade da rede pública. Mesmo já formado engenheiro, o rapaz não esqueceu as origens e seguiu contribuindo com a qualidade do ensino em Caxias. No colégio onde a mãe leciona, a Escola Municipal Basílio Tcacenco, desenvolveu em 2008 o projeto Semeando Sonhos, Cultivando Vidas. A intenção era estimular os alunos a perseguir as notas mais altas. O melhor estudante do ano no colégio ganhava um notebook de D'Agnoluzzo. Com a ida dele para os Estados Unidos, em julho de 2011, o projeto continuou, com premiações adquiridas com parceiros. O espírito que ele quis incutir nas crianças e nos adolescentes remete à própria inquietação do estudante.
— Eu sempre queria estar entre os melhores do Santa. Todos os anos, um dos objetivos era esse. E apesar de eu não ter chegado a ser o melhor, acho que em nenhum ano, buscar aquilo me deixava próximo ao topo — recordou o jovem, que esteve em Caxias após a formatura, filho do contador Jair e da professora Elisabeth.
Além do gosto pela superação, D'Agnoluzzo inspirou-se nas palavras da mãe sobre como é difícil nos dias de hoje ser um professor exigente e sobre o tempo que o profissional utiliza em sala de aula com alunos que dão trabalho e pouco esforçados. Em razão dessa energia gasta, os bons estudantes acabam esquecidos.
D'Agnoluzzo mora em São Paulo e é consultor na Bain & Company, empresa de consultoria com sede em Boston e patrocinadora do MBA dele.
Em Harvard, o rapaz deparou com um comportamento diferente do encontrado no Brasil.
— Na aula é bem silencioso. Não existe esse negócio de conversar. Se você quiser conversar, você levanta a mão e fala para os 90 colegas o que quer dizer. Não pode usar celular, as pessoas respeitam. Não chega um atrasado. A aula começa no minuto certo. E assim vai ate o último segundo. É incrível. O pessoal não sai para ir ao banheiro. O respeito que é dado por aquele momento é muito grande.
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