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A Educação Precisa de Respostas  | 16/07/2013 10h09min

Estudar Física possibilita atuação como professor ou pesquisador e acadêmico

Estudante visitou laboratório da UFSC onde fenômenos físicos são demonstrados por meio de experimentos lúdicos

Camila Penha  |  camila.penha@diario.com.br

Caminhando pelo Laboratório de Instrumentação, Demonstração e Exploração (Labidex) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a estudante de 17 anos Luiza Spanamberg não se conteve ao ver alguns fenômenos físicos serem demonstrados por meio de experimentos lúdicos. O que é isso? Como funciona este daqui?, perguntava a curiosa Luiza.

Ela conta que até o 1º ano do ensino médio não se interessava muito por Física, mas depois de fazer um trabalho sobre o tempo e conhecer a teoria da relatividade, no ano passado, ela começou a se interessar cada vez mais.

Quem respondeu às dúvidas da aluna foi o professor Diogo Chitolina. Físico formado em 2012 pela UFSC e ex-monitor do Labidex, atualmente ele dá aulas para 16 turmas de primeiros, segundos e terceiros anos em duas escolas de Florianópolis, uma pública e uma particular. Confira como foi a conversa entre os dois e aprenda um pouco sobre o mundo da ciência e as possibilidades de carreira na área.

Como foi o bate-papo

Luiza Spanamberg — São quantas matérias por semestre?
Chitolina
— Depende se é bacharelado ou licenciatura, mas em média umas cinco matérias. Na verdade, é você quem vai montando a sua grade de disciplinas, de acordo com o seu interesse e necessidade.

Luiza — Como são os professores?
Chitolina
 — Alguns são muito exigentes e são ótimos professores. Você vai encontrar professores com quem tem mais afinidade e cuja didática você considera melhor. O principal, para se dar bem no curso, é se dedicar bastante, ter curiosidade e gostar de estudar Física.

Luiza — Qual é a melhor e qual é a pior parte da carreira?
Chitolina
 — O fato de a profissão não ser regulamentada é desmotivante. Por outro lado, alguns institutos, como por exemplo o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern), na Suíça, entre outros, aceitam físicos que querem seguir na área da pesquisa e isso é muito legal.

Luiza — Quais as principais diferenças entre Física teórica e experimental?
Chitolina —
A teórica consiste, basicamente, em pegar determinado fenômeno e destrinchá-lo, descobrir como ele funciona com base na matemática e na física. A experimental envolve a operação e adaptação de aparelhos de precisão, o que exige conhecimentos especialmente em óptica, eletrônica e o desenvolvimento de softwares. Estudantes que gostam mais de acompanhar experimentos do que lidar com cálculos extensos se encaixam melhor na Física experimental.

Impressões da estudante: A conversa foi ótima para esclarecer alguns detalhes sobre o curso e a questão do mercado de trabalho. Saí de lá com menos dúvidas e mais informações. É surpreendente ver acontecendo em nossa frente a Física que estudamos no colégio. Além de despertar a curiosidade, o Labidex é muito interessante pra sair do modelo clássico de ensino.

Assista ao depoimento do físico Diogo Chitolina




Por dentro da carreira

Opções de atuação
Coordenador do curso de graduação em Física na UFSC, Celso Yuji Matuo explica que o objetivo do bacharelado em Física é formar pesquisadores em Física Teórica e Experimental, preparando-os para seguir os estudos também em nível de Pós-Graduação (mestrado e doutorado). A maioria dos estudantes entra para a carreira acadêmica, dando aulas para o ensino superior e fazendo pesquisas em sua área de escolha.

No caso da licenciatura, o foco é a formação de docentes para o ensino da Física no ensino médio. O aluno que optar pela licenciatura vai estudar, além de disciplinas como Teorias da Física e Física Experimental, técnicas de pedagogia e educação. Existem físicos que trabalham na área de informática ou no mercado financeiro. Existe a possibilidade ainda de atuar em hospitais e clínicas que trabalham com material radioativo. Neste caso, os físicos formados precisam fazer um curso extra, de Física Médica.

O que é mais gratificante
Para o físico Diogo Chitolina, o que traz mais satisfação a quem estuda Física é buscar entender o funcionamento dos fenômenos físicos da natureza, que muitas vezes são tão distintos e seguem um princípio semelhante.

— Uma explicação que usamos para um fenômeno microscópico, por exemplo, pode ser aplicada também a uma estrela, e isso é incrível.

O que é mais difícil
O professor Matuo concorda com Chitolina a respeito do aspecto mais gratificante da profissão. Mas ele também aponta que o mais difícil na profissão está, justamente, no fato de que fazer essas análises de fenômenos físicos não é algo tão simples. Diogo coloca a não regulamentação da profissão como um ponto negativo.

Do que precisa gostar
Para Matuo, o aluno de Física precisa gostar bastante das disciplinas da área de exatas, principalmente Física e Matemática, de investigar e questionar os fenômenos físicos da natureza e, no caso da licenciatura, gostar também de transmitir conhecimento aos outros.

Disciplinas e tempo de duração
Os dois primeiros anos são comuns ao bacharelado e à licenciatura e têm disciplinas mais básicas, como Física Geral, Laboratório de Física e Cálculo. Nas fases mais avançadas as disciplinas vão se aprofundando mais, principalmente no bacharelado, com matérias como Mecânica Analítica, Teoria Eletromagnética e Evolução dos Conceitos da Física. Na licenciatura os alunos têm Didática e Práticas do Ensino de Física, por exemplo. O curso de graduação em Física tem duração de oito semestres.

Mercado de trabalho
O professor Matuo aponta que existe um grande déficit de professores em Santa Catarina e muitas vagas para licenciados. Os professores da rede pública não recebem um salário alto. Os bacharéis podem investir em pós-graduação (mestrado e doutorado) e prestar concurso público para trabalhar em universidades. Existe a possibilidade de trabalhar em alguns institutos de pesquisa, não relacionados à docência. O coordenador do curso da UFSC relata que são poucas as empresas que contratam físicos para trabalhar, como a Mercedes-Benz, a Volkswagen, o Grupo Valeo, entre outros.

Salário inicial
A profissão de físico não é regulamentada. O processo ainda está em tramitação no Congresso Nacional. Por isso, não existe um salário base para a categoria. Um professor da rede pública de ensino médio, em Santa Catarina, tem como referência o piso de R$ 1,5 mil para uma jornada de 40 horas semanais.

DIÁRIO CATARINENSE
Alvarélio Kurossu / Agencia RBS

Luiza Spanamberg começou a se interessar por Física depois que conheceu a Teoria da Relatividade no ano passado
Foto:  Alvarélio Kurossu  /  Agencia RBS


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