Ensino Superior | 07/07/2013 07h01min
Bastou a UFRGS cogitar disponibilizar 30% das vagas para ingresso via Sistema de Seleção Unificada (Sisu) em 2014 para provocar alvoroço e deixar uma questão no ar: será o começo do fim do vestibular?
A proposta da Pró-reitoria de Graduação (Prograd) entrou em discussão na quinta-feira, quando a comissão formada para dar parecer sobre o projeto teve sua primeira reunião. No mesmo dia, a Reitoria foi palco de um protesto organizado por estudantes que se sentem desrespeitados pela possibilidade de mudança das regras no meio do ano letivo. A definição sobre as mudanças deve sair até o fim de agosto.
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Doutor em Educação, o pesquisador Gabriel Grabowski, que participou do grupo que assessorou o governo federal na proposição do novo Ensino Médio, concorda que mudar as regras agora prejudicaria os estudantes. O mais indicado, para ele, seria alterar os critérios somente em 2015. Porém, Grabowski indica que a opção pelo Sisu é uma tendência nacional.
– Isso é reflexo do empoderamento que o Enem está tendo dentro da estratégia do MEC. Minha leitura é de que há uma certa pressão sobre as universidades que ainda não aderiram ao Sisu total ou parcialmente. Imagino que a UFRGS tenha sido pressionada a tomar essa decisão – comenta.
O pró-reitor de Graduação da UFRGS, Sérgio Franco, nega pressões, apesar de o tema ter entrado em pauta após a vinda a Porto Alegre de representantes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC) responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Franco garante que a iniciativa partiu da própria universidade, diante da experiência de outras grandes faculdades que já aderiram ao sistema.
UFRJ tem 126 mil inscritos pelo Sisu
Das 59 federais brasileiras, apenas12 ainda não aderiram ao Sisu. Depois de uma adesão parcial em 2011, com destinação de 40% das vagas, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das maiores do país, trocou o bem conceituado vestibular, totalmente discursivo pela seleção 100% via Sisu.
Segundo a pró-reitora de Graduação da UFRJ, Angela Rocha, a principal mudança verificada até então é na procedência dos alunos. Em 2010, último ano de vestibular, 75% dos calouros na UFRJ eram da região metropolitana do Rio, 19% do interior fluminense e 1% de outros Estados. Em 2013, os alunos de fora do Rio de Janeiro já representavam 20% do total de calouros.
– A UFRJ se tornou verdadeiramente uma universidade nacional – sintetiza Angela.
Tradicionalmente, o vestibular da UFRJ tinha 48 mil candidatos, hoje são 126 mil inscritos pelo Sisu, recorde nacional. A procura é considerada positiva pela pró-reitora, embora traga consigo enorme pressão por assistência estudantil: o orçamento para auxílio permanência, moradia universitária e outras políticas de apoio da UFRJ passou de R$ 15 milhões, em 2010, para R$ 76 milhões em 2013.
Quanto ao desempenho, o rendimento dos estudantes não chegou a se alterar nesse período, principalmente nos cursos de alta procura.
– Nós ainda atraímos os melhores alunos do Enem. Minha hipótese é de que qualquer que seja a prova, serão sempre os mesmos que serão selecionados –observa a pró-reitora.
O professor Grabowski reitera que o Enem favorece os que já estão no topo do nível de ensino. O que realmente pode universalizar o acesso à universidade é a ampliação da política de cotas, que prevê 50% das vagas para egressos de escolas públicas, sendo metade delas com corte racial e de renda. Mas isso ainda não está no horizonte da UFRGS para 2014. A previsão é manter a reserva de 30% das vagas para cotistas.
ZERO HORA
Instituição começou a discutir possibilidade de disponibilizar 30% das vagas para ingresso
Foto:
Jefferson Botega
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