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A Educação Precisa de Respostas  | 25/06/2013 06h31min

Escola de tempo integral em Caxias do Sul deverá ter novos conteúdos

Secretaria da Educação elabora projetos

No ano que vem, a Secretaria da Educação de Caxias do Sul planeja implantar em escolas modelos de tempo integral que contemplem novos conteúdos.

A mudança vai ao encontro das discussões sobre o papel da escola. Para o sociólogo suíço Philippe Perrenoud, que palestrou no final de maio no Congresso Internacional de Educação, em Gramado, a principal função da educação é preparar o aluno para a vida. No entanto, conforme ele, no mundo todo, esse objetivo não é atingido. Isso porque, conforme Perrenoud, há obstáculos. Um deles é a incapacidade de se prever as competências que os jovens necessitarão no futuro. Outra, é a falta de espaço na grade curricular para novos conteúdos, como direito, psicologia e economia, que poderiam ajudar o estudante a agir na sociedade.

Em Caxias do Sul, a situação não é diferente. A preparação para a vida ocorre quando há parcerias do colégio com algum projeto específico ou quando o professor assume esse compromisso durante suas aulas.

Em escolas como a Santa Corona, da rede municipal, há iniciativas neste sentido (leia mais abaixo). As mudanças que a Secretaria da Educação quer implantar devem aproximar a escola de seu papel.

— A intenção é incluir algumas disciplinas no currículo, como introdução ao direito, à cidadania, que envolve a questão do patrimônio, a matemática financeira para o aluno trabalhar com a renda familiar e a legislação de trânsito. É todo um suporte teórico e prático, que a gente pretende colocar no currículo das crianças — disse a secretária Marléa Ramos Alves.

Os projetos estão em fase de elaboração ainda. O tempo integral é necessário justamente para que os conteúdos não retirem horas das disciplinas tradicionais. Então, a saída é aumentar a permanência do aluno na escola.

— Além de incluir essas disciplinas novas, vamos aprofundar na matemática, no português. A sociedade tem que entender que a escola de tempo integral tem o objetivo de melhorar a formação do aluno. Não é apenas um lugar para o aluno passar o dia — comentou a secretária.


Matemática para aprender a economizar

É possível entrar no mundo dos números, das operações, dos cálculos e, de sobra, aprender lições para a vida. Pelo menos é assim na aula de matemática do professor Michel Molossi, da Escola Municipal Santa Corona.

Para atrair a atenção dos estudantes, o professor estimula os adolescentes do 9º ano a aplicar os conhecimentos em tarefas práticas e já os prepara para o futuro. No momento, Molossi trabalha com eles a economia doméstica. Eles acompanharão os gastos mensais da família, observando onde o dinheiro mais se esvai. Desta forma, o professor pretende que eles tornem-se adultos controladores das próprias finanças.

A ideia de focar a economia surgiu de uma frase ouvida pelo professor na sala de aula: "o dinheiro resolve quase tudo". O professor desenvolve a atividade com base no custo de vida em Caxias.

— Penso que eles podem ajudar os pais a fazer uma administração do orçamento familiar. Porque daqui a pouco vão ter a família deles. E também para valorizarem o dinheiro, já que não é fácil consegui-lo — explicou o professor.

Na semana passada, Molossi criou com os alunos o orçamento da fictícia família Kepes, para que sirva de exemplo a eles quando forem calcular as despesas de casa. Na residência dos Kepes, pai e mãe trabalham para sustentar os dois filhos. A receita total estipulada pela turma foi de R$ 3 mil. A quantia teria de servir para o pagamento de água, luz, alimentação, telefone, internet, lazer, vestuário, aluguel e combustível. 
— Com esse dinheiro tem que pagar tudo e ainda sobrar. E se der R$ 3,1 mil? — questionou o professor.

— Daí tem os parentes — respondeu um gaiato.

Com as próprias receita e despesa, os estudantes vão produzir planilhas e gráficos e comparar o desempenho a cada mês. Para evitar constrangimentos, não serão trabalhados valores, mas percentuais.

Rafael Rodrigues da Silva, 14, não ganha mesada. Mas os pais dão dinheiro a ele quando o menino precisa, como na hora de comprar roupa. Rafael ajuda a fazer as contas.
— Sempre gostei de matemática. Fica mais fácil aprender quando a gente vai usar na vida — disse.

Molossi pretende depois explorar nas aulas os impostos embutidos nos produtos e serviços. 

— Fiz um curso anos atrás sobre imposto embutido e vou trazer para cá. Nem sempre é possível aplicar conceitos matemáticos na vida. Agora estou conseguindo, mas é difícil casar, principalmente na matemática — ressaltou.

Molossi também é professor de Ciências. Nessa disciplina, também aborda o uso de dinheiro. Desafiou os alunos a ir atrás de conhecimentos, sem que precisem pagar por isso.

PIONEIRO.COM
Daniela Xu  / Agência RBS

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Foto:  Daniela Xu  /  Agência RBS


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