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Ensino Superior  | 25/06/2013 07h31min

Preparação para a vida universitária: confira dicas dos integrantes da república Tilianos, formada por alunos da UFSC

Saiba ainda como os pais podem ajudar nessa marcante mudança da vida dos filhos

Camila Penha  |  camila.penha@diario.com.br

Ingressar na universidade marca o início de uma nova fase na vida de jovens estudantes. Não se trata apenas de deixar para trás o ensino médio e começar a construir uma carreira. Com a mudança vem junto a necessidade de se virar sozinho em diversos aspectos. Principalmente para quem sai da casa dos pais para estudar, tem início uma rotina sem alguns benefícios, mas com algumas vantagens. Se prepare com todas as suas armas para a vida universitária!

As opções são diversas na hora de escolher onde e como morar durante seu tempo na universidade: tem quem prefira um espaço mais apertadinho, mas com a vantagem da privacidade, outros dividem apartamento com poucos colegas e há, ainda, aqueles que levam o clima universitário ao pé da letra e criam as famosas repúblicas.

Em Florianópolis, diferente de algumas cidades tipicamente universitárias do país, as repúblicas não são entidades de tanto destaque ou tradição, mas têm o seu lugar. Em uma esquina do bairro Parque São Jorge, em meio a residências familiares, seis alunos da UFSC dividem uma casa que recebeu o nome de República Tilianos — RepTilianos.

O ambiente é organizado, tem até decoração e costuma estar em dia com a limpeza. Cada um tem o seu próprio quarto (um deles criados a partir de uma divisória construída por eles mesmos) e os cinco banheiros — quatro com chuveiro — garantem a paz na hora da higiene pessoal. No quintal, o toque especial da república: uma rampa de skate, também construída pelos estudantes.

— Só podemos andar até as 20h, porque faz mais barulho que festa — conta Humberto Dal Bo Filho.

 
Na lousa da cozinha os estudantes escrevem a divisão de
tarefas da semana
Foto: Cristiano Estrela/Agência RBS

Tudo começou com Bruno Ceragioli, Bernardo Perpétuo e Daniel Pantalena, todos de São José dos Campos, em São Paulo, que moravam em um apartamento com mais um amigo, Leandro Amaral. O lugar ficou pequeno demais, então os rapazes resolveram procurar uma casa, que encontraram só depois de muita caminhada e "pesquisa de campo".

Se mudaram em 2010 e, entre a chegada de novos moradores e saída de alguns —como Leandro Amaral, um dos primeiros moradores, que hoje faz um intercâmbio acadêmico — a população da casa se mantém mais ou menos a mesma. Comum em repúblicas é a figura do "agregado", amigo dos moradores da casa que "mora, mas não dorme". Na Tilianos não é diferente. Flávio Berka faz o papel de visitante assíduo da casa. Atualmente, um figurante internacional também compõe o elenco da casa: o estudante italiano Andrea Albertin chegou em abril e fica na casa até outubro.

— Eu prefiro morar cercado de outras pessoas, ter com quem conversar quando volto para casa — comenta Bruno Borges, que deixou a família em São Paulo, capital, para vir estudar na UFSC.

Humberto Dal Bo Filho veio de Urussanga, no sul de Santa Catarina, e acha que morar em um grupo maior ensina muito sobre a convivência com outras pessoas, habilidade, para ele, essencial em todos os aspectos da vida, inclusive o profissional. Outra vantagem apontada pelos estudantes é o conforto de se viver em uma casa, espaçosa e com quintal. Dá até para criar três cachorros: o Batman, a Kenga e o filhotinho Bronx.

 
Foto: Cristiano Estrela/Agência RBS

Os estudantes relatam alguns pequenos desentendimentos no passado — a maioria por causa de bagunça na casa —, mas hoje uma planilha coordenada por Bruno Ceragioli, que se auto intitula "o mais chato" no quesito organização e limpeza, detalha todos os gastos da república e a parcela de cada um. Os jovens também escrevem, em uma lousa que fica na cozinha, a distribuição das tarefas domésticas. Em três anos de república, o que se formou foi uma verdadeira família.

Integrantes da Reptilianos:

- Humberto Dal Bo Filho (Betucas), 23 anos, de Urussanga, SC. Faz Engenharia de Materiais
- Bruno Ceragioli (Zé), 24 anos de São José dos Campos, SP. Faz Engenharia de Materiais
- Bernardo Perpétuo (Berna), 24 anos, de São José dos Campos, SP. Faz Engenharia de Materiais
-  Bruno Borges (Roxo), 22 anos, de São Paulo, SP. Faz Engenharia de Aquicultura
-  Maurício Fonseca (Mau), 23 anos, de Jacareí, SP. Faz Ciência e Tecnologia de Alimentos
- Andrea Albertin, 24 anos, de Modena, Itália. Faz Engenharia Ambiental. Está na casa desde abril e fica até outubro
- Daniel Pantalena (Panta), 23 anos, de São José dos Campos, SP. Faz Engenharia Sanitária e Ambiental
- Flávio Berka, 25 anos, de Florianópolis. Faz Engenharia de Materiais. É o agregado — "mora, mas não dorme"

Sozinho e feliz

Depois de morar por dois anos com a irmã mais velha, o estudante de Engenharia de Produção Civil na UFSC Saul Holanda Fiorini, 19 anos, está há três meses em seu próprio apartamento. E até agora tem gostado da experiência. A grande vantagem da mudança foi poder receber, com mais liberdade, colegas de faculdade. Alguns que moram mais longe da universidade muitas vezes dormem em seu apartamento. Assim, apesar de morar sozinho, sempre tem alguém para lhe fazer companhia.


Saul se concentra melhor nos estudos quando está sozinho
Foto: Guto Kuerten/Agência RBS

Apesar de passar a maior parte do tempo na UFSC, onde almoça todos os dias, Saul admite que, quando se vê por muito tempo sozinho em casa, fica ansioso e bate a vontade de conversar com alguém. Ainda assim, prefere a liberdade e privacidade de morar sozinho.

— Na hora de estudar, por exemplo, estar sozinho em casa, sem barulho, é muito melhor — afirma.

Confiança x Aprendizado

Quando veio para Florianópolis estudar na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no início de 2007, Carolini Rossa, hoje com 23 anos, tinha recém completado 17 e, como muitos estudantes que iniciam uma faculdade, tinha em casa a ajuda dos pais e de uma empregada doméstica para lidar com as tarefas do dia a dia. A estudante de Farmácia, que vivia em Siderópolis, no Sul de Santa Catarina, conta que ajudava em casa, mas não fazia tudo sozinha.

Nos últimos seis anos aprendeu a organizar melhor sua vida e, hoje, algumas atividades como pagar contas, fazer supermercado, limpar a casa e preparar suas próprias refeições se tornaram naturais.

— Analisando agora, acho que me aproximei mais dos meus pais depois que saí de casa. Antes eu ficava mais no meu canto. É uma distância boa — afirma Carolini.

A psicóloga de crianças e adolescente Tahiana Pereira Brittes acredita que, quando a família decide que o filho vai sair de casa para estudar, os pais estão dando um voto de confiança ao jovem. É importante que deem suporte, mas que deixem os filhos terem a liberdade para construir sua autonomia e maturidade.

Para o seu pai ler

A psicóloga Tahiana Brittes elencou algumas dicas para os pais que estão prestes a ver os filhos saírem de casa para estudar:

- Ao decidir, em conjunto com o seu filho, que ele vai sair de casa, você está lhe dando um voto de confiança. Mantenha esse discurso e reafirme essa confiança ao longo do trajeto.
- Quando for o momento de encontrar um imóvel, ajude a garantir um local adequado, mas não esqueça de manter o diálogo e procure saber as preferências de seu filho.
- É importante garantir suporte, inclusive emocional, para que seu filho ganhe a autonomia e maturidade que essa nova fase exige, mas sem superproteção. Dê subsídios para que ele cresça, esteja lá quando ele precisar, o incentive nos momentos difíceis, mas o deixe caminhar com as próprias pernas quando for preciso.
- A dependência dos adolescentes em relação aos pais está muito ligada à dependência financeira. O apoio financeiro dos pais de certa forma é um vínculo que exige retorno. Dessa forma, os pais podem, sim, continuar presentes na vida dos filhos universitários, inclusive cobrando resultados, mas tudo deve ser sempre conversado e feito com respeito entre as duas partes.
- Para os pais que sofrem com a chamada "síndrome do ninho vazio", a psicóloga recomenda que se reconfortem na ideia de que os filhos estão atrás de seus sonhos e construindo sua vida adulta — fase que, cedo ou tarde, chegaria. Pense que essas mudanças podem aproximá-los de alguma forma. Aproveite esse momento para fazer atividades voltadas para si mesmo, para o seu parceiro ou mesmo para um outro filho.

Como as universidades podem ajudar

As instituições públicas de ensino superior em Santa Catarina oferecem opções para ajudar os calouros.

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

- O estudante que ingressa na UFSC e quiser se beneficiar de alguns dos programas de auxílio da universidade precisa preencher um formulário socioeconômico no endereço online http://prae.ufsc.br/cadastro-online/ e pedir a validação nesse cadastro à Coordenadoria de Assistência Estudantil (3721-9341). O cadastro é analisado por assitentes sociais e o estudante recvebe um índice de vulnerabilidade socioeconomia.
- A bolsa permanência da UFSC, atualmente de R$ 492 reais.
- A universidade oferece, ainda, bolsas de iniciação científica , de extensão, de monitoria e de ensino.
- A moradia estudantil conta com 153 vagas para alunos de graduação. O prédio fica no bairro Carvoeira, próximo ao campus central da universidade.
- Os estudantes podem requerer isenção de alimentação para almoçar e jantar no Restaurante Universitário (RU). O valor de uma refeição no RU é de R$ 1,50.
- O auxílio creche é um benefício para estudantes da universidade que possuem a guarda de crianças com idade entre 0 e seis anos e estão em condição de vulnerabilidade socioeconômica. Atualmente, até 50 estudantes recebem esse auxílio, cujo valor está fixado em R$ 412 (auxílio parcial) e R$ 683 (auxílio integral).
- O Projeto de Atenção em Psicologia atende estudantes em situação de risco psicossocial. Para mais informações, entre em contato pelo telefone 3721-6468.
- O site Classificados UFSC/CTC/INE (http://classificados.inf.ufsc.br/) é uma página em que pessoas cadastradas podem anunciar o aluguel ou venda de imóveis, utensílios para casa, móveis, eletrodomésticos, serviços, material pedagógico, entre outros. Não é um serviço profissional de classificados, sendo mantido em caráter voluntário por professores e técnicos administrativos da UFSC com supervisão da Ouvidoria da UFSC.
Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc)

- A Udesc oferece 312 auxílios alimentação de R$ 200 e 312 auxílios moradia de R$ 250 para alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
- Os estudantes podem receber bolsas de apoio discente, de extensão e de ensino. No caso das bolsas de graduação, o valor atual é de R$ 400 mensais.
- De acordo com a assessoria de imprensa da instituição, a Udesc investe cerca de R$ 9 milhões por ano em bolsas de monitoria, extensão, iniciação científica, de apoio discente, cultural, mestrado, doutorado, de mobilidade, entre outras e auxílio permanência. Ao todo, são 1,5 mil alunos beneficiados - 11,5% do total.
- Para ajudar na busca por imóveis, móveis e eletrodomésticos, uma página criada pela instituição reúne ofertas da própria comunidade unviersitária e da comunidade. Qualquer pessoa pode adicionar um anúncio. O endereço é http://www.intranet.udesc.br/classificados/script/listaAnuncios.php.
- A Udesc conta ainda com a Secretaria de Cooperação Interinstitucional e Internacional (SCII) que indica locais de hospedagem, alimentação ,etc. para alunos estrangeiros.
- O setor de psicologia está aberto para receber os estudantes da universidade. É necessário pedir encaminhamento na direção de extensão de seu centro de ensino.

Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC)

- O IFSC possui um programa de assistência estudantil, em que os alunos recebem benefícios no valor de R$ 100 a R$ 400, dependendo da renda familiar e de outros critérios socioeconômicos, para despesas com transporte e alimentação.
- São oferecidas bolsas de pesquisa, extensão e monitoria. Cada aluno pode receber mais de um benefício, desde que não ultrapase o valor de um salário mínimo. O valor padrão das bolsas de pesquisa do IFSC para alunos de graduação é de R$ 400.
- O instituito oferece atendimento pedagógico e psicológico para os estudantes.
- Para mais informações: (48) 3877-9019.

Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

- A Secretaria Especial de Assuntos Estudantis da UFFS oferece, este ano: Auxílio Permanência (R$ 200, R$ 300 e R$ 400), Auxílio Alimentação (R$ 100), Auxílio Transporte (R$ 100), Auxílio Moradia (R$ 150), Bolsa Esporte (R$ 400).
- A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-graduação oferece bolsas de Pesquisa e Iniciação Científica no valor de R$ 400.
- A Pró-Reitoria de Graduação conta com bolsas de Iniciação à Docência (R$ 400), bolsas do Programa de Educação Tutorial (R$ 400), programa de estágio remunerado (R$ 500), programa bolsa de monitoria (R$ 360).
-A Pró-Reitoria de Extensão e Cultura tem bolsas de projetos e programas de extensão (R$ 400) e bolsa cultura (R$ 400).
- Para ter acesso a esses auxílios ou bolsas, é preciso participar de editais de seleção que são publicados frequentemente na página da instituição (www.uffs.edu.br).
- A UFFS oferece também atendimento com psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais. Esse atendimentos são ofertados através de agendamento, nos cinco campi da instituição, nos Setores de Assuntos Estudantis.

Instituto Federal Catarinense (IFC)

- Desde 2010 a instituição possui um Programa de Assistência Estudantil (PAE), tanto para ensino superior quanto técnico, destinado aos alunos em vulnerabilidade social (baixa renda).
- Entre os auxílios estão 250 bolsas de auxílio moradia (até R$ 250), auxílio permanência I (340 bolsas no valor de R$ 275,00 cada, para alimentação, transporte, material didático), auxílio permanência II (461 bolsas no valor de R$ 130,00 cada), auxílio permanência III (apenas a estudantes em vulnerabilidade social residentes na Moradia Estudantil/Internato do câmpus): 200 bolsas no valor de R$ 120,00 cada.
- Este ano serão atendidos 1.434 alunos, num investimento total de R$ 2,5 milhões em auxílios moradia, transporte, alimentação e material didático.
- A instituição oferece, ainda, bolsa de R$ 900 para todos os alunos indígenas e quilombolas que desenvolvam mais de 5 horas diárias de atividades do campus e bolsa de R$ 400 para todos os alunos com renda per capita de até 1,5 salário mínimo que desenvolvam mais de 5 horas diárias de atividades do campus.

DIÁRIO CATARINENSE
Cristiano Estrela / Agencia RBS

Os estudantes construíram uma rampa de skate no quintal da república
Foto:  Cristiano Estrela  /  Agencia RBS


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