Educação Básica | 23/05/2013 06h03min
O Diretor de Ensino de Graduação do Centro de Ciências Humanas e da Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Lourival José Martins Filho, defende a escolha participativa para o cargo de diretor de escola, mas entre candidatos que tenham um preparo antes. Ela ainda acredita que quando a comunidae escolar participa as chances de errar são menores.
Diário Catarinense — Qual a importância do cargo de diretor para uma escola?
Lourival José Martins Filho — O diretor, como profissional da educação, deve ser um articulador do projeto pedagógico da escola que trabalha. Precisa ter capacidade de estabelecer metas em grupo e motivar as pessoas para atingir os resultados. Um bom diretor preocupa-se com três dimensões. Primeiro, a científica — já que um bom diretor reconhece a escola como local de socialização de conhecimentos que faz diferença na vida da pessoas, por isso estuda muito sobre gestão e aprendizagem educacional. Segundo, a dimensão técnica, porque não basta saber, um bom diretor coloca a mão na massa e participa ativamente das reuniões e das ações por elas desencadeadas. Conhece a legislação educacional e toma decisões de forma crítica. E, por último, a dimensão humana: um bom diretor sabe que não lida com coisas, mas com pessoas, pessoas que têm projetos e que vivem diferentes experiências de vida. Capacidade de lidar com as diferenças é fundamental. Por isso um bom diretor tem atitude, dialoga sempre e não tem medo de decidir.
DC — A escolha do diretor deve ser participativa? Por quê?
Martins Filho — Sim. É fundamental que o diretor possa sair do grupo que já conhece. O chão da escola e sua experiência são fundamentais para quem quer ser gestor. É claro que um gestor externo pode ter competência. Mas existe uma aprendizagem relacional que só se adquire com tempo no grupo. Então, é fundamental a escolha dos pais, das crianças e dos profissionais em geral daquele educador que vai dirigir a unidade educativa. Nem sempre é a melhor escolha, mas o erro e os acertos são compartilhados por todos. Por isso a participação é fundamental no processo de escolha de gestores escolares.
DC — Mas ainda que seja escolhido, é preciso um conhecimento técnico de gestão escolar?
Martins Filho — Sem dúvida. É muito importante que os interessados façam um curso de qualificação em gestão escolar. O próprio Estado pode propor esse curso.
DC — Quais os riscos da indicação política nas escolas estaduais?
Martins Filho — Precisamos ter claro que tudo que é realizado na escola tem sua dimensão política, tanto a indicação, quanto a escolha por eleição são atos políticos. A política é uma dimensão humana. Agora é preciso que o Estado dê um salto de qualidade e promova em todos os espaços educativos eleições para escolha. Cada candidato deveria apresentar um plano de gestão e evidenciar compromisso pedagógico com o cargo. Quando a comunidade escolhe se compromete junto.
DIÁRIO CATARINENSE
Lourival José Martins Filho diz que um bom diretor precisa estudar muito sobre gestão e processo de aprendizagem
Foto:
Daniel Conzi
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