Educação Básica | 20/05/2013 13h40min
A estudante pré-vestibular Gabriela Effting Guedes, 17 anos, faz cursinho e pretende prestar vestibular de inverno para o curso de Fisioterapia da Udesc. Ela curte esta profissão desde que a avó quebrou o braço e precisou fazer algumas sessões. Antes, ela pensava em fazer Biologia Marinha. Chegou a fazer vestibular, no ano passado, para Biologia, mas não passou. Agora ela está decidida e quer trabalhar na área da saúde. Depois que se formar pretende abrir a própria clínica ou fazer uma sociedade com uma prima, que já é fisioterapeuta. Mas isto é para depois.
Para saber um pouco sobre o cotidiano desta profissão e o que o futuro pode reservar, ela topou conversar com a fisioterapeuta Aline Gonçalves Rosa, 26 anos. A estudante tinha algumas ideias que acabaram não se confirmando. A expectativa de que o fisioterapeuta tem uma rotina monótona foi logo rebatida por Aline, que contou justamente o contrário. De acordo com a fisioterapeuta, a tarefa de criar exercícios para os pacientes e tentar, aos poucos, recuperá-los não tem nada de sossegado. A recompensa, muito destacada por Aline, é a resposta dos pacientes, que em muitos casos se tornam amigos.Confira o depoimento da fisioterapeuta Aline Gonçalves Rosa
Aline Gonçalves Rosa - A nossa rotina não tem nada de parada, muito menos de monótona. É bem agitada e bem ativa. A fisioterapia convencional, na maioria dos casos, faz atendimento por convênio e, por isso, atende muito mais pacientes por horário. Se for atendimento particular, você faz uma hora exclusiva. Mas se for fazer atendimento convencional, é o tempo inteiro com rotatividade de pacientes.
Gabriela - Você não está dentro do hospital, mas está em contato com quem precisa de ajuda. Isso passa a ideia de ajudar as pessoas, mas de uma forma indireta. Os fisioterapeutas têm a possibilidade de ajudar muita gente?
Aline - Ajuda sim, e é diretamente. O fisioterapeuta está o tempo inteiro tocando o paciente. Temos que mexer e ajudá-los a fazer as atividades. Você não vai ajudar um pouquinho. Tem que segurar o paciente mesmo. O médico diagnostica e os fisioterapeutas curam. Um paciente que é pré-cirúrgico, por exemplo, e tem que fazer dez sessões de fisioterapia, em alguns casos não precisa mais fazer a cirurgia porque já recuperou suas funções.
Gabriela - Para criar uma fisioterapia diferenciada, do que você precisa?
Aline - A sua criatividade é o que vai determinar o seu desempenho. Dentro da fisioterapia existem várias áreas de atuação. Você pode trabalhar com paciente neurológico, com gestante, pós-operatório de mama. Isso vai depender da área que você seguir.
Mas ela quer ampliar ainda mais sua área de atuação. Está terminando uma pós-graduação em acupuntura e também se especializando em osteopatia. A médio prazo, a fisioterapeuta pretende abrir um próprio espaço que dê conta de todas estas áreas, com espaço para a reabilitação, a acupuntura, o RPG e um estúdio de Pilates.
Recentemente, áreas que não eram tão divulgadas, como a perícia judicial, dermatofuncional (estética e queimaduras), terapias manuais (osteopatia), Pilates e RPG estão ganhando espaço. Cresce também a atuação em acupuntura e termalismo.
O que é mais gratificante
O fisioterapeuta previne, diagnostica e trata disfunções do organismo humano causadas por acidentes, má-formação genética ou vício de postura. Por isso tudo, ele é um agente transformador na vida do paciente. Fazer a diferença em um momento difícil e poder ser útil. Usar a capacidade técnica, agir e ter um resultado positivo. Formar um vínculo com paciente.
O que é mais difícil
É o aspecto financeiro e a jornada de trabalho. O profissional tem que se dedicar muito para conseguir se destacar no mercado. Abrir uma clínica é um investimento alto, principalmente por causa dos impostos. É necessário dispor, em média, de R$ 60 mil a R$ 100 mil. Como autônomo, o fisioterapeuta recebe de 40 a 50% do valor pago pelo convênio.
Do que precisa gostar
A fisioterapia é uma profissão da área da saúde. Além de ajudar na recuperação de pacientes acidentados e portadores de distúrbios neurológicos, cardíacos ou respiratórios, trabalha com idosos, gestantes, crianças e portadores de deficiência física ou mental. Os estudantes têm que gostar de estudar muito e se sentir bem ao ajudar o outro. É uma profissão de contato, quase diário, e tem que ter sensibilidade. Estar disposto a dividir o sofrimento do outro.
Graduação
São mais de quatro mil horas de aula em todo o curso, divididas em quatro ou cinco anos de formação. Os cursos são integrais, normalmente, apesar de não haver uma exigência para isto. Na Udesc, está em implantação o currículo de cinco anos em período integral. O acadêmico vivencia a prática desde o início do curso. O começo do curso é mais laboratorial, com visitas a campo. A partir do terceiro ano, começam as práticas com pacientes. No último ano o foco é o estágio.
Mercado de trabalho
O mercado é relativamente bom. Há 43 anos a profissão é reconhecida no Brasil, mas enfrenta o problema da falta de reconhecimento pelas operadoras de plano de saúde, que pagam pouco pelo procedimento. Mesmo assim é uma das profissões que mais permite inserção no mercado. A expectativa é de que para o futuro o mercado seja melhor.
Salário inicial
Não há um piso oficial pago no Estado. Mas a orientação é de que se use os valores praticados em São Paulo. Com isso, o salário inicial de fisioterapeuta fica em torno de R$ 1.680 por 30 horas semanais de trabalho.
Aline se formou há três anos e faz pós-graduação em acupuntura e especialização em osteopatia
Foto:
Daniel Conzi
/
Agencia RBS
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2012 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.