A dedicação aos estudos e ao voluntariado fez uma joinvilense que mora há sete anos nos Estados Unidos receber uma homenagem do governador de Massachusetts, Deval Patrick, em Boston, na semana passada.

Edilena Florentino, de 29 anos, ganhou o Prêmio 29 Who Shine (29 Que Brilham), um reconhecimento aos melhores alunos das faculdades comunitárias daquele Estado americano.

O prêmio é baseado em critérios da Secretaria Estadual de Ensino Superior de Massachusetts e é dado a estudantes com histórico escolar excepcional, que contribuem com a cidadania e o bem-estar da comunidade e que desejam continuar no Estado após formados – uma forma do local manter a qualidade de sua mão de obra.

Prestes a se formar em uma especialização em marketing e publicidade na área de administração de empresas, Edilena disse por telefone ao “A Notícia” que, além de deixá-la mais motivada, o prêmio é uma recompensa por duas áreas que ama e que lhe deram a chance de construir a vida fora do Brasil: os estudos e o trabalho comunitário.

Ela nasceu e viveu até os 16 anos em Joinville. A mãe Marisa Neumann conta que ela chegou a ganhar campeonato estadual de caratê e foi até coelhinha do JEC. Depois, mudaram-se para Sombrio, na divisa com o Rio Grande do Sul, onde Edilena ficou até os 23 anos. Com planos de ir para o exterior desde adolescente, partiu para o intercâmbio nos EUA em 2005, inicialmente na Flórida, no Sul do país.

Lá, sabendo que Massachusetts tinha melhores faculdades para quem queria se especializar no inglês e com dois primos morando no Estado, acabou se mudando para o Norte e não voltou mais. A mãe também se mudou para lá há quatro anos e hoje mora em Marlboro, perto de Boston, a cerca de uma hora da filha.

Dona do próprio negócio

Na pequena cidade de Chicopee, a uma hora e meia de Boston, capital de Massachusetts, e a cerca de duas horas e meia de Nova York, Edilena se casou com o brasileiro Luciano Santos Calhau, 29, teve a filha Júlia, hoje com quatro anos, e realizou um de seus maiores sonhos: tornar-se dona do próprio negócio.

Com conhecimentos adquiridos no curso de administração no Springfield Technical Comunity College, em Springfield, cidade a cerca de dez minutos de Chicopee, a joinvilense montou uma empresa de limpeza comercial, que hoje conta com 18 funcionários e atende a 384 clientes, entre empresas e hospitais.

A decisão de continuar estudando e se especializar em marketing e publicidade dentro da administração veio em decorrência do negócio, segundo conta a joinvilense.

— Aqui, a concorrência é muito grande. Mas tendo as ferramentas certas, você consegue atingir públicos muito segmentados e ter bons resultados. Eu consegui unir os estudos ao que mais gosto e acho que isto ajudou tudo a dar certo —, afirma.

Voluntariado com a ONG Brasileirinho

Na cidade onde mora e na faculdade em Springfield, a brasileira diz que descobriu o valor que americanos dão ao voluntariado e às causas comunitárias, característica que também projeta Joinville no cenário brasileiro.

Na comunidade onde ela vive, passou a se envolver em campanhas para ajudar hospitais infantis, crianças de rua e montou até a ONG Brasileirinhos, que ajuda filhos de brasileiros nos EUA a aprenderem o português e a não perderem contato com a cultura do País, além de prestar apoio psicológico àquelas que têm dificuldades de se adaptarem à nova língua e à cultura.

Pelo envolvimento tanto com os estudos quanto com o voluntariado, foi escolhida embaixadora da faculdade e recebeu outros prêmios locais pela dedicação. Após receber o prêmio em Boston, em 2 de maio, a orientadora dela, Gail Olmsted, disse a um jornal de Massachusetts que Edilena vai muito além do ótimo histórico escolar.

— Tenho orgulho de dizer que isto veio com trabalho duro, dedicação e compromisso. Eu a colocaria no topo dos estudantes universitários que conheci ao longo dos anos —, afirmou a professora.

Edilena diz que deve muito à instituição onde estudou e ao local onde vive, mas que não esquece as raízes catarinenses.

— A saudade de Joinville, principalmente dos avós, é grande —, conta.

Para o fim do ano, a família faz planos de viajar ao Brasil para visitar os parentes, algo que Edilena não faz desde que pôs os pés nos EUA em busca de sonhos, hoje em boa parte realizados.