Kamila Almeida  |  kamila.almeida@zerohora.com.br

Leonardo Rocha de Almeida tem 22 anos e a sede de transmitir conhecimento compartilhada por aqueles que como ele decidiram ser professor. O jovem se formou na universidade há um ano e quanto mais enxerga a empolgação de seus alunos, mais certeza tem de que está no caminho certo.

Novamente, concorrerá a uma das 10 mil vagas do magistério gaúcho, no concurso de 19 de maio, que promete uma prova mais flexível para reduzir o índice de reprovação que foi de 92% em 2012 e só preencheu metade dos postos existentes.

O pedagogo fez a seleção à época e ficou em 1.053° lugar e foi nomeado na primeira chamada. Por não ter estudado para a polêmica prova, o resultado deixou Leonardo e os colegas surpresos. Ele chegou a lecionar por cinco meses, mas pediu exoneração por problemas pessoais. 

— Estava difícil mesmo (a prova), mas acho que a prática em sala de aula, os trabalhos sociais que fiz, a rotina intensa de leitura, tanto de livros técnicos quando de histórias em quadrinhos, e de literatura, me deram uma boa base. Espero que isso ajude de novo — diz Leonardo.

A secretária-adjunta da Educação do Rio Grande do Sul, Maria Eulalia Nascimento, adianta que a vivência e as leituras que preparam o profissional para a carreira, continuarão sendo facilitadores:

— Aos moldes do que está se fazendo no Enem, as questões não são só de múltipla escolha, elas exigem capacidade de raciocínio, de atualização, de relação entre a questão pedagógica e a sala de aula.

Assim como Leonardo, 69.498 candidatos se inscreveram na prova que terá 60 questões e que ocorre das 14h às 18h, em todo o Estado. Por causa de toda a polêmica sobre o teste, a secretaria considerou as críticas ao exame como positiva e não vai mais exigir que o concorrente acerte 60% de cada um dos testes. A avaliação foi dividida em dois módulos (veja ao lado como vai funcionar).

— Acolhemos a crítica porque vem ao encontro da crítica que fazemos à forma de avaliação na escola — disse a secretária-adjunta.

Salário versus a busca de um ideal

Cursando o primeiro ano do mestrado em Gestão Educacional na Unisinos, em meio a dois cursos de extensão na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o pedagogo formado na UniRitter sabe que não terá valorização financeira à altura de sua qualificação.

O plano é compensar o baixo salário com muita diversão. Hoje já espanta a monotonia nas aulas da pré-escola e no primeiro ano do Ensino Fundamental da Escola Aurialícia Chaxim Bes, em Sapucaia do Sul. Leonardo veste fantasias, não economiza nas roupas extravagantes e toma um suador para encontrar formas de prender a atenção dos pequenos. Assim, a luta pela vaga também tem muito a ver com um ideal.

— Meu objetivo é dar aula na universidade, mas não posso fazer isto se eu não souber como funciona o ensino na prática. Não tem como falar para os alunos na graduação sobre uma realidade que não vivi. O Estado vai me dar esta bagagem — planeja o pedagogo.

Nem tudo é motivação

Seis meses depois de ter recebido a notícia de que foi a primeira no concurso do magistério do ano passado, em novembro, Maura Bombardelli, 25 anos, assumiu o cargo na Escola Estadual Professora Leopolda Barnewitz, do bairro Cidade Baixa.

Lá, dá aulas de história pela manhã para o 6º e o 7º ano, cumprindo 20 horas semanais. Como esperava, a jovem reforçou a paixão por ensinar. O salário e a desvalorização da carreira, — motivos que fizeram, inclusive, perder o ânimo de comemorar a vitória no concurso passado, — continua sendo o desmotivador. Assim como em maio de 2012, permanece estudando para novos concursos, almejando salários mais altos.

 

COMO É O CONCURSO

> Composto por duas provas, uma objetiva, eliminatória e com 80% de peso na nota final, e uma de títulos, classificatória. Das vagas oferecidas, 26% são destinadas às cotas: 10% às pessoas com deficiência e 16% aos candidatos negros e pardos.

> Os candidatos precisam saber normas educacionais previstas para o cumprimento da Lei de Diretrizes e Bases, estatuto do servidor público, carreira e legislação educacional.

> Além dos conhecimentos específicos da sua habilitação, o professor terá de responder também sobre conhecimentos específicos da área de atuação para o qual está inscrito. Exemplo: um professor de Língua Inglesa vai responder questões de Língua Inglesa e também da área de linguagem e suas tecnologias, assim como o de geografia, terá de responder sobre geografia e também questões de ciências humanas (história, filosofia e sociologia).

O que mudou

Após muitas críticas contra a prova de 2012, que reprovou 92% dos candidatos, este ano, a emissão da nota será diferente. No ano passado, o candidato tinha de acertar, no mínimo, 60% de cada prova para ser aprovado. Em 2013, as provas terão 60 questões e serão integradas por dois módulos. O candidato, portanto, terá de acertar 60% de cada um dos módulos.

Exemplo:

Quem se inscreveu em Licenciatura Plena em Educação Física fará as seguintes provas:

> 35 questões no módulo 1, com provas de Língua Portuguesa, Conhecimentos Pedagógicos e Legislação.

> 25 questões no módulo 2, com provas de Conhecimentos da Área e Habilitação do Professor.

> Esse candidato terá de acertar 60% de cada um dos módulos para se classificar e não de cada uma das provas

SERVIÇO

Quando: 19 de maio, das 14h às 18h, mas pede-se que o aluno chegue com uma hora de antecedência

Onde: os locais de aplicação dos exames podem ser acessados em www.fdrh.rs.gov.br

Vagas: 10 mil

Salário: entre R$ 488,52 e R$ 1.355,64, para jornada de 20 horas semanais

ZERO HORA