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Educação Básica  | 04/05/2013 11h33min

Reprovados em História na Capital

Alunos de escolas estaduais que homenageiam vultos históricos não sabem quem são os personagens que dão nome às instituições em que estudam

Eduardo Rodrigues  |  eduardo.rodrigues@diariogaucho.com.br

Certa vez uma grande figura pública recusou em vida homenagem póstuma que seria feita por vereadores de uma Câmara Municipal. Quando os edis anunciaram que batizariam uma rua com seu nome, ele disparou:

- Para pisarem em cima de mim depois de morto? Não, obrigado.

Se os vultos históricos que dão nomes às escolas da Capital imaginassem que alunos não saberiam quem eles foram e o que fizeram, certamente recusariam a lisonja.

40 perguntas, nenhum acerto

Um teste realizado pelo Diário Gaúcho em quatro instituições comprova a falta de conhecimento e de interesse dos jovens em saber quem são aqueles personagens eternizados por fotos, placas e bustos nos prédios.

Fizemos a mesma pergunta para 40 jovens entre 13 e 20 anos. Se dependessem desta nota para passar numa prova de História, todos seriam reprovados. Nenhum deles sabia quem era Júlio de Castilhos, Protásio Alves, Padre Balduíno Rambo e Barão de Rio Branco.

Moeda é única referência

No Rio Branco, um aluno de 16 anos não sabia uma linha sobre o patrono da diplomacia brasileira, mas lembrava que vira a imagem de um barão no verso da moeda de R$ 0,50.

No Colégio Estadual Júlio de Castilhos, um dos mais tradicionais do Estado, uma aluna de 16 anos afirmou que o político e jornalista gaúcho Júlio Prates de Castilhos seria fundador da instituição. Não foi. A escola foi fundada por João José Pereira Parobé, em 23 de março de 1900, então com o nome de Ginásio do Rio Grande do Sul. Somente em 1908, ela teve o nome alterado para homenagear o político que havia falecido cinco anos antes.

Diretoras lamentam desinformação

A falta de conhecimento sobre personagens históricos é lamentado pelas diretoras - embora sejam temas das aulas de História e de eventos. Jurema Veiga Silva, da Escola Padre Balduíno Rambo, afirma que os professores têm essa preocupação e procuram informar quem foi e o que fez o padre jesuíta.

A vice-diretora da tarde do Julinho, Lilian Boor, afirma que esse trabalho de resgate da história é passado para os alunos no primeiro ano.

- Eles devem estar se revirando no túmulo - brincou Lilian, ao saber o resultado do teste. 

O que eles disseram

Sobre Balduíno Rambo

- Já pesquisei, mas não sei, não lembro mais. 
Bruna Belomo, 13 anos, aluna da sétima série do ensino fundamental

Sobre Júlio de Castilhos

- Eles (professores) falam, mas a gente não presta muita atenção. Vou procurar saber.
Kerolin do Amaral, 17 anos, aluna do segundo ano do ensino médio  

Sobre Barão de Rio Branco

- Não sei, nunca tive curiosidade de saber quem foi. Também nunca comentaram, mas acho que será legal saber.
Daniela Cunha, 16 anos, aluna do terceiro ano do ensino médio

Sobre Protásio Alves

- Não sei te dizer quem foi, mas é importante saber porque faz parte da nossa história, das nossas origens.
Otávio Henrique de Cavalheiro, 16 anos, aluno do primeiro ano do ensino médio

Projeto de lei prevê divulgação de biografias

A Assembleia Legislativa aprovou em abril projeto de lei da deputada Juliana Brizola (PDT) que prevê a divulgação da biografia das pessoas cujo nome é empregado na denominação de escolas estaduais em todo o Rio Grande do Sul.

A secretária-adjunta da Educação, Maria Eulalia Nascimento, afirma: os alunos conhecerem a biografia da pessoa homenageada contribui para o conhecimento da história do Brasil e da localidade. O projeto nº 241 de 2012 foi aprovado com 39 votos.

Quem foram

- Júlio de Castilhos (1860-1903) - Nascido em Cruz Alta, Júlio Prates de Castilhos foi jornalista e político, eleito Patriarca do Rio Grande do Sul. Foi presidente (equivalia a governador) do Rio Grande do Sul por duas vezes e principal autor da Constituição Estadual de 1891.

- Barão de Rio Branco (1845-1912) - O carioca José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, foi advogado, diplomata, geógrafo e historiador brasileiro. Rio Branco é o patrono da diplomacia brasileira e uma das figuras mais importantes da história do Brasil.

- Protásio Alves (1859-1933) - Gaúcho de Rio Pardo, Protásio Antônio Alves foi médico e político. Membro do Partido Republicano, foi vice-presidente da Província por duas vezes, cargo que equivaleria hoje ao de vice-governador. Um dos fundadores da Faculdade de Medicina da Ufrgs e nome de uma das mais extensas avenidas da Capital.

- Balduíno Rambo (1905-1961) - Jesuíta nascido no distrito de Tupandi, em Montenegro, Balduíno Rambo estudou filosofia na Alemanha, foi professor no Colégio Anchieta e nas faculdades de Ciências e Letras e de Medicina da Ufrgs. Seus diários, com cerca de
10 mil páginas, são considerados sua principal obra literária.

DIÁRIO GAÚCHO
André Feltes / Agencia RBS

Teste comprova a falta de conhecimento e de interesse dos jovens
Foto:  André Feltes  /  Agencia RBS


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