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A Educação Precisa de Respostas  | 02/05/2013 18h16min

Por trás dos nomes das escolas de SC

Silveira de souza, Henrique Stodieck, Getúlio Vargas. Esses são apenas alguns nomes de escolas estaduais de SC onde estudam milhares de pessoas. Nomes que fazem parte do dia a dia de alunos, professores, servidores e comunidade. Mas nem sempre se sabe exatamente quem foram essas personalidades e qual a importância delas para o Estado ou o país. Confira, então, um pouco sobre elas.

GABRIELLE BITTELBRUN  |  gabrielle.bittelbrun@diario.com.br

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EEB. Silveira de Souza (Florianópolis)

O estadista João Silveira de Souza nasceu em 1824. Ganhou o título de Conselheiro pelo imperador Dom Pedro II graças aos serviços prestados à Pátria. Formado em Direito, também foi jornalista, cronista e poeta. Segundo pesquisa da administradora escolar Rosane Oliveira Bacha, atuante na escola entre as décadas de 1980 e 1990, ele nunca conseguiu esquecer o Estado que deixou aos 28 anos. Casou-se com Eugênia Amorim do Valle em 1851 e, no ano seguinte, foi transferido para Pernambuco, onde assumiria cargos políticos, além de trabalhar como jornalista e professor na Faculdade de Direito. Ainda na política, ocupou várias funções de âmbito nacional, como o de ministro de Estado das Relações Exteriores e deputado da Assembleia Geral do Império, representando SC. Membro da Academia Catarinense de Letras, Silveira de Souza morreu em 1906 e seu nome foi emprestado para a escola fundada em 1913. Atualmente, a instituição atende alunos da Educação de Jovens e Adultos e recebe o projeto social Orquestra Escola.

EEB. Prof. Hilda Teodoro Vieira (Florianópolis)

Manezinha legítima, Hilda Teodoro Vieira nasceu em 4 de março de 1914 e dedicou a maior parte da vida ao magistério. Estudou no Grupo Escolar São José e fez o curso Normal – que habilitava a dar aulas – na Escola Normal de Florianópolis, o atual Instituto Estadual de Educação. Em 1938, casou-se com Francisco Vieira. Deu aulas em Campo Alegre, no Norte do Estado, e em São Francisco do Sul, no Litoral Norte. A professora dedicada chegava a ir de barco, em um antigo cais da Capital, para as aulas no Litoral Norte. Era conhecida por ajudar as pessoas carentes, respeitando os princípios religiosos em que acreditava. Foram justamente as boas ações com a comunidade na região do Maciço do Morro da Cruz, na Capital, que marcaram seus trabalhos como diretora do antigo Grupo Escolar Padre Anchieta, no Bairro Agronômica. Por essas iniciativas, a professora foi homenageada em 1966, seis anos após sua morte, dando nome à escola que, até então, se chamava Professor Antônio Francisco de Souza.

EEB. Prof. Henrique Stodieck, (Florianópolis)

Nascido em 1912, em Florianópolis, Henrique Stodieck estudou Direito em São Paulo em 1937. Após formado, retornou a Florianópolis, onde assumiu cargos de professor e diretor do Instituto Estadual de Educação. Foi professor catedrático da Faculdade de Direito de SC e presidente do Instituto dos Advogados do Estado. Foi membro da Associação Americana de Antropologia e da Sociedade Internacional do Direito do Trabalho e Legislação Social. Extremamente culto, produziu ensaios sobre direito da filosofia e da sociologia. Patrono da cadeira número 20 da Academia Catarinense de Letras, Henrique Stodieck morreu em 1973. A escola homônima foi fundada em 1915 e era chamada, inicialmente, de Grupo Escolar Arquidiocesano São José, na época liderado por padres franciscanos. Em 1993, a instituição passou a funcionar no prédio da antiga Faculdade de Direito, primeira unidade de ensino superior do Estado. Foi em um dos diretores da Faculdade, Henrique Stodieck, que a escola encontrou o novo nome.

EEB. Gov. Heriberto Hülse (Criciúma)

Conhecido pela carreira política, Heriberto Hülse nasceu em Tubarão, em 1902. Ocupou o cargo de deputado estadual entre 1935 e 1937, eleito pelo Partido Republicano Catarinense. O mandato foi interrompido pelo Estado Novo, quando Getúlio Vargas assumiu o poder do país, extinguindo os demais poderes. Entre 1958 e 1961, Hülse assumiu como governador de SC, em substituição a Jorge Lacerda, que faleceu em um acidente aéreo. Seu governo ficou conhecido pela arrancada desenvolvimentista no Estado. A ele é atribuído, inclusive, o asfaltamento da ponte Hercílio Luz de Florianópolis. Mas foi em Criciúma, no Sul do Estado, que ele se tornou uma liderança política regional. Hülse foi um dos fundadores da União Democrática Nacional (UDN) no Estado e instalou o partido na cidade. Morreu em Florianópolis em 1926. Foi homenageado dando nome à escola fundada em 1961, que tem 443 alunos matriculados. O estádio de futebol de Criciúma também recebeu o nome do ex-governador.
 
EEB. Visconde de Cairu (Lages)

José da Silva Lisboa, nascido em Salvador, em 1756, foi conhecido como economista, político e historiador. Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra, em Portugal. No Brasil, foi deputado, secretário da mesa de Inspetoria da Agricultura e Comércio da Bahia. Escrevia sobre princípios de Direito Mercantil e questões econômicas. Lisboa era preocupado com o desenvolvimento do país, e tendo conquistado proximidade com a corte portuguesa no Rio de Janeiro, defendeu a abertura dos portos para nações amigas de Portugal. A proposta foi seguida por D. João VI, com a Carta Régia em 1808. Por essas atitudes e pareceres sobre questões de mercado, Lisboa ficou conhecido como Patrono do Comércio no Brasil. Recebeu o título de barão em 1825 e, no ano seguinte, de Visconde de Cairu, em referência a um município baiano. Senador do império, nunca se distanciou dos trabalhos acadêmicos. Morreu no Rio de Janeiro, em 1835. A escola que remete ao visconde foi fundada em 1962 e, desde 1971, funciona no mesmo prédio.
 
EEB. João Widemann (Blumenau)

Foi dentro da sala de aula que João Widemann passou grande parte de seus dias. Nascido em 10 de maio de 1877, na Alemanha, adotou o Brasil como segunda pátria em 1907. Em Brusque, casou-se com Olga Krieger. A família morou em Indaial e Joinville, mas foi em Blumenau que fixou residência. Entre as escolas pelas quais Widemann passou estava a da Itoupava Norte. Na época, a unidade era mantida pela comunidade evangélica. As aulas eram ministradas em alemão em função da colonização europeia na cidade. Mas o processo de nacionalização do então presidente Getúlio Vargas fechou as escolas particulares de ensino alemão. Widemann se aposentou em 1937, após mais de 25 anos de dedicação ao magistério. O professor ainda trabalhou no escritório de uma tecelagem, sem perder de vista outras paixões, como o teatro, o cinema, o futebol e as corridas de cavalo. Morreu aos 70 anos, em 1947. A instituição ganhou o nome do professor 10 anos depois, quando o governo estadual se apropriou da área.
 
Outros nomes que inspiraram escolas no Estado:

Lauro Müller - O político, diplomata brasileiro e engenheiro militar nasceu em Itajaí, em 1863. Em 1889, foi nomeado governador provisório da província, que foi transformada no Estado de Santa Catarina. Foi deputado federal, senador, ministro de Estado, ministro das Relações Exteriores e membro da Academia Brasileira de Letras.

Vidal Ramos - Nasceu em Lages, em 1866. Governou o Estado entre 1910 e 1914 e foi senador, deputado estadual e federal. Também foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de SC.

Dom Pedro II - O último imperador do Brasil nasceu em 1825. Foi príncipe regente aos seis anos de idade, após o pai, Dom Pedro I, abdicar do trono. O governo imperial foi derrubado em 1889, ano em que Dom Pedro II retorna para a Europa.

Getúlio Vargas - Foi presidente do país em dois momentos, de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Ocupando o cargo, criou leis trabalhistas como o salário mínimo e as férias remuneradas. Formado advogado, nasceu em São Borja, no Rio Grande do Sul em 1882 e ficou conhecido também por suas medidas ditatoriais, fechando o Congresso e prescrevendo os partidos quando ocupava o posto máximo da política no país. Suicidou-se em 1954.

Como é feita a escolha do nome

- A comunidade escolar sugere o nome de alguma pessoa relevante para o município, estado ou para país. A discussão deve ser ampla, com a participação dos pais. Também deve ser levada em conta uma pesquisa sobre a biografia do homenageado.
- Após o consenso, é feita a proposição para a Gerência de Educação e, em seguida, para a Secretaria de Estado da Educação.
- Na avaliação, a Secretaria vai analisar se a proposição respeita a lei federal, de 2002, que trata da nomeação de bens públicos.
- A uma escola não pode ser atribuído, por exemplo, o nome de pessoa viva ou uma falecida que tenha violado direitos humanos.
- Aprovada a sugestão, é elaborado um projeto de lei sobre o assunto que é encaminhado para votação na Assembleia Legislativa do Estado.
- O tempo para efetivar um nome vai depender da velocidade de tramitação da proposta na Assembleia.
- O nome da escola pode ser alterado, desde que tenha uma justificativa que seja aprovada pela secretaria estadual.
- Normalmente, os nomes de escolas têm alguma relação com questões culturais de uma comunidade. Para reforçar esses laços, é importante resgatar a história do nome com os alunos.


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