São apenas nove garotas, mas elas compõem juntas um retrato que deve ser capaz de provocar o mundo. O documentário Girl Rising, que tem exibição nesta quinta-feira em São Leopoldo, reúne as histórias de meninas espalhadas por nove diferentes países e que tiveram sua trajetória transformada a partir da conquista de um direito básico: a educação.

A equipe que produziu o documentário, promovido pela campanha internacional 10x10, percorreu o mundo entre 2011 e 2012 para procurar, encontrar e contar as dificuldades e as vitórias de meninas na conquista do direito de aprender. Jovens de países como Peru, Índia e Egito foram acompanhadas por escritoras locais convidadas, além do diretor Richard E. Robbins, e de atrizes como Anne Hathaway e Meryl Streep, que apoiam o projeto.




A apresentação do filme no Estado contará com a participação de Justin Reeves, diretor da 10x10 e mestre em Jornalismo, em duas sessões na Unisinos. Na noite desta quinta-feira, o filme será exibido no Anfiteatro Padre Werner, no campus de São Leopoldo da Unisinos, às 19h30min, em sessão aberta ao público. O professor e diretor Giba Assis Brasil deve participar do evento e debater a obra com Reeves. Nesta sexta-feira, em Porto Alegre, está prevista uma sessão fechada para convidados, no campus da universidade. Em entrevista por e-mail, Reeves contou os bastidores do filme. Confira:

Zero Hora — Como foram escolhidos os países e as meninas para o filme?

Justin Reeves — Escolhemos países onde pudéssemos encontrar exemplos fortes e representativos de barreiras que meninas adolescentes enfrentam ao procurar educação, incluindo HIV, trabalho infantil, tráfico, casamento precoce, desastres naturais, violência de gênero, conflito e acesso insuficiente aos cuidados com a saúde. Nosso objetivo sempre foi usar o momento da campanha 10x10 e a distribuição do Girl Rising para conseguir fundos para os programas que atendem meninas todos os dias. Em cada país que visitamos, trabalhamos com nossos parceiros no local para tentar conhecer e entrevistar o máximo de meninas possível. Depois, fizemos o processo difícil de tentar escolher um pequeno grupo de favoritas. Nós então pedimos a cada escritora (local) para escolher a menina cuja história ela se sentia mais instigada a contar. E, sinceramente, depois de conhecer tantas meninas extraordinárias pessoalmente, ficou muito difícil escolher. As escritoras foram capazes de fazer suas escolhas com uma certa distância, antes de conhecê-las, o que esperamos tenha deixado um pouco mais fácil.

Zero Hora — Há alguma história que chamou sua atenção de forma especial?

Reeves — A história de Senna, no Peru, foi a que mais me tocou. Sua bravura, talento artístico e determinação naquele que é provavelmente o pior ambiente para crescer realmente deixou uma lembrança em mim. La Rinconada é uma geleira a 5,3 mil metros. É poluído, tóxico, difícil de respirar, sem infraestrutura, incluindo água corrente, frio e úmido todo o tempo. Ainda assim, Senna e seus colegas encontram esperança, inspiração e sonhos. Elas são meninas extraordinárias.

Zero Hora — Qual é a lição mais importante que o filme traz?

Reeves — Educar meninas funciona. Meninas mudam e dão forma às suas comunidades quando obtêm educação. Elas deveriam estar aprendendo sobre seus direitos, saúde e segurança e as matérias da escola. Se isso continuar acontecendo, vamos ver um declínio da pobreza.

Zero Hora — O filme mudou a história de alguma das meninas?

Reeves — Nós vemos a maioria das meninas do filme prosperando dentro das suas comunidades. Olhe o caso de Suma, no Nepal, que atualmente está ensinando meninas sobre os direitos delas e resgatando outras meninas da escravidão do Kamlari. Há também Azmera, que, com o apoio do seu irmão, negou seu casamento, e continua a ser um exemplo a ser seguido em sua comunidade por dizer "não". Ela está na escola e catalisou uma mudança para a próxima geração.

* Tradução de Rafaela Ely