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Ensino Médio  | 29/04/2013 06h02min

Chance extra de passar de ano no Ensino Médio aprova minoria de alunos

Segundo um levantamento feito em mais de cem escolas por ZH, Diário de Santa Maria e Pioneiro, maior parte dos alunos não aproveitou a oportunidade de passar de ano no primeiro trimestre

Eduardo Rosa e Itamar Melo*

Um levantamento realizado por Zero Hora aponta que uma minoria aproveitou a chance de passar de ano ainda no primeiro trimestre de 2013, oferecida a alunos reprovados em escolas estaduais de Ensino Médio.

A oportunidade extra foi proposta pela Secretaria Estadual da Educação (SEC), como parte de uma reformulação do secundário iniciada em 2012 em turmas de 1º ano.

Pelas novas regras, os alunos que não obtiveram conceito satisfatório em uma das quatro áreas do conhecimento passaram a ser promovidos para o 2º ano, em um regime de progressão parcial. O ponto polêmico foi a orientação que a secretaria deu a respeito dos alunos que foram mal em mais de uma área do conhecimento e acabaram reprovados: eles deveriam passar por uma nova avaliação nas primeiras semanas de abril, capaz de catapultá-los para o 2º ano com o período letivo já em andamento.

A medida sofreu resistências e gerou controvérsia dentro das escolas, onde foi criticada como uma forma encontrada pelo governo de melhorar na marra os índices calamitosos de reprovação no Ensino Médio. O levantamento realizado por ZH indica que centenas de alunos aproveitaram essa nova chance e reverteram a reprovação de 2012. Mas a maior parte não quis participar ou não alcançou o desempenho necessário. Continuaram na condição de repetentes.

ZH buscou os dados sobre aprovação e reprovação diretamente com as escolas estaduais dos cinco maiores municípios gaúchos. Nem todas responderam ou aceitaram fornecer informações, mas mais de uma centena revelou seus números. Em Porto Alegre, no universo consultado, 37% dos alunos habilitados a participar do chamado avanço foram aprovados. Os índices mais baixos apareceram em Canoas (23%) e Caxias do Sul (24%). Os mais altos, em Pelotas e Santa Maria (ambas com 51% de aprovação).

— A grande maioria dos alunos iniciou com interesse mas, no decorrer das aulas, apresentou o mesmo comportamento do ano anterior: não estudaram e não entregaram tarefas — relata Fabiene Silveira, diretora da Escola Julio Grau, de Porto Alegre.

Por conta de algumas limitações, o levantamento de ZH dá uma ideia apenas aproximada do desempenho dos alunos — apesar disso, ele se justifica pela falta de dados oficiais até o momento. As distorções não dizem respeito somente ao fato de ter sido consultada uma amostra dos estabelecimentos estaduais. Outro fator a interferir no resultado é o fato de o número de alunos não aprovados no avanço obedecer a critérios diferentes, conforme a escola. Algumas delas repassaram o total de estudantes que estavam habilitados a receber a nova chance, incluindo aqueles que não quiseram aproveitá-la. Outras informaram somente o número de alunos que se inscreveram para participar. Em algumas, foi possível usar apenas o universo de secundaristas que efetivamente se submeteu aos exames de 2013.

Isso significa que os índices de aprovação podem ser menores do que os sugeridos pelo levantamento. Se fossem levados em conta todos os alunos reprovados em 2012 e que poderiam ter aproveitado a nova oportunidade de avançar para o 2º ano, a proporção de aprovados cairia. No caso de Caxias do Sul, por exemplo, a 4ª Coordenadoria Regional de Educação realizou um levantamento abrangente e chegou a um índice de aprovação inferior ao colhido por ZH. Na cidade, 2.532 alunos foram reprovados em 2012. Participaram do plano de avanço 2.083 deles (82,26%). Desses, 501 (24,05%) desistiram no meio do caminho, 1.126 (54,05%) foram reprovados e 456 (21,90%) passaram de ano.

Apesar das críticas, a nova oportunidade de passar de ano oferecida pela SEC tem amparo na Lei de Diretrizes e Bases. A professora da UFRGS Maria Beatriz Luce, integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE) entre 2004 e 2012, considera um dever das escolas oferecer chances de recuperação:

— Uma avaliação bem feita é decisiva para uma inflexão no comportamento de um aluno.

*Participaram Júlia Otero, Diário de Santa Maria e Pioneiro

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OS RESULTADOS

Mais de uma centena de escolas foram pesquisadas nos cinco municípios gaúchos de maior população:

PORTO ALEGRE

47 escolas consultadas

Aprovados: 669 (37,58%)

Não aprovados/Não fizeram: 1.111 (62,42%)

 

CAXIAS DO SUL

23 escolas consultadas

Aprovados: 379 (23,85%)

Não aprovados/Não fizeram: 1.210 (76,15%)

 

PELOTAS

14 escolas consultadas

Aprovados: 196 (50,90%)

Não aprovados/Não fizeram: 189 (49,10%)

 

CANOAS

7 escolas consultadas

Aprovados: 64 (22,78%)

Não aprovados/Não fizeram: 217 (77,22%)

 

SANTA MARIA

24 escolas consultadas

Aprovados: 162 (50,78%)

Não aprovados/Não fizeram: 157 (49,22%)

 

OBSERVAÇÃO

Os dados sobre não aprovados, na maior parte das escolas, dizem respeito aos alunos que poderiam ter se beneficiado mas não o fizeram, incluindo aqueles que não compareceram para a prova. Algumas escolas, no entanto, forneceram apenas os dados dos que efetivamente fizeram a prova.

Veja o resultado completo das escolas


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