Educação Básica | 22/04/2013 08h59min
O novo processo de avaliação implantado pela Secretaria Estadual da Educação, em que os alunos reprovados no 1º ano do Ensino Médio puderam fazer recuperação e ir para o 2º ano, foi aprovado pelas escolas que aderiram ao sistema. Essa é a conculsão de um levantamento que o Diário fez junto ao setor pedagógico de 12 instituições de ensino que, a partir do segundo semestre de 2012, adotaram o novo processo chamado de avaliação mancipatória.
Metade das 24 escolas estaduais que oferece Ensino Médio em Santa Maria aderiu ao sistema. Só é obrigada a incluir a nova avaliação, a escola que tiver um índice de reprovação superior a 31,1% dos alunos.
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Questionada sobre o sucesso ou não do novo método, a 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) diz ter conhecimento de que apenas uma escola que seria obrigada não aderiu (mas não revelou o nome), e que todas foram desafiadas.– Não aplicaram o plano aquelas escolas que não oportunizaram uma melhor aprendizagem ao aluno – explica Celita da Silva, coordenadora da 8ª CRE, criticando as 12 que não adotaram a nova avaliação.
Mesmo não sendo obrigada a implantar o sistema, a escola Princesa Isabel aderiu com objetivo de reforçar os conteúdos aprendidos nas áreas de conhecimento.
Maioria dos ‘reprovados’ foi aprovada
Em 2012, dos mais de 8,7 mil alunos do Ensino Médio de Santa Maria, 337 foram reprovados. Desse total, 199 estudantes participaram da avaliação emancipatória, sendo que 162 passaram e estão frenquentando o 2º ano. O índice de aprovação do novo sistema foi de 81%. Boa parte dos professores ouvidos pelo Diário e também a 8ª CRE afirmam que esse novo plano faz com que os jovens passem a ter mais responsabilidades com os estudos.
– Resultado positivo não é somente aprovação e sim aprendizagem – afirma Rogê Menezes, coordenador pedagógico da 8ª CRE.
Para a doutora em Psicologia e Educação pela Universidade de São Paulo (USP) Kizzy Morejón, o fundamental é a mudança de comportamento do aluno:
– Se a aprovação não foi conseguida no ano anterior, não é apenas em um determinado momento que vai acontecer. Por isso, a importância de fazer a avaliação durante todo o ano.
Sistema também foi alvo de desconhecimento e críticas
No levantamento feito pelo Diário nas 24 estaduais com Ensino Medio, cerca de 10 professores e funcionários das escolas não sabiam do que se tratava o plano. Porém, entre os que conhecem, há quem entenda que os alunos serão empurrados para a série seguinte mesmo sem condições de ir adiante. Mas há os que defendem o novo método.
Na escola Walter Jobim, segundo a coordenadora pedagógica Marta Helena Loureiro, os professores se ressentem do pouco interesse demonstrado pelos reprovados em participar das recuperações. Dos 56 alunos do turno da manhã do 1º ano do Ensino Médio, 12 foram reprovados. Para esses, a escola adotou quatro aulas de orientação no turno inverso, em que os professores programaram trabalhos conforme as áreas de conhecimento estudadas.
– A tendência é que eles (alunos) evoluam durante o ano, porque, na recuperação, eles demonstraram um interesse maior nos conteúdos – disse Marta.
Para CRE, melhorou a aprendizagem
De agora em diante, sempre haverá nova oportunidade de avaliação dos reprovados no início de cada ano letivo em escolas estaduais que oferecem o Ensio Médio e têm índices de reprovação superior a 31,1%. Em 2014, além dos alunos do primeiro ano do Ensino Médio, os estudantes reprovados no segundo, também ganharão uma nova chance de passar de ano e frenquentar o terceiro.
Mesmo que duas escolas ainda não tenham divulgado o número de aprovados, e a 8ª CRE não tenha dados de anos anteriores para poder comparar as avaliações, ela considera positiva a novidade.
– Tudo que é novidade angustia um pouco. A nossa expectativa é que as aprovações melhorem com o passar dos anos. Queremos tirar o estigma de reprovado. Para isso, temos de mexer com a cultura da escola – conta a coordenadora da 8ª CRE, Celita da Silva, acrescentando que a retomada dos conteúdos em períodos inversos já vinha sendo aplicada.
Na escola Castelo Branco, os mesmos professores que ministram a recuperação seguem dando suporte durante o ano todo aos aprovados.
– Trabalhamos bastante com a autoestima deles, fazendo com que percebessem que o estudo é importante e os incentivamos a passar de ano – diz a supervisora Cleonice Bernardes.
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