Educação Básica | 17/04/2013 10h00min
Quando Lucas Rateke, 4 anos, chega à escolinha os amigos fazem a festa. O garoto também demonstra para os pais estar à vontade com o ambiente. É ele quem pega a mochila para ir ao colégio, até mesmo no sábado, dia que não há aulas.
Mas para chegar à cena feliz e corriqueira para muitos, os pais do garoto, que tem síndrome de Down, tiveram que ouvir muitos nãos. Em Florianópolis, onde moram, foram quatro. O mais doído vindo de uma escola tradicional que disse com todas a letras à mãe Simone que crianças com síndrome não eram aceitas.
O pai Fabiano Rateke relembra que as outras escolas procuradas mesmo não negando a matrícula, colocaram barreiras para não aceitar a criança. Em duas foi o fato Lucas usar fraldas e uma terceira exigiu que os pais contratassem uma professora auxiliar.
A legislação brasileira garante a todas as crianças o acesso à educação e torna obrigatória a matrícula a partir dos quatro anos — em lei sancionada no início de abril. Além disso, todas as escolas precisam aceitar estudantes com deficiência e garantir a estrutura necessária para o aprendizado deles.
A pedagoga da Apae Fabiana de Melo Giacomini Garcez explica que mesmo que o aluno com deficiência tenha menos de quatro anos a escola não pode recusá-lo. Outro problema frequentemente observado é a escola particular pedir que a família contrate um professor auxiliar. De acordo com Fabiana, ele deve ser oferecido pela própria instituição.
>> Confira a entrevista com os pais do garoto
Os pais de Lucas não desistiram de garantir o direito à educação ao filho. A surpresa positiva veio com a escola Sabedoria Júnior próxima de onde moram, no Bairro Carianos, que aceitou a matrícula sem impor condições. Vendo os progressos de Lucas, o pai prefere não depositar expectativas sobre o menino, que ainda pronuncia algumas sílabas. Mas tem o sonho de ver o filho seguir estudando até, quem sabe, conquistar um diploma universitário, como outros portadores de Down já fizeram. Para ele, inclusão é um desafio com o qual se deparam todos os dias:
— Na teoria ela é muito bonita, mas na prática...
A professora do curso de Educação Especial da Universidade do Vale do Itajaí Célia Renck Hoefelmann fala que apesar dos avanços na área ainda é preciso superar obstáculos, como a concepção equivocada de que as pessoas com deficiência não aprendem ou aprendem menos. Ela resume que a educação é um direito de todos, por isso deve ser garantida a todos. As dificuldades não podem ser um impeditivo para isso.
DIÁRIO CATARINENSE
Para garantir a matrícula de Lucas Rateke, 4 anos, em uma escola, os pais tiveram que engolir quatro "nãos"
Foto:
Flávio Neves
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Agencia RBS
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