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 | 15/04/2013 07h53min

Distrito de Pirabeiraba comemora 154 anos de história

Professora e moradora do distrito há 85 anos, Íris Eberhardt Boldt conta a história da região

Caroline Stinghen  |  caroline.stinghen@an.com.br

Onde antes havia mato, hoje existem casas. Onde antes havia uma pequena escola de madeira, hoje está uma grande escola com quase mil estudantes. Onde antes a estrada era de chão batido, hoje é a rodovia SC-418 (antiga SC-301), que liga Joinville ao Planalto Norte. Mesmo com o desenvolvimento, o distrito de Pirabeiraba ainda é uma das mais belas paisagem rural da região Norte.

E tem muito mais, com 20,5 mil moradores, independente e que conta a própria história. A professora aposentada Íris Eberhardt Boldt, 85 anos, nasceu, se profissionalizou e mora até hoje em Pirabeiraba. E afirma que não há melhor lugar para se viver.

Quem não conhece a dona Íris em Pirabeiraba? Professora e por 28 anos diretora da Escola Estadual Olavo Bilac, segundo ela mesma, participou da educação da maioria dos moradores do distrito. Coisa que a orgulha imensamente. Quando criança, precisou sair do bairro para ir a Blumenau estudar. De lá, foi para Canoinhas fazer o magistério – em Pirabeiraba não havia ensino médio. Assim que se tornou oficialmente professora, em 1946, ela voltou para levar aprendizado às crianças de sua terrinha.

Dessa época, ela lembra muito. A antiga escola de madeira da Estrada Dona Francisca deu lugar à construção da Olavo Bilac. Por um ano foi professora, em seguida, assumiu a direção.

— Em Pirabeiraba, existiam muitas pessoas a favor da Campanha da Nacionalização (Estado Novo, de Getúlio). Tanto que plantaram uma figueira na escola, com a promessa de que até o fim do ano, todos os alunos que só falavam o alemão falariam o português — , lembra-se Íris.

A figueira existe até hoje no terreno da escola e é chamada de Árvore das Promessas. Quando diretora, a professora ainda participou do combate à malária.

— Apenas a escola tinha vacinas. Atendíamos não só aos alunos, mas toda a comunidade. Pessoas vinham até a minha casa, com febre, para pedir ajuda —, relembra.

Festa de amigos e de aniversário

Pessoas de todas as idades aproveitaram o tempo nublado e caminharam até o Centro do distrito para relaxar, rever velhos amigos, tomar um chope gelado e saborear o famoso entrevero na 7ª edição do Stammtisch. Em meio às 56 barracas erguidas na rua principal, Olavo Bilac, estava Airi Mossi, 42 anos.

Mais: Confira as fotos do Stammtish que celebrou os 154 anos de Pirabeiraba

Morador de Garuva, ele participou da festa acompanhado da família e trouxe um porco de 40 quilos para a festajar com os amigos. Perto dele, Emir de Oliveira Dias, 37, caprichava no preparo do entrevero. Ele garante que a disposição de ir para a cozinha não é só em dia de festa e também ajuda a esposa em casa.

— Já fiz várias vezes esse prato —, afirmou.

Músicos de Blumenau, Gaspar e Indaial animaram a comemoração do aniversário de Pirabeiraba, ao lado de outros grupos como o I Cavalieri Cantanti. Muito cantante mesmo, Sérgio Araújo também tocava violão, acompanhado do gaiteiro Genésio Catafesta.

Um mercado de pulgas e exposição de obras de artistas locais, como Antonio Wiebbeling, 56, que aproveitou o evento para expor suas obras esculpidas em madeira, também fizeram parte da programação. O tradicional Stammtisch arrecadou 500 quilos de alimentos, que serão doados à comunidade.

De geração para geração

Íris Eberhardt Boldt recorda da construção do Hospital Bethesda – no qual até hoje é voluntária e membro do corpo administrativo – e da construção da Estadra Dona Francisca.

— Lembro que em frente à minha casa e da escola só havia mato. Hoje, existem casas por todo o redor —, contou a professora aposentada, que mora no centrinho do distrito, e explica que quando ainda era nova, contavam-se histórias dos primeiros imigrantes. Nas terras que eram de alemães, chegaram os italianos, para o cultivo de arroz.

— A cana-de-açúcar começou a dar prejuízo —, observou. O distrito foi conhecido pelos engenhos de açúcar no início do século passado.

— Mais tarde, após a grande enchente que ocorreu em Tubarão (1974), muitas pessoas se mudaram para Pirabeiraba. Assim como moradores do Paraná que vieram para cá trabalhar —, diz Íris.

Atualmente, a família inteira da professora ainda mora no distrito. Seus dois filhos seguiram seus passos no magistério. Soraia Boldt, 54, é professora e observa que se inspirou na mãe, tanto na educação, quanto no amor a Pirabeiraba.

— Não queremos sair daqui. Meu filho, de 28, também escolheu o distrito para viver e ter sua família —, disse a filha.



A NOTÍCIA
Diorgenes Pandini / Agencia RBS

'Não há melhor lugar para se viver', garante dona Íris Eberhardt
Foto:  Diorgenes Pandini  /  Agencia RBS


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