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 | 13/02/2013 07h01min

Entenda por que cidades do interior concentram a onda de ataques no Estado

Células da facção criminosa espalhadas por prisões e policiamento na Grande Florianópolis seriam os motivos

Atualizada às 07h30min Diogo Vargas e Felipe Pereira  |  diogo.vargas@diario.com.br e felipe pereira@diario.com.br

Após 95 atentados, a incidência dos crimes revela que o problema se proliferou para todos os cantos de Santa Catarina. O percentual é de 77% dos ataques fora da Grande Florianópolis. Para policiais ouvidos pelo DC, há uma explicação: as células da facção estão espalhadas pelo sistema prisional.

Seja em ônibus incendiado, veículos pequenos, tiros contra unidades públicas, a dimensão da segunda onda de atentados alcançou 30 municípios, sendo 20 novas cidades, não atingidas na primeira onda de violência, em novembro do ano passado.

O raciocínio de policiais e agentes penitenciários consultados pelo DC, que não querem se identificar, é de que a facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC) se fortaleceu em outros presídios fora da Grande Florianópolis, com transferências de presos vinculados ao bando, nos últimos anos. Chapecó, Criciúma, Blumenau e Rio do Sul seriam exemplos.

Há ainda outras razões: no interior há menos policiamento, criminosos que buscam mostrar força ou se juntar ao PGC. O recuo na Grande Florianópolis se deveria ao grande aparato policial mobilizado e a chance ser maior de confronto ou prisão.

Entre a madrugada e a manhã de domingo, mais duas cidades passaram a figurar na lista de municípios atingidos: Imbituba e Içara, no Sul do Estado.

Em Tubarão, às 2h da madrugada, criminosos incendiaram uma viatura da Guarda Municipal que fazia a segurança no albergue para moradores de rua. Em Chapecó, um Fusca foi incendiado.

No Sul, em Içara, bandidos lançaram um artefato nos fundos do posto da Polícia Militar Rodoviária, mas não chegou a explodir. No Fórum de Imbituba, uma pedra embrulhada em uma sacola foi jogada contra o prédio com um bilhete com a ameaça de que o local seria incendiado, o que não chegou a acontecer.

A vulnerável fiscalização das visitas

A ramificação da facção dos criminosos alcança outro ponto vulnerável no interior: a dificuldade para barrar informações repassadas por presos em visitas. Isso porque não há no sistema prisional o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), em que detentos de mau comportamento ficam isolados.

Há fontes policiais que defendem decretação de regime de emergência no sistema prisional, para aumentar o rigor e como forma de represália aos ataques. A suspensão das visitas seria uma das possibilidades.

A transferência de pelo menos 20 líderes do PGC para prisões federais é prometida para os próximos dias, depois que o Departamento de Administração Prisional (Deap) conseguir a autorização da Justiça.

Delegado geral promete mais prisões

Prisão de criminosos envolvidos com a onda de atentados nos próximos dias é a promessa do delegado geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro D'Ávila. As datas, número de presos e locais não foram revelados. Até o momento, foram detidos 31 adultos e apreendidos 17 adolescentes.

Aldo explicou que cada ataque é apurado individualmente pelas delegacias locais e que a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) centraliza o serviço para descobrir os mandantes e os executores das ordens.

O delegado geral falou que as prisões devem ocorrer em várias cidades catarinense, mas não necessariamente nas que tiveram maior número de ocorrência.

Sobre a interiorização dos ataques, disse que não sabe o motivo, até porque as ocorrências não apresentam um padrão. Mesmo cidades sem unidades prisionais foram vítimas da violência. Aldo também declarou que não recebeu nenhuma mensagem da inteligência sinalizando o final dos atentados.

Operação nas cadeias do Estado

O Departamento de Administração Prisional (Deap) realizou na segunda-feira mais uma etapa da Operação Presença. Trata-se de uma ação integrada e simultânea em todas as unidades prisionais de Santa Catarina.

O objetivo da atividade é reforçar procedimentos de segurança, acompanhar os horários de entrada e saída de visitas, de banho de sol e outras rotinas do sistema prisional.

A operação envolve agentes penitenciários, diretores, gerentes, chefes de segurança e supervisores das seis regiões penitenciárias catarinenses (Grande Florianópolis, Região Sul, Vale do Itajaí, Região Norte, Região Serrana e Oeste Catarinense).

O diretor do Deap, Leandro Lima, disse que a visita das equipes às unidades é mais uma forma de garantir a segurança dos presos, da população e dos agentes penitenciários. Durante a operação, não foi registrada nenhuma anormalidade nas cadeias.

DIÁRIO CATARINENSE

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