| 07/02/2013 05h51min
Morro acima
Com a pequena Helena no colo, ontem Valquíria Aparecida da Silva, 38 anos, teve que enfrentar a ladeira sem calçadas da Rua Custódio Fermino Vieira no sentido mais sofrido, uma subida de 350 metros. A auxiliar gráfico não tinha ônibus nem para ir e nem para voltar do trabalho para casa, na Caeira do Saco dos Limões, em Florianópolis. Sem carro na garagem, a situação deve se repetir hoje e amanhã, pelo menos.
Ela não é a única. Comunidades do Maciço do Morro da Cruz estão parcialmente sem 14 linhas de transporte público desde que o ônibus da linha 763 foi incendiado em plena luz do dia, na última terça-feira, a poucos metros da residência de Valquíria.
— O que a população tem a ver com isto? É duro subir isto aqui, ainda mais com todo este peso (Helena pesa cerca de 10 quilos, além das compras) — desabafou a mãe, visivelmente cansada pela caminhada.
A decisão foi tomada em reunião na manhã de ontem por representantes do poder público e sindicatos do setor.
Ônibus em Florianópolis, só das 6h até às 23h até amanhã, pelo menos. Depois das 20h, vai escolta policial junto. O serviço é limitado, mas tem quem ficou sem nada.
Com sacolas cheias, o empacotador Márcio Antônio Pereira, 39 anos, chegou ao final dos 450 metros da Rua General Nestor Passos, no Monte Serrat, cansado e indignado. A linha 764, que leva o nome da comunidade, não subiu ontem.
— A medida só pegou para o pessoal do morro. Quando queimaram ônibus em Canasvieiras, as linhas não foram suspensas. Isto é preconceito — avaliou ele, enquanto equilibrava-se entre as compras.
Presente na reunião, o presidente do Setuf (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Florianópolis), Waldir Gomes da Silva, usou a segurança dos funcionários para justificar a medida.
— Nas linhas suspensas, os ônibus têm certa dificuldade em circular e a velocidade é reduzida, com as ruas bem estreitas. Considerando o último ataque, em pleno dia, as empresas tomaram esta decisão para não por em risco os funcionários. É bom ressaltar que as linhas seguem operando, mas só um trecho (no pé dos morros — explicou.
A decisão não contou com qualquer representante da Segurança Pública. Uma reunião com a polícia durante a tarde de ontem foi cancelada. Mesmo assim, as alterações estão mantidas para hoje. Um novo encontro amanhã deve reavaliar a situação, quanto a horários e números de linhas em circulação.
Menos ônibus, mais taxi
A suspensão temporária e parcial de 14 linhas de ônibus da Capital fez tocar ainda mais o telefone da Central de Taxi, que registrou aumento em viagens para a Rua General Vieira da Rosa e também no Morro do Quilombo, alteração fez tocar o telefone da Central de Taxi, que registrou aumento em viagens para o Monte Serrat e Morro do Quilombo.
Na Serrinha, próximo à UFSC, o ônibus da linha 179 só circulava até a Rua Douglas Seabra Levier. A reportagem da Hora acompanhou várias pessoas subindo a pé a Rua Marcus Aurélio Homem, com taxis subindo a todo momento.
Ana Maria, esposa do aposentado Acílio Pereira, 66 anos, gastou pelo menos R$ 25,00 para voltar do trabalho para casa, na Caeira do Saco dos Limões.
— Chegamos ao fundo do poço. Estamos nas mãos de adolescentes de 14 anos.
Linhas suspensas parcial e temporariamente:
>762 — Angelo Laporta
>763 — Caeira do Saco dos Limões
> 764 — Monte Serrat
> 765 — Morro da Queimada
> 766 — Morro do 25
> 767 — Morro do Horácio - Gama D'Eça
> 768 — Morro do Horácio - Mauro Ramos
> 769 — Morro do Nova Trento
> 770 — Morro do 25 - Gama D'Eça
> 160 — Morro da Cruz
> 155 — Sol Nascente
> 161 — Morro da Penitênciária
> 173 — Morro do Quilombo
> 179 — Serrinha
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