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Ensino Superior  | 12/01/2013 09h01min

Ciência Sem Fronteiras é a chance de estudar no Exterior

Programa do governo federal já levou a universidades estrangeiras pelo menos 914 estudantes gaúchos

Sonho da maioria dos estudantes, o intercâmbio no Exterior é uma oportunidade para impulsionar qualquer carreira iniciante. Talvez por isso mais de 40 mil brasileiros já se inscreveram para a seleção da próxima chamada do programa Ciência sem Fronteiras (CsF), que oferece bolsas para alunos cursarem parte do Ensino Superior em universidades estrangeiras. E as inscrições ainda nem estão encerradas: vão até o dia 24 de janeiro.

Desde o lançamento do programa federal, em julho de 2011, mais de 21 mil universitários brasileiros já passaram por vivências no Exterior. Dos financiados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), um dos órgãos coordenadores do programa, 914 são estudantes gaúchos.

Dados da Capes apontam ainda que o Rio Grande do Sul é o quarto Estado com maior número de estudantes beneficiados pelo projeto e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a segunda instituição que mais encaminha acadêmicos ao Exterior — ficando atrás apenas da Universidade de São Paulo (USP).

Mais da metade dos 389 alunos que a UFRGS enviou para universidades estrangeiras pelo CsF é da área de Engenharia, e o destino preferido de grande parte deles são instituições norte-americanas. Há ainda um significativo número de estudantes gaúchos das áreas de Biomedicina e Arquitetura que participam do projeto do governo federal.

O campo das ciências humanas não é contemplado pelo projeto de bolsas de estudo. Isto porque, como explicou o ministro da Educação Aloizio Mercadante, "o déficit do Brasil não está em humanidades". Para Cláudio Senna Venzke, um dos responsáveis pelo Ciência sem Fronteiras na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o programa se torna extremamente importante na medida em que qualifica os alunos na área em que o Brasil mais precisa se desenvolver, a tecnologia.

— É preciso ter o cuidado de criar novas oportunidades e aproveitar as competências que os alunos trouxerem. Só assim será possível elevar a educação superior a um padrão internacional. Espero que, nos próximos anos, o Brasil se torne cada vez mais um destino para o qual os alunos do Exterior se deslocam — analisa Venzke.

Conforme o reitor da UFRGS, Carlos Alexandre Netto, expostos a outro tipo de formação acadêmica, os alunos retornam à universidade com novas visões do estudo e, por isso, acabam "oxigenando" o ambiente dos outros colegas, modificando de alguma forma o curso em que estudam.

— O que percebemos é que os alunos voltam muito diferentes, com uma visão cosmopolita. Adquirem valores de tolerância, por conviver com as diferenças, além de terem acesso a outras manifestações culturais que não estão disponíveis aqui — explica Netto.

A coordenadora do núcleo de mobilidade acadêmica da Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul (PUCRS), Flávia Thiesen, diz que a instituição terá 121 estudantes no Exterior pelo CsF no primeiro semestre deste ano, a maioria da área de Engenharia — a instituição gaúcha foi, em 2012, a universidade privada do Brasil que mais enviou alunos para os Estados Unidos, com 58 estudantes.

— Os primeiros alunos que estão voltando relatam que o grau de exigência é bastante alto, que eles estudam muito. E nós percebemos isto porque eles chegam aqui com mais autonomia. O programa qualifica a graduação no Brasil sem sombra de dúvidas — afirma Flávia.

 

Filho de mãe costureira e pai torneiro mecânico, Denis vai para a Irlanda

Em breve, Denis Borges vai trocar o Brasil pela na Irlanda. Aos 19 anos, o estudante de Física Médica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) parte para um período de estudos no Exterior por meio do programa Ciência sem Fronteiras. Vindo de escola pública, Ensino Superior financiando pelo ProUni, mãe costureira e pai torneiro mecânico, a oportunidade é definida como um sonho:

— Será uma experiência única e indescritível.

Paula Lunardi, 30 anos, já havia concluído todas as cadeiras do doutorado em Neurofisiologia na UFRGS quando embarcou para a França, em outubro, a fim de terminar a pesquisa. Em breve retornará ao país com o título desejado. E se a chance que teve é encarada com responsabilidade, o futuro é visto como um desafio.

— Hoje, a pesquisa no Brasil está reduzida ao espaço universitário, de escassos concursos. Nesse sentido, acredito que o CsF pode incentivar a criação de parcerias internacionais e aberturas para que a pesquisa ocorra dentro das empresas brasileiras. Se isso não acontecer, o investimento será jogado fora e a nossa solução será morar fora do Brasil — acredita a pesquisadora.

Alternativa que está fora dos planos de Denis. É com a confiança de voltar ao país e fomentar o mercado ainda incipiente da Física Médica que o jovem parte no próximo mês. "O destino não poderia ser a vizinha Argentina?". A mãe Cerlei não se cansa de perguntar por que o filho escolheu um lugar tão distante. Mas deve começar a se acostumar, pois como a voz de uma nova educação no Brasil, o garoto responde:

— Ainda tem muito pela frente. Esse é apenas o primeiro passo.

 

Como se inscrever

Os candidatos têm até o dia 24 de janeiro para se inscrever nas novas chamadas, que preveem graduação tipo sanduíche em instituições na Suécia, Hungria, Noruega, Austrália, Alemanha, Canadá, Coreia do Sul, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Itália, Japão, Portugal e Reino Unido.

As áreas oferecidas no programa de intercâmbio são ciências exatas e da terra, engenharia, computação e tecnologia da informação, biologia, ciências biomédicas e da saúde, e indústria criativa (produtos e processos para desenvolvimento tecnológico e inovação).

O primeiro passo é se inscrever na universidade ou instituição em que deseja estudar. Depois de ser aceito, o estudante pode se inscrever no site www.cienciasemfronteiras.gov.br, onde há também mais informações sobre o programa.

Para doutorado, além dos requisitos acadêmicos, a seleção requer um projeto de pesquisa.

A meta é oferecer 101 mil até 2015. Serão 75 mil por parte do governo federal, e as demais, em parceria com a iniciativa privada.

Lauro Alves / Agencia RBS

Denis Borges, 19 anos, encara a oportunidade como a realização de um sonho
Foto:  Lauro Alves  /  Agencia RBS


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