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Alfabetização  | 04/01/2013 11h42min

Os desafios do combate ao analfabetismo funcional

Letrar os cidadãos é fundamental para que não se amplie o contingente de excluídos do mercado de trabalho e das oportunidades criadas pela estabilidade econômica

O combate ao analfabetismo funcional não fez parte dos discursos de posse dos novos prefeitos, mas deveria ser prioridade das políticas públicas municipais. Mesmo que programas educacionais mais amplos dependam de iniciativas da União, é das comunidades, por dever constitucional, a tarefa de identificar e levar adiante ações que pelo menos reduzam o número de pessoas que leem, escrevem e fazem operações matemáticas precariamente – ou nem mesmo isso sabem fazer.

Os dados disponíveis seriam suficientes para inspirar os administradores municipais. Há uma década, o índice de cidadãos brasileiros considerados plenamente alfabetizados permanece inalterado: apenas 26% da população total, segundo o Indicador de Analfabetismo Funcional, levantado pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa, de São Paulo.

É constrangedor, para um país que pretende se alinhar às potências mundiais, o descaso com o que há de mais elementar para que, a partir desse aprendizado, alguém possa almejar ao menos uma formação básica. Há avanços, mas ainda modestos, que contrariam todas as previsões feitas a partir do final dos anos 1990, quando se chegou a criar a expectativa de que em pouco tempo o Brasil não mais teria analfabetos.

O país continua sendo iludido por programas que resultam no que se convenciona ser o analfabetismo funcional. É quando alguém aparentemente alfabetizado é capaz de ler e até de juntar palavras, mas sem que isso tenha o sentido de uma leitura ou de uma escrita. O analfabeto funcional é também incapaz de realizar operações matemáticas.

Para erradicar o analfabetismo absoluto nos próximos 10 anos e reduzir pela metade o número de analfabetos funcionais, como prevê o Plano Nacional de Educação, é preciso melhorar consideravelmente a qualidade do ensino regular, pois muitos dos que leem e escrevem precariamente frequentaram formalmente a escola.

Alfabetizar e assegurar o acesso ao Ensino Fundamental são iniciativas que estão muito além das questões específicas da educação. São fundamentalmente ações de política social, para que não se amplie o contingente de excluídos do mercado de trabalho e das oportunidades criadas pela estabilidade econômica.


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