Uma educação mais qualificada passa por diversos fatores. Um dos mais importantes é o ambiente escolar, que pode ser crucial para qualificar o aprendizado. A motivação dos professores e o interesse dos alunos são fundamentais para um ambiente de ensino mais agradável e eficiente, conforme pesquisa do último Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa).

A relação entre alunos e professores é particularmente importante. Os jovens se sentem mais capazes de aprender se suas necessidades são atendidas, ou se os professores de fato os levam a sério. Um dos problemas apontados pela pesquisa pode ser notado logo no início das aulas. Os professores perdem muito tempo tentando criar um ambiente adequado para o aprendizado. Consequentemente, o tempo que poderia ser gasto em atividades educativas acaba sendo utilizado para manter a ordem.

Para estudiosos, tornar o ambiente em sala de aula mais propício ao ensino é crucial. Segundo a pedagoga e professora da USP, Silvia Colello, perspectivas melhores podem ser alcançadas através da valorização profissional.

— Ser professor hoje no Brasil é um ato quase heroico, e o profissional não se sente prestigiado. Falta apoio, e a sobrecarga de horário faz com que sobre pouco espaço para preparar aula. Isso passa por muito investimento, tanto em condições materiais, de estrutura, e também de salário — afirma a especialista.

De maneira geral, os dados do Pisa de 2009 apontam que a disciplina em sala de aula vem melhorando. A pesquisa apontou que, nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 73% dos estudantes consideram que seus professores não precisam esperar muito para despertar a atenção da turma — esse percentual era de 67% em 2000. O Brasil, que não faz parte da OCDE mas está incluído no estudo, ocupa a 54ª posição, de um total de 65 países. A má colocação, entretanto, não é determinante para a qualidade da educação.

Ainda que países com um bom sistema de ensino, como Japão e Coreia do Sul tenham salas de aula ordeiras — ocupam respectivamente a primeira e a sexta posição nesse quesito —, nações como Finlândia estão atrás no Brasil no mesmo item, ocupando o 63º lugar no ranking.

Na última edição do Pisa, quando a leitura foi o foco, os dois países asiáticos ficaram em segundo e oitavo lugar, respectivamente, enquanto o país nórdico obteve a terceira melhor pontuação. O Brasil, por sua vez, amargou o 53º lugar de um dos mais importantes rankings de educação do mundo.