Enem | 28/12/2012 12h08min
Lisboa é uma cidade multicultural, assim como a língua portuguesa. Foi há poucas semanas, em um jantar com amigos de três países, incluindo Portugal, que entendi o que diz a frase, quando acabamos por falar no acordo ortográfico.
Para além das vantagens editoriais e diplomáticas, seria o novo acordo uma forma de apagar as diferenças e, por consequência, a diversidade da língua, ou trata-se de valorizá-las, incorporando à escrita o que já é habitual na rotina das pessoas?
É interessante notar como essas diferenças são ressaltadas no meio acadêmico, em que alunos se negam a escrever conforme o novo acordo e professores citam "versões em português e em brasileiro" para determinado autor, como se os tradutores falassem línguas diferentes.
Há ainda em Lisboa um clima de desconforto com o que muita gente chama de "desacordo ortográfico". Grande parte vê as novas regras como a imposição de um "abrasileiramento" da língua que pertence a Portugal muito antes de Marquês de Pombal proibir o ensino de tupi no Brasil e instituir o português como língua oficial do país, então colônia portuguesa.
Os mais radicais vão além: afirmam que o poder econômico do Brasil não justifica as alterações que o novo acordo propõe.
Fato — ou facto, porque aqui o "c" quando pronunciado não deixará de existir — é que o novo acordo não altera o significado das palavras nem a forma de falar dos portugueses. O padroeiro de Lisboa continuará a ser António, em Portugal, e Antônio, no Brasil. E todos saberão de que santo estamos falando.
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