Educação Básica | 20/12/2012 11h
O ano de 2012 trouxe surpresas para pais e alunos do Ensino Médio da rede estadual. No início do ano letivo, veio a implantação do Ensino Médio Politécnico, com um novo currículo que agregava as disciplinas dentro de quatro áreas afins de conhecimento (biologia, física e química estão unidas na área de ciências da natureza, por exemplo). Na reta final das aulas, o que mudou foi o método de avaliação. Por enquanto, a mudança vale apenas para alunos do 1º ano.
A chamada "avaliação emancipatória" leva em conta o desenvolvimento em provas, trabalhos, participação em sala de aula etc, dentro de cada área de conhecimento. Conforme o desempenho, o aluno pode receber três pareceres, elaborados pelos docentes da área: Construção Satisfatória de Aprendizagem (CSA), Construção Parcial de Aprendizagem (CPA) e Construção Restrita de Aprendizagem (CRA). E é nesse ponto que a novidade gera polêmica, pois muitos professores não gostaram da mudança. Só é considerado aprovado quem atingir um CSA. Mas um CPA ou um CRA não significam reprovação.
Um aluno que não atinja os objetivos propostos no fim do ano será aprovado para a série seguinte, na qual contará com um plano pedagógico de apoio para trabalhar os conteúdos em que apresenta deficiências no próximo ano letivo. Ele só não avançará para a série seguinte se contar com dois ou mais CPAs ou CRAs. Para muitos professores, a medida premia alunos relapsos.
_ Vai estudar física para que, se passando em biologia e química pode ser aprovado em conselho de classe? _ reclama uma professora que preferiu não ser identificada.
O vice-diretor do Colégio Cilon Rosa, Leonardo Kurtz Gonçalves, não acredita em aprovação facilitada:
_ Matemática, em que os alunos têm muita dificuldade, compõe uma área só. Se ele for mal em matemática e em outra área, reprova. Nos conselhos de classe que estamos realizando, a reprovação está em torno de 30%.
Para reduzir a repetência e evitar a evasão
Aluno do Colégio Manoel Ribas, Glauber da Silva, 17 anos, não sabe se será aprovado. Cursando o 1º ano pela terceira vez, ele enfrenta recuperação em quatro disciplinas, e acredita que, mesmo que a avaliação mude, seu sucesso está nas mãos dos professores:
_ Ano retrasado, entrei em recuperação em 10 matérias, rodei em uma. No ano passado, foram três matérias, e rodei em uma. Não quero largar o colégio, mas os professores, às vezes, nos rodam por pouco.
A nova avaliação foi criada para manter jovens como Glauber na escola. Segundo a titular da 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Celita da Silva, esse modelo valoriza os conhecimentos adquiridos pelo aluno no ano, de modo a evitar a repetência, uma das principais causas da evasão escolar.
Falta entendimento
As mudanças no modelo de avaliação pegaram muitos professores de surpresa. A maioria foi alertada por uma ordem de serviço emitida pela Secretaria de Educação no dia 5 de dezembro. Porém, segundo a CRE, a informação constava no regimento de referência de reestruturação do Ensino Médio, distribuída nas escolas em março passado.
_ Nem todo mundo leu _ conclui a coordenadora da CRE, Celita Silva.
No Colégio Cilon, nenhum pai chegou a ser informado da novidade por pura falta de tempo. Porém, a dona de casa Maione Silva, 44 anos, não pareceu espantada.
_ Mudou? Mas é cada dia uma coisa nessas escolas _ comentou, rindo.
A implantação da avaliação emancipatória no apagar das luzes do ano letivo expôs a dificuldade de entendimento entre governo e magistério quanto às transformações do Ensino Médio. Era consenso entre a categoria que elas fossem aplicadas a partir de 2013, após um amplo diálogo sobre o Ensino Politécnico. A falta desse prazo fez com que nem todas as propostas fossem desenvolvidas a contento, e cobrou esforço extra dos docentes no fim do ano letivo.
_ Ainda estamos um pouco inseguros em relação à avaliação. Mas vamos superar _ diz o vice-diretor do Cilon Rosa, Leonardo Kurtz Gonçalves.
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